UM MÊSJá faz um mês que Daniel teve que sair da Rocinha, não tem um dia que eu não sinta falta dele. Tive que ir para a consulta sozinha e isso me fez ficar triste porque, acima de tudo, eu o queria lá, mas ele mandou um recado por Luan dizendo que sentia muito, que ainda não podia voltar para a Rocinha, sendo assim não podia ir para a consulta comigo. Se fosse a Ana Luíza de seis meses atrás não entenderia e ficaria com raiva, mas essa não. Simplesmente pedi para a medica a foto do ultrassom e mandei para Luan para que ele enviasse para Daniel. Luan assim o fez, e retornou dizendo que ele ficou muito feliz e que ainda lamentava por muito não ter ido comigo. Estou a um passo de entrar no quinto mês de gestação, sabe o que isso significa? Poderemos saber o sexo dos meus nenéns, não que isso importe muito porque, o que vier, eu amarei como nunca amei ninguém. Mas deve ser mais legal conversar chamando-os pelo nome, meus apelidos para eles já acabaram. Outra coisa que vem me incomodan
Tem dois policias ao meu lado e desde que saímos eles estão fazendo perguntas sobre quem é o pai e se eu tenho alguma relação com o dono da Rocinha. Eu repito várias vezes que não e, depois de muitas pergunta, escolho ficar calada. Não consigo ver se Danilo está mesmo atrás de mim e isso me deixa nervosa. — Você pode soltar minhas mãos? Estou sentindo dor na barriga — peço. — Não — curto e grosso — Aguente! — sinto vontade de chorar. Chegamos na delegacia e logo vejo um carro branco para, dele descem Danilo, Luan e Paulo, mas só Danilo entra comigo. Vejo que ele começa a conversar com o delegado e a todo momento eles me olham, em certo momento Danilo os convence de que aquelas algemas eram demais. Eu estou grávida, além de ser uma mirrada indefesa. O delegado manda que tirem os objetos de mim e assim é feito. Na mesma da hora coloco a mão na barriga e com outra limpo meu rosto, as lágrimas caem sem controle algum.Ouço de longe que terei de passar a noite na prisão feminina enquant
Ao chegar na Rocinha vejo alguns meninos comemorando, eles conseguiram. A rocinha voltou ao domínio de Daniel e agora eu estou nervosa, assim como quando marcamos o primeiro encontro com alguém que queremos muito ver. Danilo me olha e sorri, percebo que estamos indo para a casa de Dan. Ao chegar eu desço na hora, e um dos meninos me fala que ele está lá dentro, então corro em direção a residência, abro o portão e já vejo ele na porta da sala com outro cara, eles estavam conversando, mas Daniel para assim que me vê, caminha em minha direção e eu corro em direção a ele, me jogando em seus braços assim que o alcanço. Sinto ele me apertando pela cintura e me levantando do chão. Sua boca está em meu pescoço e sinto seu hálito quente.— Eu estava morrendo de saudades! — digo quando ele me coloca no chão. Sinto suas duas mãos em meu rosto. — Você tá bem? Eles fizeram algo com você? — pergunta preocupado.— Eu estou bem e eles não fizeram nada — digo e ele me beija, um beijo cheio de saudad
Acordo com o barulho do guarda roupa, me viro e vejo Daniel vestindo uma camiseta azul. Ele está com um jeans preto, boné do Flamengo virado para trás e o cheiro do perfume dele toma de conta do quarto todo.—Que horas são? — pergunto me sentando e ele vira pra mim, olha no relógio e diz: — 05h40, volte a dormir — ele volta a atenção para o guarda roupa, o vejo pegar uma arma e colocar na cintura.— Pra onde vai assim tão cedo? — pergunto.— Tenho coisas a resolver — diz e depois de verificar o celular vem até mim e beija minha testa — Volte a dormir, vida — apenas concordo e vejo ele saindo do quarto, que Deus proteja esse homem.Acordo novamente, são 06h20 e não consigo dormir mais, então levanto, escovo meus dentes e amarro meu cabelo, visto o que está mais fácil, um short jeans e uma blusa de Daniel. É estranho estar em uma casa grande sozinha, antes tinha Danilo para encher meu saco, mas agora ele não fica aqui, se eu não me engano está na casa de sua mãe, então hoje é apenas eu
