DanDepois da conversa com minha mãe eu entendi a necessidade de espaço que uma pessoa precisa depois de se decepcionar com algo ou alguém. Pensando melhor eu percebo que não agi como deveria, nunca deveria ter gritado com Analu daquela forma e nem ter fechado a mão com força. Sou uma pessoa que sente tudo com intensidade, seja amor ou ódio. Dentro de mim tudo é dez vezes mais forte comparado com uma pessoa normal.E realmente, eu conheço Analu, sei do bom coração que ela tem e sei que nunca diria ou faria algum mal para outra pessoa, mas o por que Emily diria algo que não é verídico? Talvez Duda esteja certo, fazendo isso ela me teria apenas para ela e nada mais. Sempre soube que Emily é do tipo de pessoa que odeia dividir algo, ela costumava bater nas meninas que eu pegava nos bailes. Não só batia como também cortava os cabelos, ameaçava. Teve uma garota, a Kelly, quando Emily soube de nós dois teve um surto e foi na casa da guria, ambas brigaram feito gato e rato, fui chamado, dei
DanEntramos na favela, está silencioso e tranquilo. Podemos ver alguns moleques armados andando de um lado para o outro, alguns estão sentados fumando e outros apenas conversando. Por incrível que pareça há poucos meninos e isso é uma vantagem. Ao meu lado está Duda, meu companheiro em toda missão. Ao total trouxe 31 caras comigo.— Baiano acabou de avisar que pegou um moleque — sussurra Duda.— Faltam dois. Precisamos dar cobertura, fique ligado — digo. Estamos no alto de um morro, daqui a vista é boa e com a ajuda da mira da arma fica ainda melhor. Posso ver alguns trutas meus — Diga ao Tony que tem três a esquerda e dois descendo a direta — digo e ouço Duda passando a informação pelo o rádio.— Luan pegou o segundo cara — informa Duda e miro na direção onde Luan está. Vejo-o arrastando um cara e acabo sorrindo de lado.— Perfeito... O terceiro fica mais fácil para o Hugo. O moleque tá sozinho descendo a ladeira em direção a ele — digo e Duda passa o comando. Depois que o terceiro
AnaluAcordei cedo e aproveitei o dia de ontem para pedir folga. Hoje vou lá para o complexo passar por outra consulta. Estou ansiosa e torcendo para que meu bebezinho tenha acompanhado o irmãozinho ou irmãzinha. Tenho tomado todas as vitaminas que a doutora passou e tenho comido as coisas que ela receitou também.Vesti uma jardineira jeans com um cropped branco, meu corpo até que ficou bonito nessa roupa e tenho que dizer que estou ganhando alguns quilos. Já percebo meus peitos um pouco inchados e minhas coxas um pouco mais grossas. Sempre fui péssima em ganhar peso, mas depois da gravidez parece que estou ganhando com mais facilidade, espero que isso não prejudique meu corpo futuramente.— Quer que eu vá com você? — pergunta Gaby e pego minha bolsa junto com as malas.— Não precisa, meu bem, de lá vou resolver a questão da casa. Uma grande amiga de tia Cida tem uma casa para alugar, ela falou que se eu quiser é minha, aceitei e ela deixou a chave com Manu. Preciso ir lá assinar papé
AnaluChegamos na casa de Daniel e vou logo tirando as roupinhas da bolsa. Ele pega uma por uma e fica olhando como se fosse uma obra de arte que o maior e mais famoso pintor já tenha pintado.— Não são bonitinhos? — digo sorridente— Porque você comprou "sou da mamãe" e não comprou "sou do papai"? — diz e no momento achei a coisinha mais fofa.— Se você quer que seus filhos usem essa roupinha vai ter que comprar — digo sorrindo e ele me olha.— Vou mesmo e ainda vou comprar roupa do flamengo pra eles — diz todo convencido.— Não vai vestir isso em meus filhos não, fofo — provoco.— Eles não são só seus, eles são meus também— Quem tá carregando? Quem vai colocar para fora? Quem vai ser chamada 24 horas? Quem vai ter os bicos dos seios feridos? Quem tá sentindo dor? Que tem que tomar milhares de vacinas? Quem tá passando por mudança no corpo? — ele fica me olhando com a sobrancelha erguida — Eu, fofo, tudo isso sou eu. Você só enfiou o pinto aqui dentro, deixou e saiu... — digo e vejo
