Capítulo 4
Eu observava o creme que permanecia em minha palma.

Enxuguei as lágrimas com determinação. Que desperdício todo o empenho dedicado àquela preparação.

Contudo, foi através do desastre com o bolo que finalmente pude enxergar com clareza o verdadeiro caráter dessa pessoa.

O jantar formal com Lucas ocorreria naquela noite, e era crucial estabelecer uma imagem positiva em nosso primeiro encontro.

Após recuperar a compostura e reorganizar meus pensamentos, me dirigi ao estacionamento.

À distância, avistei um veículo em movimento suspeito. À medida que me aproximava, reconheci o carro esportivo de Leo.

A janela do motorista se encontrava entreaberta, revelando Leo em intenso abraço com Valentina. Seus olhos apresentavam um brilho vítreo, entremeado por gemidos suaves, enquanto seus corpos executavam movimentos rítmicos ascendentes e descendentes.

Embora consciente da ausência de amor por parte de Leo, a cena repentina provocou uma contração involuntária em meu peito, como reação fisiológica imediata.

Leo abriu os olhos subitamente, estabelecendo contato visual direto. Um breve lampejo de surpresa em seu rosto rapidamente deu lugar à habitual expressão de arrogância. Com gesto calculado, afastou os cabelos de Valentina e a beijou com intensidade proposital, evidente tentativa de provocação.

A sinfonia de gemidos se amplificou, ecoando pelo espaço subterrâneo. Minha loba interior rugia de indignação, compartilhando a humilhação de testemunhar tamanha falta de decoro.

Contive a fera interna com esforço, oxigenei meus pulmões profundamente, e busquei meu próprio veículo rumo à mansão da alcateia Garra Prateada.

Durante o trajeto, me detive para adquirir a gravata destinada a Lucas.

Ao chegar à propriedade, constatei a coincidência temporal de nossa chegada. Leo abria sua porta, revelando no interior do veículo múltiplos preservativos utilizados. O aroma característico de relações recentes impregnava o ar, como testemunha silenciosa de atividades prévias.

Apesar do evidente desconforto inicial, seu olhar reacendeu em arrogância ao notar a embalagem que portava. Acreditava, equivocado, manter controle sobre minhas ações.

— Outra oferenda para mim? Permita que avalie. — Disse ele, arrogante.

Antecipando seu movimento, ocultei rapidamente o pacote atrás das costas.

— Não se destina a você!

Sua risada ecoou carregada de desprezo, acompanhada por nuvem de fumaça expelida com afetação.

— Você testemunhou tudo no estacionamento, não foi? Conheço sua dependência emocional como ninguém. Você não consegue viver sem mim. Reafirmo: o casamento será seu, mas a marcação vitalícia pertencerá à Valentina. Na essência, ela é a verdadeira parte lesada nesse contexto. Ela vai assumir como minha esposa legítima, e é natural que haja intimidade entre nós. Quanto ao quarto conjugal? Ela vai fazer uso regular do espaço. Adapte-se aos fatos. Tudo isso faço para seu próprio bem, está claro?

Mesmo ciente da nulidade de nosso compromisso, sua audácia em expor detalhes íntimos ultrapassava expectativas.

Ao girar para me retirar, seu aperto interrompeu meu movimento.

— Lucas, meu tio, também vai estar presente. A alcateia Garra Prateada depende muito de sua influência, portanto o jantar será extremamente cerimonioso. Estou cumprindo minha parte, mas se os parentes questionarem sobre a marcação, declare que já foi realizada. Quanto à Valentina... Como você feriu ela hoje à tarde, após o jantar deve apresentar desculpas formais. Caso contrário, até a oficialização do matrimônio, me reservo o direito de reconsiderar a qualquer instante!

Adentrou prioritariamente, ocupando posição de destaque na mesa familiar.

Expirei profundamente. Breve seria a revelação de meu verdadeiro consorte.

No interior do salão, Lucas ainda não comparecia, porém demais parentes já ocupavam lugares. Evitando contato visual, elegi assento remoto, reservando espaço adjacente para Lucas.

A presença deslocada desencadeou imediata reação de Leo, que se reposicionou ao meu lado com irritação.

— Sua teimosia se torna insuportável. Designei lugar apropriado para você.

Tentei comunicar através da expressão facial a destinação do assento, porém a abertura abrupta da porta interrompeu a cena.

Uma silhueta imponente adentrou: Lucas envolto em casaco de pele de lobo prateado e botas militares, avançando com passos resolutos em direção à mesa.
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