Os dias passavam suavemente, o reino Snake crescia aos poucos com o mercado aberto para comercialização com o reino Leonilo, a produção interna dos camponeses e os benefícios que a floresta das cobras entregava para o povo. Todos os dias, o rei Snake se encontrava com os nobres no salão do trono e discutia novas formas para o crescimento do seu reino. Uma vez por semana, consultava o general Kuattin e analisava os mapas de riscos de um possível ataque surpresa e uma vez por mês se encontrava com Lia, para consultar o saldo de produção e gastos do reino. Poucas vezes se deparava com Daniel e Jason, que faziam as rotas mercatórias até os Leonilos, e em todas as viagens, não tiveram nenhum contratempo com o império da Águia Vermelha.
Ao passar dos dias e semanas, Sírius começava a entender como funcionava a joia da criança e observava ser um artefato bastante útil para sua jornada.
Sírius se encontrava
– Minha filha, minha amada filha. – Falava o imperador Lucius, enrolando seus dedos nos cabelos loiros e encaracolados de sua filha. O castelo do imperador estava com o clima sombrio, com nuvens carregadas, escurecendo o céu, fazendo o dia virar noite. Guardas do imperador corriam por todo o reino da Águia Vermelha, alguns puxando carroças de animais e escravos, outros cobrando impostos, enquanto uns circulavam o castelo, protegendo-o. As pessoas do império não estavam felizes, o mercado estava se restringindo diminuindo a economia do reino, algumas pessoas morriam sem motivos pelo imperador e qualquer um era caso para prisão de Bacu. – Tun! Tun! – Ecoavam passos de um soldado por todo o corredor do castelo. – Pow! – Ressoava o som da porta do salão do trono sendo escancarada por um soldado, com sua armadura desgastada, a face completamente ferida e seus cabelos sujos. Lucius beijava
Daniel e Lia caminhavam pelo reino Snake, com seus braços entrelaçados, passando por soldados e camponeses. Enquanto conversavam em passos lentos pelas ruas movimentadas e barulhentas, com muitos animais puxando carroças, monstros amarrados e vendedores anunciavam seus produtos aos gritos. – Então foi assim que Sírius conseguiu fugir da prisão de Bacu com todos vocês? – Perguntava Lia, surpreendida. – Ele não é um exemplo de rei, mas é um grande guerreiro. – Falava Daniel, lentamente. – Eu admiro. Consegue impor respeito a nós, homens, é bondoso e respeita as diferenças das pessoas, mas tem algo que me intriga, o sentimento de culpa que ele sempre carrega no peito. – Falava Lia pensativa. – Desde quando conheci Sírius, ele carrega uma dor interna, mas logo após a morte de Grazi, era como se ele se recusasse a sentir amor por alguém. – Dizia Daniel, bufando pelos lábios. – Mas ele teve um romance com a princesa, a sua irmã, você
– Como meu pai teve a coragem de fazer isso!? – Perguntava Daniel, furioso, para Lia, enquanto ambos caminhavam para os estábulos de cavalos de fogo. – Daniel! O que você está fazendo!? Se comporte como um príncipe! – Gritava Lia, tentando puxar seu amigo. – Quero saber o que está acontecendo com meu reino. – Esbravejava Daniel, se soltando de sua amiga e pulando no seu cavalo de fogo. – Daniel! Sírius entregou seu reino em nossas mãos! – Gritava Lia, puxando as rédeas do cavalo de fogo. Daniel puxava as rédeas do seu cavalo com toda sua força, até Lia caminhar de costas sem jeito e quase cair. O Leonilo encarava sua amiga por um momento e puxava as rédeas do seu cavalo de fogo. – Iá! – Gritava Daniel, enquanto seu cavalo de fogo galopava. Lia se sentava no chão de feno, com estrumes de pequenas brasas, enquanto observava seu amigo galopar com todo seu ódio e rancor.
