Rio de Janeiro.
Novembro de 2015.
Os punhos estavam fechados sobre a mesa enquanto Alexander ouvia o relato do médico. Tinha uma expressão sombria no rosto com o queixo marcado que por um momento intimidou o médico.
― Há quase um ano eu sou diretor-executivo deste hospital ― interrompeu a voz grave ―, por que você não me procurou antes, doutor Garcia?
― Eu estava morando em Portugal ― repousou o braço sobre a barriga saliente. ― Eu voltei para visitar o meu neto que acabou de nascer e, por coincidência, descobri que você estava aqui. Esperei a manhã toda para lhe contar toda a verdade.
― Eu agradeço a sua boa intenção, mas isso não justifica o seu erro ― reclamou em tom desafiador. ― Você deveria denunciá-la.
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A luz do luar banhava o quarto quando Alexander começou a tocá-la. Os lábios passeavam por cada curva da pele sedosa. As mãos traçaram o caminho da barriga até os seios, massagearam e puxaram o bico do mamilo com o polegar. ― Por favor, tome cuidado! ― Ela alisou a barriga. ― Confie em mim! Imóvel, ele esperou até que Nicole se acostumasse a tê-lo tão perto do seu novo corpo. — Nicky, vem aqui! ― ordenou de mansinho. Ele virou-a de costas e puxou a camisola branca por cima dos ombros. Incentivou a olhar o próprio corpo enquanto as mãos compridas apreciavam cada centímetro de suas curvas. ― Todo esse tempo que estivemos separados, eu te desejei ―
No dia seguinte, Nicole mexeu-se preguiçosamente, esticou os braços e abriu os olhos ao sentir o vazio ao seu lado. Puxou o lençol até a altura dos seios e verificou a hora pouco antes de Alexander abrir a porta e entrar no quarto com uma bandeja de plástico retangular vermelha. ― Bom dia, meu anjo! ― Fechou a porta. ― Bom dia! ― Ajeitou as costas contra o travesseiro. ― O Alex já acordou? ― Não! Hoje é feriado, deixa ele dormir mais um pouco. Alexander usava apenas a calça e exibia orgulhoso a boa forma. Ele sentou-se na cama e colocou a mesa sobre o colo. ― Não tinha muita coisa, você tem de fazer compras. ― Mais tarde eu vou entregar algumas encomendas de crochê para uma loja e receber o pagamento. ― Você não precisa fazer isso ― retrucou a voz fria. ― Eu vou pedir a Annie que transfira o dinheiro para a sua conta. ― Não quero, Alexander! ― Nicky, você está grávida e temos um filho pequeno ― disse entre dente
Alexander colocou as malas no carro e preferiu esperar em frente ao automóvel estacionado em frente ao portão. Descruzou os braços ao ver o filho se aproximar. A criança usava uma das blusas do seu herói favorito e uma bermuda combinando. Alex entregou a mochila ao pai e correu direto para o carro.Antes de sair de casa, Nicole pegou a bolsa e trancou a porta. A barriga avolumava o tecido do vestido floral amarelo com trespasse.— Você está linda! — Abriu a porta do carro sem desviar o olhar.— Obrigada! ― Nicole fechou a expressão, formando um pequeno v na testa.Alexander encaminhou-se até o outro lado do veículo e entrou. Selecionou a música "Back to one" de Bryan Mcknight, no ipod e apertou o play. Pareceu satisfeito ao vê-la esboçar um meio sorriso enquanto a música tocava.Alex usava um fone de ouvido acolchoado, estava no banco de trás distraído em seu jogo favorito no tablet. Por vezes, ele encarava o pai pelo retro
Apesar de manter uma decoração retrô mais parecida com a dos quadrinhos, antes que o filho chegasse, Alexander providenciou algumas alterações e pediu ao decorador que deixasse o quarto com um ar mais infantil. Alex arregalou os olhos assim que viu o papel de parede. Tinha alguns prédios que remetiam à cidade de Gotham City e formavam uma paisagem. — Olha, tia Rosa, essa é minha caverna. — Apontou para o letreiro com os dizeres Alex's cave. Os toques lúdicos na decoração traziam as cores principais do personagem no papel de parede. — Isso é fantástico! — Ela piscou enquanto abria as cortinas da porta de correr que dava para varanda. — Seu pai sempre gostou do Batman. Alexander encostou-se no vão da porta aberta, o
Após o agradável fim de semana, Nicole acompanhou Alexander até o hospital onde faria mais uma consulta pré-natal. Deixou o filho com Lana, com quem trocou amenidades e explicou sobre as tarefas de casa que o menino deveria realizar naquele dia. Ela seguiu para o consultório de Jenny pouco antes de se despedir de Alexander, que foi direto para uma reunião com dois sócios que o aguardavam. Durante a consulta, Nicole não se pronunciou sobre o que Alexander contou alguns dias antes. Não conteve a lágrima ao ouvir os batimentos cardíacos da filha e se emocionou por saber que Jullianne se desenvolvia como o esperado. Depois de se despedir da obstetra, Nicole seguiu pelos corredores até o departamento pessoal da empresa, já que não assinou os papéis da demissão, ela aproveitou o momento para se d
Havia uma barreira que matinha Nicole longe daquele homem que a chamava de filha. Um turbilhão de sentimentos embaralhou-lhe a mente. Ela queria saber os motivos que levaram Henry a abandonar sua mãe, mas as palavras não fluíam. Uma sensação de perda, dor e tristeza se misturava com a revolta e a indignação. Se ao menos ele oferecesse o devido apoio, talvez a mãe de Nicole não teria partido tão cedo. Ela recuou e deu de cara com o peitoral de Alexander que se empertigou feito um guardião feroz que era capaz de tudo para proteger a família. ― Você está bem? ― Levantou-lhe o queixo com indicador. Nicole assentiu com a cabeça quando ele a abraçou. Encostou o rosto próximo ao pescoço de Alexander. ― Meu anjo, vai para casa e descansa um pouco ― Beijou o topo da cab
Pouco antes do sol nascer, Nicole abriu os olhos e se sentou no colchão encardido. Abraçou o travesseiro contra a barriga e olhou em volta. A persiana fechada bloqueava a entrada da luz. Levou a mão à nuca e gemeu baixinho ao sentir um pequeno inchaço. Tudo o que ela lembrava era que saiu do hospital São Miguel às pressas, pegou o táxi e seguiu ao local marcado para se encontrar com a tia. Nicole levantou-se com certa dificuldade e foi até a porta em passos lentos. A ansiedade e o medo assombravam a sua mente. Ela chegou mais perto e tocou na maçaneta, girou desesperadamente e puxou diversas vezes. ― Me deixa sair daqui! ― berrou. ― Por favor, eu estou grávida. ― Me soltem. ― Fecha essa matraca, madame! ― A voz masculina ordenou.
No quarto da nova casa, Alexander andava de um lado para o outro no ambiente com espaço amplo. Os tons de bege e branco predominavam desde o carpete até as cortinas e o revestimento de papel de parede do jeito que ele e a esposa planejaram alguns meses antes da separação. Suspirou pesado ao lembrar dos gritos de Nicole do outro lado da linha que o deixaram nervoso. Ele lançou o celular que se espatifou em pedaços ao se chocar contra o chão. Andou até uma cadeira perto da escrivaninha onde sentou com o rosto enterrado contra as mãos. As batidas fracas na porta o irritavam profundamente, não queria ver ou falar com ninguém que não lhe trouxesse notícias sobre Nicole. O olhar tenebroso mirou na porta que se abria devagar. ― Doutor Alexander! ― A governanta ficou para na porta. Último capítulo