Lucas ficou com receio de que todo aquele conflito tivesse me magoado, decidindo então reservar momentos exclusivos para nós dois. Me levava para jantares, drinks e diversão, ocasiões em que minha loba interior não só se alegrava como ganhava vigor. Ele sempre se preocupava se eu ficaria triste.Apertando seus ombros musculosos contra meu peito, murmurei:— Tristeza não, mas confesso que dói ter dedicado anos a quem não valia nem o pó das minhas sandálias. Seus braços me envolveram num abraço protetor, lábios pressionando minha testa, e disse:— Não se preocupe. Estou aqui agora, e vou garantir que todos os seus dias sejam cheios de felicidade. Nos entregamos a um beijo intenso, tão ardente que senti as reações físicas dele despertando. Contudo, interrompeu o movimento, retirando a mão que já explorava minha intimidade sob o tecido.— Querida, quando chegar nossa noite perfeita... — Respirou fundo, voz rouca de promessas. — Vou esculpir cada segundo desse amor em seu corpo. Eu core
Após o matrimônio oficial entre mim e Lucas, Leo jamais deu sossego. Travou violentas disputas com a alcateia Garra Prateada, decidindo enfim abandonar a tribo para fundar a própria. Insistia em proclamar que um dia derrotaria meu marido e me reconquistaria. Contudo, sendo medíocre em habilidades e desprovido dos recursos da antiga alcateia, se revelou incapaz de estabelecer uma nova comunidade lupina digna desse nome.Enquanto isso, Lucas, agora meu consorte, voltou toda sua atenção para os assuntos do país. Valendo-se dos vastos recursos acumulados no exterior, se consolidou rapidamente na hierarquia da Garra Prateada. Aliando minha linhagem alfa à sua astúcia, conduziu nossa alcateia ao ápice do poder entre os clãs.Numa tarde tranquila, lhe lancei a pergunta que me assombrava: — E se nunca tivesse me conquistado? O que seria de você?Seus olhos dourados se turvaram com tristeza delicada antes de responder: — Minha Luna, me permita contar uma história. Há dez anos, retornei à alca
O festival da Lua Cheia, o principal festival anual da alcateia, iniciou no dia seguinte ao anúncio do casamento arranjado.Sob a luz prateada do luar, se erguia o palco das celebrações. No centro da imensa plataforma de pedra, se dispunham os cálices de vinho e as oferendas à Deusa Lunar. Atrás do palco, se erguia uma roda-gigante monumental que lançava sombras dançantes sobre a multidão.Num canto mais afastado, Leo se apoiava com preguiça no tronco nodoso de uma árvore centenária. Segurava com desleixo um cálice prateado, se vangloriando das proezas de caça para o grupo de amigos. Foi Blake, seu amigo, quem primeiro me avistou quando adentrei o salão.— Ó Leo, sua sombra voltou a te perseguir! — Blake exclamou com risada debochada, fazendo os lobisomens circunstantes se contorcerem de gargalhadas. — E pensar que já estão prometidos, mas ela insiste em te seguir como filhote perdido!Ao se virar para me encarar, seus olhos transbordavam uma impaciência cortante.— Tão ansiosa para su
Leo e Valentina reapareceram de mãos dadas, caminhando lentamente em direção ao centro da celebração. Os lábios de Valentina estavam vermelhos e inchados, enquanto no pescoço de Leo se viam marcas de beijos bem evidentes. Todos os presentes viraram para me encarar, olhares cheios de ironia, ávidos por minha reação.Antes, qualquer mulher que se aproximasse de Leo seria motivo para eu armar um drama, exigindo atenção exclusiva.Dessa vez, contudo, continuei imóvel no meu canto, mastigando minha torta de morango e os observando em silenciosa indiferença. Leo se colocou à frente de Valentina como proteção. E por um breve instante nossos olhares se cruzaram. Percebi um lampejo de perplexidade em sua expressão, que logo se transformou num sorriso glacial. — Parece que finalmente aprendeu a ficar quietinha. Pelo menos não está fazendo cena como de costume. — Comentou ele, com desprezo.Me mantive o silêncio. Terminei o doce com calma e me preparei para ir embora.Todos os anos durant