Oi pai!Já fiz cinco meses de gestação, minha barriga está grande e já posso sentir os meus pimpolhos mexendo dentro de mim. Um deles não para quieto, ele chuta quase a noite toda, mas o segundo já é mais quieto, mexe pouco... Não vou mentir, algumas vezes fico muito enjoada com as voltas que eles dão e outra chega a doer um pouco, mas realmente é a melhor sensação que eu poderia sentir em toda minha vida!Bom, comecei isso sem nem perguntar como o senhor está... Está bem? Como tem passado esses meses? Daqui a cinco dias vai fazer 16 anos que mamãe morreu e eu gostaria de saber se ainda podemos ir juntos ao cemitério como fizemos todos esses anos. Eu não quero ir lá sem o senhor, tenho certeza que ela não vai gostar muito de saber que fomos separados. Espero por uma resposta...Antes de terminar eu tenho um convite a fazer. Espero que esteja lendo ainda... Daqui a quatro dias vai ser o chá de revelação, vamos pode saber o sexo dos nenéns e gostaria muito que viesse, isso é muito impor
Desde a hora que sai de casa, eu e meu pai mal trocamos uma palavra. Quando chegamos, Dan saiu porque já teria que voltar a trabalhar, apenas me deu um selinho e tocou em minha bochecha. Será que ele consegue perceber que com ele eu sou a mulher mais feliz nessa vida? Que sua presença me deixa bem, me faz sentir nas nuvens e que conto as horas para ele voltar só para me entregar para os braços dele e senti-lo? Acho que meu pai não gostou de ver a nossa cena de despedida, fez questão de ignorar Daniel. Dan me olhou e apenas balancei a cabeça negativamente e sorri de lado.— Por que o senhor não dá uma chance pra ele? — pergunto depois de um tempo.— Quem? — meu pai se faz de desentendido. — O senhor sabe de quem estou falando. Você falou que ia tentar... — E você quer que eu faça o que, Ana Luíza? Esperava que eu apertasse a mão dele e desse os parabéns por engravidar você? Por ser um merda? — nesse momento olho para ele incrédula.— Como pode dizer isso? — digo encarando-o e ele me
DanielAcordo com um grito alto e fino, rapidamente minha mão procura desesperadamente pela mulher ao meu lado, mas não encontro. Meu corpo já tinha pulado da cama e em segundos pego minha arma dentro da cômoda, olho para a janela e o céu ainda está escuro, corro e desço as escadas, a única luz acesa é a da cozinha, fazendo com que eu fosse direto pra lá com todo cuidado. Inclinei minha cabeça levemente para ver se alguém estava na cozinha e me deparo com a seguinte cena: Ana Luíza em cima do balcão olhando com certa angústia para o chão, coloco meu corpo todo para dentro da cozinha e encaro ela fixamente.— Dan, um rato! Um rato, Daniel — diz apontando para a geladeira — Ele foi pra lá, eu tenho certeza — diz agoniada. Permaneço parado olhando para ela fixamente, logo ela me olha de volta —Você não ouviu? Tem um rato! — diz apontando para a geladeira. — Eu não acredito que você gritou desse jeito porque viu um rato... — digo e ela fica me olhando — Sabe as merdas que passaram na min
Primeira narrativa da Manu...¨¨¨¨¨ManuelaJá estava quase chegando na casa da Analu quando a vejo vindo em minha direção, paro e espero que se aproxime. Ainda estou puta da vida com aquele imbecil do Eduardo, quem ele pensa que é para falar daquele jeito comigo? — Tá tudo bem? — Analu pergunta e começamos a andar.— Não, não tá nada bem. Você acredita que o Eduardo simplesmente colocou na cabeça que eu estou dormindo com o Guga só porque viu nós dois juntos ontem?— Por que ele pensaria uma coisa dessas sobre você? — Eu não sei, estou incrédula ainda — digo — Mesmo eu falando que não era o que ele estava pensando, que encontrei o Guga por acaso e nós dois começamos a conversar, ele ficou ali me acusando. Porra, Guga e eu crescemos juntos, brincamos na rua. Fizemos parte da infância um do outro, aí só porque o lindão lá tá de rolo comigo acha que eu não posso falar com ninguém? Ele que enfie um pau no cu dele — digo e vejo Analu sorrindo — Eu estou falando sério Ana Luíza, estou co