As cores delicadas nos tons de verdes traziam uma sensação de tranquilidade e aconchego no ambiente com móveis de madeira no consultório de ginecologia e obstetrícia. Jenny olhou para uma das paredes no canto onde a luz ampliava a sensação de segurança e valorizava a decoração. Ela ajeitou um dos quadros com aquarela em cores quentes de algumas borboletas que voavam em volta de uma gestante e se afastou para avaliar. As batidas na porta tiraram sua concentração. ― Entre! ― Ajeitou o jaleco branco. ― Com licença! ― Franziu o cenho ao mirar os olhos de Jenny. ― Precisamos conversar. O homem com a postura intimidadora se empertigou ao atravessar a porta. ― Tenho alguns minutos antes da Nicky chegar para consulta. A obstetra seguiu até o outro lado e acomodou-se em uma cadeira confortável de madeira com couro sintético bege. ― Sente-se! ― Jenny indicou a cadeira com a mão direita. Alexander tirou o bilhete do bolso, abriu os dois botões do blazer azul-escuro e sentou-se. A feição s
Apesar de saber como era criar uma menina, já que Alexander cuidou da filha adotiva, ele nunca experimentou aquela sensação de tocar e conversar com um pequeno ser que crescia no ventre. Não ocultava o riso todas as vezes que a barriga de Nicole se mexia. ― Eu amo você, princesa! ― Beijou a parte onde a nenê se mexia. ― Obrigada! ― Deu um sorriso grato ao vislumbrar o rosto sereno de Nicole. Puxou a blusa e cobriu-lhe a barriga antes de encostar os lábios na testa de Nicole. Esfregou o nariz contra o dela e a beijou no rosto. ― Vem! ― Segurou-a pela mão. O peito se expandia na blusa de linho preta até os ombros largos. Com delicadeza, ajudou-a a descer da cama e não conteve a vontade de abraçá-la.
Rio de Janeiro. 31 de outubro de 2010. No final de outubro, embora fosse primavera no Brasil, uma chuva forte desabava sobre a cidade maravilhosa. Da janela, Sophie observava os carros que passavam na avenida em frente ao hospital São Miguel, na Zona Sul do Rio. ― Doutora Sophie. ― Uma bela moça comprida e esguia entrou na sala após bater. ― O doutor Garcia está aguardando na sala de espera. ― Peça a ele que entre! Sophie ajeitou o tailleur azul-turquesa sobre a saia envelope preta e sentou na cadeira com estofado vermelho em capitonê. ― Com licença! ― O pediatra passou pela porta. ― Sente-se! ― Ordenou Sophie ao
Rio de Janeiro. Novembro de 2015. Os punhos estavam fechados sobre a mesa enquanto Alexander ouvia o relato do médico. Tinha uma expressão sombria no rosto com o queixo marcado que por um momento intimidou o médico. ― Há quase um ano eu sou diretor-executivo deste hospital ― interrompeu a voz grave ―, por que você não me procurou antes, doutor Garcia? ― Eu estava morando em Portugal ― repousou o braço sobre a barriga saliente. ― Eu voltei para visitar o meu neto que acabou de nascer e, por coincidência, descobri que você estava aqui. Esperei a manhã toda para lhe contar toda a verdade. ― Eu agradeço a sua boa intenção, mas isso não justifica o seu erro ― reclamou em tom desafiador. ― Você deveria denunciá-la. <
A luz do luar banhava o quarto quando Alexander começou a tocá-la. Os lábios passeavam por cada curva da pele sedosa. As mãos traçaram o caminho da barriga até os seios, massagearam e puxaram o bico do mamilo com o polegar. ― Por favor, tome cuidado! ― Ela alisou a barriga. ― Confie em mim! Imóvel, ele esperou até que Nicole se acostumasse a tê-lo tão perto do seu novo corpo. — Nicky, vem aqui! ― ordenou de mansinho. Ele virou-a de costas e puxou a camisola branca por cima dos ombros. Incentivou a olhar o próprio corpo enquanto as mãos compridas apreciavam cada centímetro de suas curvas. ― Todo esse tempo que estivemos separados, eu te desejei ―
No dia seguinte, Nicole mexeu-se preguiçosamente, esticou os braços e abriu os olhos ao sentir o vazio ao seu lado. Puxou o lençol até a altura dos seios e verificou a hora pouco antes de Alexander abrir a porta e entrar no quarto com uma bandeja de plástico retangular vermelha. ― Bom dia, meu anjo! ― Fechou a porta. ― Bom dia! ― Ajeitou as costas contra o travesseiro. ― O Alex já acordou? ― Não! Hoje é feriado, deixa ele dormir mais um pouco. Alexander usava apenas a calça e exibia orgulhoso a boa forma. Ele sentou-se na cama e colocou a mesa sobre o colo. ― Não tinha muita coisa, você tem de fazer compras. ― Mais tarde eu vou entregar algumas encomendas de crochê para uma loja e receber o pagamento. ― Você não precisa fazer isso ― retrucou a voz fria. ― Eu vou pedir a Annie que transfira o dinheiro para a sua conta. ― Não quero, Alexander! ― Nicky, você está grávida e temos um filho pequeno ― disse entre dente
Alexander colocou as malas no carro e preferiu esperar em frente ao automóvel estacionado em frente ao portão. Descruzou os braços ao ver o filho se aproximar. A criança usava uma das blusas do seu herói favorito e uma bermuda combinando. Alex entregou a mochila ao pai e correu direto para o carro.Antes de sair de casa, Nicole pegou a bolsa e trancou a porta. A barriga avolumava o tecido do vestido floral amarelo com trespasse.— Você está linda! — Abriu a porta do carro sem desviar o olhar.— Obrigada! ― Nicole fechou a expressão, formando um pequeno v na testa.Alexander encaminhou-se até o outro lado do veículo e entrou. Selecionou a música "Back to one" de Bryan Mcknight, no ipod e apertou o play. Pareceu satisfeito ao vê-la esboçar um meio sorriso enquanto a música tocava.Alex usava um fone de ouvido acolchoado, estava no banco de trás distraído em seu jogo favorito no tablet. Por vezes, ele encarava o pai pelo retro
Apesar de manter uma decoração retrô mais parecida com a dos quadrinhos, antes que o filho chegasse, Alexander providenciou algumas alterações e pediu ao decorador que deixasse o quarto com um ar mais infantil. Alex arregalou os olhos assim que viu o papel de parede. Tinha alguns prédios que remetiam à cidade de Gotham City e formavam uma paisagem. — Olha, tia Rosa, essa é minha caverna. — Apontou para o letreiro com os dizeres Alex's cave. Os toques lúdicos na decoração traziam as cores principais do personagem no papel de parede. — Isso é fantástico! — Ela piscou enquanto abria as cortinas da porta de correr que dava para varanda. — Seu pai sempre gostou do Batman. Alexander encostou-se no vão da porta aberta, o