Era mais uma noite para Sírius na prisão de Bacu, mas, para o mundo, aquela era noite de Ano Novo. Os quatros reinos e o império estavam em festas, aos fogos de artifícios, com muita comida e bebida para os nobres e mais algumas migalhas para os plebeus se animarem.
Sírius estava sentado em sua cama, esfregando suas mãos, com o olhar pensativo para o chão de pedras ásperas.
– Vai fazer dez anos que estou aqui, dez ou onze anos, mas acho que é na faixa de dez. – Falava Sírius, para si mesmo. – Hoje Tom entrará aqui bêbado, como todos os anos e essa é a minha chance de escapar. – Completava o Snake.
Sírius se levantava da cama e amarrava seus cabelos, como um coque feminino e se posicionava ao lado da cela com o seu balde de madeira cheio de dejetos.
– Pow! Pow! Pow! – Ecoavam os fogos de artifícios no lado de fora da prisão de Bacu.
Ele suava frio, mas permanecia firme em sua posição.
De repente, a cela abr
Sírius permanecia encolhido ao canto da parede de pedra ásperas de sua cela, escondendo seus olhos chorosos, enquanto grunhidos ecoavam altos a sua volta. Aos poucos, ele retirava suas mãos de seus olhos e se deparava com um homem de meia idade, com cabelos pretos, acompanhados com alguns fios grisalhos e uma barba mal feita, suas vestes também estavam rasgadas e manchadas com sangue como as dele. – Olá, meu rapaz. – Falava o homem. Nesse momento, Sírius se encolhia ainda mais na parede, com um medo irracional, escondendo seus olhos novamente e abrindo sua boca, enquanto chorava mais uma vez, como uma criança recebendo um estranho. – Isso não é real, não é real, acorda, Sírius, acorda, por favor. – Falava Sírius alto para si mesmo, engasgando-se com suas próprias lágrimas. O homem se aproximava de Sírius e passava sua mão suja, de pó de pedras, na cabeça do rapaz, em uma forma de afeto e se sentava ao lado dele. – Meu nome
Sírius abaixava a sua cabeça e olhava para o chão de pedras ásperas, demonstrando respeito, enquanto esperava alguma palavra do seu professor no silêncio absoluto do ambiente. Após alguns longos minutos, Notig olhava para Sírius de cabeça baixa, sem demonstrar nenhuma emoção em seu rosto. O Snake apertava seus punhos com ansiedade e raiva ao mesmo tempo. Devagar, ele levantava a sua cabeça, fixando seu olhar aos olhos de Notig, que eram tão escuros como o céu noturno sob a prisão de Bacu. Sírius analisava Notig por inteiro, mesmo em uma cela, ele ainda mantinha uma postura de general, professor ou algo do tipo, que impõe respeito. Suas pernas estavam aliadas, suas mãos se apertavam à frente do seu próprio peito e seus olhos o encaravam, como se fosse uma presa fácil de abater. – Eu pensei… Que depois da luta… Você iria ficar com a cabeça abaixada para mim. –Comentava Notig, lentamente. Sírius permanecia imóvel, com seus olhos vidrados e
Sírius caminhava apressadamente por toda a cela de Notig. De lá para cá, de cá para lá, sem rumo, apenas tentando passar a raiva. Notig estava de pé, à frente de sua cela, com suas unhas, ele pegava na porta da cela e tentava puxar um pouco da madeira. – Hmmmm! Pá! – A porta emitia o som. – Hmmmmmm! Pá! – Novamente o mesmo som. Notig encarava Sírius, com dois pedaços de madeira em suas mãos. Sírius parava a agitação e observava Notig. – Defina a economia. Perguntava Notig para Sírius. – É a ciência que estuda os meios relacionados para extração e utilização dos recursos e matérias necessários para o bem-estar de uma sociedade – Respondia Sírius, com a voz mais calma. Notig, após ouvir a resposta de Sírius, entregou um dos pedaços de madeira para o rapaz, que o segurou com força. – A arte do combate, quem triunfa? – Perguntava Notig, posicionando-se em forma de ataque. – Triunfam aqueles que sabem lutar e quando