Valentina também havia reencarnado. Não era de se estranhar. Afinal, na vida anterior ela e Leo pareciam não ter nenhum vínculo, mas agora, em questão de dias, já agiam abertamente como casal, vivendo todos os gestos e carinhos típicos de relacionamento. Parecia que ambos já haviam percebido a reencarnação e estavam determinados a aproveitar essa chance para continuar o que não conseguiram concluir na existência passada. Fechei os olhos e permiti que as memórias da vida anterior dominassem minha mente. Naquela época, eu estava radiante ao me casar com Leo, acreditando de forma ingênua que encontraria a felicidade. Com nossa aliança matrimonial, a família de Leo atraiu numerosos estrangeiros que vieram se aliar ao nosso clã. Eu acompanhava Leo constantemente, e juntos recebíamos diversas propostas comerciais. Assim, a alcateia Garra Prateada se ascendeu rapidamente e se tornou a mais próspera entre os lobisomens. Os anciãos da alcateia Garra Prateada sempre afirmavam que eu
Eu observava o creme que permanecia em minha palma. Enxuguei as lágrimas com determinação. Que desperdício todo o empenho dedicado àquela preparação. Contudo, foi através do desastre com o bolo que finalmente pude enxergar com clareza o verdadeiro caráter dessa pessoa. O jantar formal com Lucas ocorreria naquela noite, e era crucial estabelecer uma imagem positiva em nosso primeiro encontro.Após recuperar a compostura e reorganizar meus pensamentos, me dirigi ao estacionamento. À distância, avistei um veículo em movimento suspeito. À medida que me aproximava, reconheci o carro esportivo de Leo. A janela do motorista se encontrava entreaberta, revelando Leo em intenso abraço com Valentina. Seus olhos apresentavam um brilho vítreo, entremeado por gemidos suaves, enquanto seus corpos executavam movimentos rítmicos ascendentes e descendentes.Embora consciente da ausência de amor por parte de Leo, a cena repentina provocou uma contração involuntária em meu peito, como reação fisiológ
Após tantos anos sem nos encontrarmos, Lucas demonstrava uma maturidade muito além daquela que guardava em minhas memórias. Seus movimentos exalavam uma nobreza natural que capturava inevitavelmente a atenção de todos.A plateia se ergueu em uníssono assim que ele adentrou o recinto.Nos últimos anos, Lucas consolidava impérios comerciais além-mar, se transformando em figura de notório prestígio. Até mesmo o armamento pesado da alcateia Garra Prateada foi financiado com seus recursos.Enquanto os olhares da assembleia gravitavam em sua direção, seus olhos se travaram nos meus.Ao divisar Leo próximo a mim, um lampejo de desapontamento pairou brevemente em suas feições.Eu estava prestes a articular uma explicação quando Leo, atendendo uma chamada abrupta, anunciou necessidade de se ausentar para receber alguém.Com discreto constrangimento, me voltei para Lucas, que em movimento fluido ocupou o assento recém-desocupado ao meu lado.— Imagino que a espera tenha aguçado o apetite de todo
Leo mantinha uma expressão descontraída, embora ainda confuso.— Também vai ter casamento do tio Lucas? Que ótimo! Dá para gente juntar as cerimônias! A alcateia Garra Prateada merece uma celebração à altura!Guilherme franziu a testa, visivelmente irritado.— Do que você está falando? Não vai ter nada combinado! Sua hora de casar ainda nem chegou! Quem vai se casar é seu tio Lucas com a Arya! Pare de inventar moda! — Erguendo o copo em minha direção com alívio, Guilherme completou. — Até pensei que nunca veria meu irmão dando o sim! Arya, esse brinde é todo seu!Foi quando o entendimento atingiu Leo como um choque. Paralisou no lugar, a voz falhando:— Pai... o senhor disse que quem se vai casar?Antes que Guilherme respondesse, Lucas colocou minha mão sobre a mesa com firmeza, encarando o sobrinho.— O casamento será entre mim e a Arya.— Impossível! Absolutamente impossível! — Leo se ergueu de repente, o rosto desfigurado pela incredulidade.— Insolente! Está passando dos limites! Q