A madrugada parecia mais fria, em sua calma escuridão, Alexander virou para o outro lado da cama e recordou dos bons momentos que viveu ao lado de Sophie.
Levantou da cama na forma como veio ao mundo e foi direto para o banheiro. Abriu o chuveiro e entrou debaixo da água morna.
Os braços estavam apoiados na parede do box e a cabeça baixa, a água se misturava às lágrimas.
Colocou um terno microfibra italiano, após o banho. Fechou os dois botões do blazer que sobrepunha uma camisa social preta e em seguida calçou o sapato de couro sintético.
Os óculos não disfarçavam a dor no olhar fundo, mas ele pareceu não se importar com o reflexo no espelho. Alexander saiu do quarto e caminhou pelo amplo corredor com carpete vermelho até a escada. Em cada degrau que pisava, a
Na sala de refeições, Jenny trouxe louças e talheres. Entregou uma pilha com pratos de porcelana para a amiga e segurou um dos pratos que quase caiu. Observou Nicole enquanto colocava a mesa. ― Você está tensa! Deixa, eu termino de arrumar. Nicole aproximou-se da janela. Espiou o pai que brincava com o filho e um cão da raça labrador, que Jenny e Lana adotaram. ― Vocês conversaram? Jenny olhou para a amiga que mais parecia uma estátua. ― Um pouco! Falamos sobre o trabalho dele, sobre as viagens que ele fez e sobre o Alex. ― Por que você está nervosa? Tenho certeza que ele não roubará o Alex de você. ― Meu filho não desgrud
Em uma sala reservada, a família Bittencourt aguardava a leitura do testamento. Ricardo e esposa sentaram na cadeira do lado esquerdo. Todos estavam apreensivos, não sabiam com quem estava o testamento. Do outro lado, Alexander verificou a hora no Rolex em aço e voltou a atenção para a porta que se abria. Tinha uma expressão de desagrado ao perceber que Nicole não apareceria. ― Jenny, onde está a Nicky? ― Oi, Alexander! Bom dia! ― Avaliou a sala com calma antes de responder. ― Ela não quis vir. ― O advogado disse que ela deveria participar. ― Ela tinha algumas coisas para resolver no trabalho antes de tirar férias e daqui a pouco ela pegará o Alex na escola. Sabe como ela é com os horários! No caminho até a escola, Nicole se ajeitou no banco e reparou na forma como Alexander encostou o cotovelo ao volante e tocou no lábio inferior. Atento ao semáforo, ele apoiou o queixo com covinha vertical nos dedos longos, olhou de soslaio e esboçou um sorriso sedutor ao vê-la tocar nos cabelos e expor o pulso enfeitado por uma pulseira fina com um pingente de coração. ― Tudo bem? ― Sim! ― Não se preocupe, chegaremos a tempo. Ela cruzou as pernas, sentiu o corpo que contraia sob o olhar dele. Inclinou a cabeça para trás e encostou-se no banco, os seus pensamentos vagavam. Aquele homem à sua frente parecia bem mais maduro e decidido, estava certa que ele só a desejava por uma, talvez até duas noites… tinha cerCapítulo 8
Após o banho, Nicole arrumou algumas peças de roupa no armário. Esboçava um sorriso sempre que escutava as gargalhadas do filho no quarto ao lado. Ela sabia que não poderia evitar essa aproximação. ― Nicky! ― O tom grave surgiu após algumas batidas na porta. ― Posso entrar? ― Entre! Nicole caminhou até a janela colonial de madeira e abriu a cortina assim que Alexander passou pela porta. ― Você já vai? ― Não! Eu pedi uma pizza, espero que não se importe. ― Meu filho e eu não comemos pizza durante a semana. ― Ele é nosso filho, Nicky! ― Os lábios pressionaram em uma linha fina. ― Nosso! Rio de Janeiro, Brasil Setembro de 2010. Faltavam algumas semanas para a chegada dos bebês, Nicole se preparava para a cirurgia marcada para o final do mês de outubro. Embora ela procurasse uma forma de contatar o pai dos gêmeos nos últimos meses, desistiu de tentar depois que Sophie prometeu que avisaria Alexander sobre o dia do parto. Nicole saiu do quarto e trancou a porta. Elevou os olhos ao vê-lo se aproximar. ― Marcello, quanto tempo! ― Oi! ― Deu um beijo no rosto da amiga. ― Sua barriga cresceu muito. Quantos bebês tem aí dentro? ― Dois. ― Nicole sorriu. ― Parabéns! ― Forçou o riso. ― O Alexander é um idioCapítulo 10
Alexander andava pelo enorme corredor do segundo andar à procura de Louise, bateu à porta de uma das suítes, todavia não obteve resposta. Pegou o telefone que vibrava no bolso da calça, acelerou os passos pelo corredor até chegar à escada, tocou na tela e atendeu. ― O que você quer, Josephiné? ― Allô, mon amour! ― Josephiné, não existe mais nada entre nós! Lembra? ― Oh, mon chéri! Você ainda está magoado? Esquece isso! Só liguei para saber como você está? ― Estou muito bem! Onde está a Marcelly? Alexander descia as escadas com cautela e falava baixo ao telefone. ― Quero falar com ela! Embora as visitas à mansão fossem raras, na maioria das vezes, Nicole evitava passar pelo hall de entrada ou pela enorme sala de estar. A luxuosa decoração clássica tinha um mobiliário antigo com molduras rebuscadas e um belo espelho dourado acompanhado por estatuetas de porcelana e um abajur antigo. Nicole contemplou a escada curva e sentiu um arrepio na espinha. As pálpebras inferiores e tensas observavam os degraus de madeira com a base reta. Ela colocou a mão no corrimão dourado, o coração palpitou diante da sensação de impotência. ― Eu não consigo! Quero ir para minha casa. ― Levou a mão à boca e encostou-se contra o peito de Alexander. ― Está tudo bem! Ei, eu estou aqui! ― O dedo esguio levantou o rosto dela. ― Olha pra mim! Ninguém vai machucar você, eu prometo! ― Ele a apertou forte contra o peito.<Capítulo 12
Em passos rápidos, porém graciosos, Nicole caminhou pelo quarto após colocar o salto scarpin. Sorriu para o espelho e agradeceu a Lana por ajudar a escolher a roupa ideal. Ela usava um look elegante com peças coordenadas, um tailleur lilás e um macacão pantsuit branco. Na intenção de disfarçar a aflição, Alexander reuniu-se com os amigos na sala. Aceitou a taça de uísque que Jenny ofereceu e sentou no sofá em forma de L. ― Então você é pai? ― A voz calma de Thomas quebrou o silêncio. ― Pois é! ― Quantos anos você tem? ― Thomas sorriu. ― Cinco. ― Alex mostrou os dedos. O barulho suave da campainha tocou na porta da frente, Jenny deu de ombros, já que não espe