– O que é isso? – Perguntava um dos soldados para Sírius, enquanto ele permanecia calado, segurando a cabeça ensanguentada do seu mestre. – Não está vendo? Precisamos falar com Severo. – Falava o segundo guarda para o primeiro. – Fique aqui, eu vou buscá-lo. – Completava o homem. Nesse momento, o primeiro guarda pegava Sírius pelos braços e o acorrentava. O prisioneiro não se incomodava, era como se o seu mundo tivesse sido destruído novamente, ele apenas observava seu mestre largado no chão e suas mãos sujas com o seu sangue. O segundo soldado corria entre os corredores da prisão de Bacu, passando por celas de diferentes andares, subindo vãos de escadas íngremes e, após alguns tropeços, ele chegava na torre mais alta da prisão, onde encontrava-se uma porta de madeira rústica, pregada com pregos deformados e brutos, além de ser rebitada com ferro. No topo da porta havia uma placa de madeira com aproximadamente trinta centímetro
– É ele? É Sírius? Sírius Snake? Sírius Snake está vivo? – Perguntava a multidão de escravos entre si aos sussurros. Sírius olhava para o céu com os olhos fechados, enquanto suas cicatrizes voltavam ao normal. Durante isso, a multidão de escravos estava parada, perplexa, com a presença de Sírius sobre o monte de areia branca. – Escravos! Peguem as picaretas e voltem ao trabalho! – Gritava um dos soldados do império com um chicote em suas mãos. Nesse momento, Sírius se virava e encarava o soldado que gritava, reconhecia o soldado Carmel, sua face continha mais rugas do que da última vez, seu cabelo estava mais ralo, mas ele ainda continha a aparecia de nobre soldado. – Desça, escravo! Quer uma surra? Logo agora?! – Perguntava Carmel. Sírius encarava novamente o soldado, os olhos verdes-esmeraldas do rapaz cintilavam sob a luz do sol, a multidão de escravos o encarava, com picaretas em suas mãos e os corpos co
Sírius e Daniel se mantinham de pé, os dois largavam suas mãos e se sentavam sobre a pedra, lado a lado, encarando o povo eufórico. – Gostaram do espetáculo?! – Berrava Daniel ao povo. – SIM! – Gritava o povo aos aplausos. Sírius esperava as palmas pararem para poder falar. – Vamos falar de algo mais sério. – Falava Sírius se levantando novamente. – Vocês querem sair deste inferno?! – Berrava Sírius, andando da esquerda para a direita, mantendo seus olhos vidrados nos escravos. – SIM! – Berravam todos. Daniel permanecia calado e sentado, apenas observando toda aquela multidão de diferentes povos, Leonilos, Snake, Repitales, Gols, pessoas de diferentes culturas, que conviviam entre si, mas não se davam muito bem devido a suas diferenças físicas, cores e costumes, mas todas estavam encantadas com Sírius. Os Snake eram mais pensativos e bondosos, os Leonilos mais gananciosos e valentes, os Repitales b
Sírius e Grazi continuavam sentados, lado a lado, como dois pássaros admirando a noite. Não era muito diferente para ambos, já que a única visão que tinham era a completa escuridão tenebrosa à frente. – Os guardas a essa hora estão dormindo, Grazi? – Perguntava Sírius. – Talvez sim, não posso concordar sem saber. – Respondia Grazi, mexendo nos seus cabelos azuis. Sírius se levantava e estendia suas mãos para a moça. – Você quer ir agora? Perdeu a noção do perigo? – Sussurrava Grazi. – Eu confio em mim, e você? Acredita em si mesma? – Questionava Sírius, com um ar sarcástico e um sorriso no rosto. – É meio que eu não enxergo… – Respondia Grazi, sem jeito. – Sem problemas, você conhece o caminho e eu enxergo. – Falava Sírius, segurando um riso. Grazi apertava a mão de Sírius e com um impulso se levantava. Os olhos de Sírius ficavam verdes-esmeralda, brilhantes como estrelas cadentes em um céu noturno. Para S
Por instinto, medo e tensão do momento, Sírius agia rapidamente e puxava Grazi pelos seus braços finos e delicados, agarrando-o à moça, muito mais baixa do que ele, curvava-se totalmente e a beijava, seus lábios se encostavam e os dois fechavam seus olhos. Ele não se lembrava da última vez que beijou alguém, a boca de Grazi era delicada como de um beija-flor, tão gostosa como mel e sensível como pétalas de rosas, ela apenas retribuía o ato e não repudiava, como se se entregasse aos braços de Sírius. – Hhhhmmm! – Berrava o soldado. Sírius rapidamente se soltava dos braços da moça e encarava o soldado, reconhecia o soldado Carmel e sua tensão aumentava. Grazi não sabia se respirava mais rápido devido ao beijo inesperado de Sírius ou devido ao soldado e sua encarada. – Ahhh… Não quero mais sangue derramado. Voltem para a gruta. – Falava Carmel, tristemente. – Boa noite, Carmel. – Sussurrava Sírius. Carmel dava um pequ