Devem ser umas 03h30 da manhã, acordei pela vigésima vez para fazer xixi. Estou saindo do banheiro quando escuto o barulho do portão como se alguém tivesse abrindo, meu coração dispara e sinto todo o nervosismo possível. Coloco minha mão na barriga e me inclino um pouco para ver a janela, a luz do poste lá fora permite que eu veja a silhueta de alguém colocando a chave na porta. Corro na ponta dos pés para cozinha e logo agarro a faca de cortar pão, me agacho por de trás do balcão.Posso ouvir claramente alguém entrando e fechado a porta, penso em mil formas de fazer alguma coisa e a primeira que me passa na cabeça é ligar para Daniel, mas deixei o celular na cama. Estou com tanto medo que sinto que posso fazer xixi a qualquer momento.— Analu? — de repente ouço a voz de Dan e meu coração parece ficar aliviado - Ana, tá em casa? — Espera um pouco. Levanto bem rápido e vejo-o dar um pulinho por conta do susto, ainda seguro a faca e dessa vez na força do ódio.— O QUE PORRA TÁ FAZENDO A
O jantar foi incrivelmente bom, jantamos em um dos restaurantes mais famosos do Rio e o senhor Pompeia foi tão gentil, assim como sua esposa. Ficamos ali conversando e confesso, eles não são como alguns ricos por aí, tem humildade e simplicidade. Saímos do restaurante, mas antes Danilo pergunta se pode me levar para um lugar no qual ele ama muito ir, falo que sim acabamos na praia. Estou segurando o salto e com os pés na água, que está tão gelada que no primeiro toque eu me arrepio toda. Danilo também tirou o sapato, mas deixou na areia, agora ele está com as mãos dentro do bolso e com o olhar distante, como se as respostas estivessem no horizonto. Faço o mesmo, me concentro além do mar, tento imaginar o que há lá e todo mistério que o oceano esconde de nós. — Vou embora daqui alguns dias — diz ele ainda olhando para frente e me viro para encará-lo.— Por que? — pergunto e vejo um sorriso de lado em seu rosto — Não pensou que eu iria morar aqui, né? — diz — Não, mas não pensei que
Nunca me senti tão idiota como estou me sentindo agora. Eu não deveria ter deixado aquele beijo ir adiante, eu deveria ter recuado ou ter dado uma de louca e ter saído correndo. Logo agora que parecia que tudo estava voltando para o lugar! Que raiva!Ainda é de madrugada, para ser exata 01h40. Não consegui dormir e nem acho que vou dormir por agora. Na mente só vejo o beijo de Danilo e a cara de ódio de Daniel. Por que merda Danilo tinha que fazer aquilo e dizer todas as aquelas coisas como se fosse natural? NÃO É NATURAL O IRMÃO ESTAR APAIXONADO PELA A MULHER QUE ESPERA OS FILHOS DO PRÓPRIO IRMÃO. Pensando agora, isso seria um bom argumento... Eu deveria ter dito isso quando eu tive chance.Rodei pela casa toda e já não tem mais para onde ir, fui para e está um deserto completo... fui no quintal, já sentei no vaso, já fiz de tudo um pouco e nada. Eu realmente preciso falar com Daniel ainda hoje ou vou ficar louca. Eu poderia ligar dizendo a ele que os filhos dele estão desejando algo
— Não me importo se matou eles ou não. Só me tira uma dúvida, agradeço agora ou depois? — diz ele e ergo minha sobrancelha. Puxo a cadeira e sento em sua frente — Pergunte o que quiser, contarei tudo! — afirma — E mesmo depois que eu contar tudo, você mude de ideia e me mate, tudo bem, eu não ligo... — Não? — pergunto e ele nega com a cabeça — Por que? — ele encara o chão, parece distante.— Porque eu não tenho coração, já não sinto porra de nada. Quando eu tinha 12 anos, estava dormindo em casa com meus pais, tava tudo normal. Havíamos nos mudado a pouco tempo por conta de problemas financeiros, eu ainda não conhecia nada e nem ninguém... E naquela noite eu acordei com um barulho alto, como se alguém tivesse chutado a porta, me levantei, mas não sai do quarto até ouvir meu pai gritar mandando alguém sair da nossa casa e logo em seguida minha mãe gritou bem alto. Eu corri para o quarto deles e vi meu pai sendo chutado por três caras enquanto Pazzo tentava agarrar minha mãe, ele batia