Havia uma barreira que matinha Nicole longe daquele homem que a chamava de filha. Um turbilhão de sentimentos embaralhou-lhe a mente. Ela queria saber os motivos que levaram Henry a abandonar sua mãe, mas as palavras não fluíam.
Uma sensação de perda, dor e tristeza se misturava com a revolta e a indignação. Se ao menos ele oferecesse o devido apoio, talvez a mãe de Nicole não teria partido tão cedo. Ela recuou e deu de cara com o peitoral de Alexander que se empertigou feito um guardião feroz que era capaz de tudo para proteger a família.
― Você está bem? ― Levantou-lhe o queixo com indicador.
Nicole assentiu com a cabeça quando ele a abraçou. Encostou o rosto próximo ao pescoço de Alexander.
― Meu anjo, vai para casa e descansa um pouco ― Beijou o topo da cab
Pouco antes do sol nascer, Nicole abriu os olhos e se sentou no colchão encardido. Abraçou o travesseiro contra a barriga e olhou em volta. A persiana fechada bloqueava a entrada da luz. Levou a mão à nuca e gemeu baixinho ao sentir um pequeno inchaço. Tudo o que ela lembrava era que saiu do hospital São Miguel às pressas, pegou o táxi e seguiu ao local marcado para se encontrar com a tia. Nicole levantou-se com certa dificuldade e foi até a porta em passos lentos. A ansiedade e o medo assombravam a sua mente. Ela chegou mais perto e tocou na maçaneta, girou desesperadamente e puxou diversas vezes. ― Me deixa sair daqui! ― berrou. ― Por favor, eu estou grávida. ― Me soltem. ― Fecha essa matraca, madame! ― A voz masculina ordenou.
No quarto da nova casa, Alexander andava de um lado para o outro no ambiente com espaço amplo. Os tons de bege e branco predominavam desde o carpete até as cortinas e o revestimento de papel de parede do jeito que ele e a esposa planejaram alguns meses antes da separação. Suspirou pesado ao lembrar dos gritos de Nicole do outro lado da linha que o deixaram nervoso. Ele lançou o celular que se espatifou em pedaços ao se chocar contra o chão. Andou até uma cadeira perto da escrivaninha onde sentou com o rosto enterrado contra as mãos. As batidas fracas na porta o irritavam profundamente, não queria ver ou falar com ninguém que não lhe trouxesse notícias sobre Nicole. O olhar tenebroso mirou na porta que se abria devagar. ― Doutor Alexander! ― A governanta ficou para na porta. Poucas horas antes do tiroteio, Nicole sentiu as mãos magras que a sacudiram pelos ombros. Ela se mexeu e olhou dentro dos olhos castanhos da mulher pálida com rugas no canto dos olhos. A senhora de meia-idade segurou Nicole pela mão e a ajudou a se levantar. ― Vem, madame! Vamos aproveitar que o Zé saiu. ― Para onde vamos? Nicole gemeu baixinho e colocou a mão na frente dos olhos para proteger da luz solar quando chegaram a uma porta de madeira com a parte debaixo danificada. ― Nós vamos atravessar aquele matagal. ― Deram alguns passos por uma viela estreita até chegar ao meio do mato. ― Cuidado com os buracos. ― Por que a senhora está me ajudando? ― A mulhCapítulo 20
Alexander ajeitou os óculos e colocou a mão no volante enquanto espiava a esposa pelo retrovisor. Seguia por uma rua engarrafada quando decidiu falar. ― Tudo bem? ― Fitou Nicole. ― Sim! ― balbuciou. ― Só estou um pouco cansada. Durante o percurso pela Estrada do Joá, Nicole encostou a cabeça no banco carona de três lugares com estofado luxuoso no veículo prata. Evitou contato com o pai que estava ao lado de Alexander e cerrou os olhos. Embora Henry soubesse que a filha ainda estava magoada, ele sentiu-se grato por ver que Nicole estava fora de perigo. Pousou a mão sobre a barriga estufada. O automóvel se aproximava da casa com uma vista de tirar o fôlego. O bairro tinha algumas casas, em sua maioria em condomínios fechad
Fazer amor é como um ritual de satisfação em que o tempo não deve ser contado. Ela se entregou a uma onda de sensações que emanava do toque dos dedos esguios em cada curva do seu corpo. ― Eu quero você, Alexander! ― sussurrou. — Paciência, meu amor, eu ainda não terminei de te dar banho. Contornou a auréola dos mamilos com a ponta da língua e sugou com sofreguidão. Prendeu com mais força os bicos entre os lábios, escorregou a mão até encontrar a parte quente e sensível por entre as coxas. A pele ardia de paixão e desejo com os lábios que sugava o outro seio. Precisava senti-lo na musculatura rija que clamava para se unir a ele. Queria mais dele. Por entre beijos e carícias ávidas, Alexander percorreu o c
No dia seguinte, Nicole levantou bem cedo, saiu da cama devagar para não acordar Alexander e foi para o banho. Como aquela manhã parecia mais quente, ela optou por um vestido de alças finas de viscose, um pouco mais solto na cintura. Fez uma trança lateral e deixou alguns fios caírem ao lado do rosto. Após ajudar Alex a se preparar para escola. Foi até a cozinha e preparou o lanche enquanto o filho comia o cereal e bebia suco de manga. O menino parecia mais animado do que na noite anterior. O aroma de lavanda e os móveis brancos desgastados a lembraram das vezes em que confessou a Alexander sobre como seria a cozinha. Ele mandou reformar do jeito que ela queria. Nicole acomodou-se na cadeira e fitou o pão francês, ficou quieta por um momento e engoliu em seco. ― Mãe! ― A criança despertou-a do devaneio. ― E
Nicole andava de um lado para o outro no quarto como se fosse um animal enjaulado. Ela esticou a mão até a escrivaninha logo que a visão ficou turva. ― Nicky, você está bem? Ele atravessou a porta do quarto em passos largos e chegou mais perto. Apoiou a mão nas costas de Nicole ― Sente alguma dor? ― Estou bem, Alexander! ― Abriu os olhos e tentou se endireitar. ― Só quero ficar sozinha. ― Para você ir embora de novo? Ela olhou com uma cara feia para Alexander, mesmo que ele não acreditasse, aquela foi uma das piores decisões que já tomou na vida. ― Toda vez que você vai embora ― ele venceu o nó
Com uma fisionomia inescrutável, Alexander observava a mulher que exibia toda a sua sensualidade. ― Entre, mon coeur! ― Esboçou um sorriso bem alinhado. Levantou do sofá e pegou a taça de vinho branco. ― Sente-se! Fez um gesto para a poltrona de estofado bege e ofereceu a taça. ― Onde está a Marcelly? ― Ela foi passear no parque com o avô. ― Por que você não me avisou? ― Estou com pressa, Josephiné! ― Rejeitou a bebida. Virou o rosto para o outro lado quando ela chegou mais perto e tentou beijá-lo. Tentou se convencer de que ela não era atraente. Precisava resistir ao fruto proibido. Último capítulo