Os céus estavam nublados, com nuvens escuras carregadas, enquanto os ventos assopravam o clima frio do norte, que chicoteava as casas do reino Snake, causando ruídos fantasmagóricos durante toda a madrugada. Lia se encontrava no seu quarto do palácio Snake, um ambiente nobre de madeira real como todo palácio, com iluminação de rosas de fogo, um criado-mudo ao canto do quarto à frente de um espelho curvado. A moça estava sobre sua cama de palhas confortáveis, enrolada até o pescoço com couro de animais felinos e seus cabelos bagunçados. Ela se contorcia, apertava seus lábios e seus punhos no couro que a enrolava, como se não estivesse em um bom sonho. ******* Mãos grossas e pálidas deslizavam pelas grandes coxas de Lia, cada toque no seu corpo deixava uma mancha vermelha que se arroxeava, os machucados subiam de suas pernas até sua cintura, em que apareciam cicatrizes e cortes superficiais em sua carne. Lia
Por muitos quilômetros, Sírius caminhava com Jason ao seu lado, ao mesmo tempo que era escoltado pelos soldados do reino Repitale, todos em silêncio, até se aproximarem da grande pirâmide de pedras e raízes das árvores. – Terei que subir todas essas escadas? – Perguntava Sírius, aborrecido. – Está cansado, Sírius? Psixim. – Falava Pi com tom de deboche. – O que essa cobra tanto fala, rei Sírius? – Perguntava um soldado. – Que vocês são bonitos. – Respondia Sírius também debochando. Sírius ignorava os homens e começava a subir o grande vão de escadas a sua frente, quilômetros e mais quilômetros de escadaria íngremes. No começo, os degraus estavam apresentáveis, limpos e arejados, mas ao longo do caminho, eles começavam a escurecer e surgir rachaduras de desgastes do tempo. No final das escadas, os degraus estavam cobertos com uma mistura de sangue e água, além de crânios quebrados espalhados pelos cantos da constru
Sírius corria desesperadamente em direção à voz que gritava pelo seu nome, com suas mãos erguidas afastando os grandes caules de trigos a sua frente, enquanto os raios do sol atrapalhavam sua visão e o chão fofo de terra engolia seus pés. – Sírius! Sírius! – Gritava uma voz feminina. – Tshin! – Ecoava as mãos de Sírius, afastando os grandes caules de trigo. Finalmente Sírius conseguia sair da plantação de trigo, dando de cara com o pequeno cume coberto de grama verde brilhante, com uma grande árvore com frutos amarelados e cheirosos. – Mas o que… – Falava Sírius, abismado. A sua frente estava Grazi, correndo em sua direção com seus cabelos curtos, negros, de tom azulado; sua pele pálida, como sempre, olhos azuis brilhantes, com seus braços abertos, usando um vestido branco, bordado nos seus pequenos seios, quase transparentes, e as curvas de sua pequena cintura e seu qu
Sírius abria seus olhos, ainda sonolento, avistando Elizabeth totalmente espreguiçada nos seus braços, com Grazi a sua frente, de olhos abertos, observando-o, enquanto eles estavam debaixo da coberta, com o friozinho matinal gostoso e o cheiro doce de manga. – Queria acordar todos os dias assim, nossa família, nossa casa, nosso reino. – Sussurrava Sírius, acariciando as bochechas de sua mulher. – Também, meu bem, mas você precisa continuar sua viagem hoje. – Falava Grazi, rouca, ainda sonolenta. Sírius beijava a testa de Elizabeth carinhosamente e se levantava, contornava a cama e dava um selinho em sua mulher, que sorria descaradamente em seguida, acariciando suas mãos. – Vamos tomar café, amor. – Sussurrava Grazi se espreguiçando. De repente, um som esquisito ecoava pelo quarto e Sírius se assustava, olhando para Elizabeth totalmente esparramada na cama.  
Jason permanecia ajoelhado no chão, com sua cabeça baixa e seus dois machados em seu coldre, enquanto o rei Itabijara Repitale o olhava com desprezo e a rainha Yara com os olhos cheios de lágrimas. – Como você teve coragem de retornar aqui? – Perguntava Itabijara, se levantando do seu trono. – Eu fugi da prisão de Bacu com Sírius, utilizando minha força… meu pai. – Respondia Jason, com a cabeça baixa, tristemente. – Bastardo! – Gritava Itabijara, dando um grande chute na cabeça do seu filho. Jason rodopiava com o chute de seu pai, batia a cabeça no chão, formando uma pequena poça de sangue em seguida. Lentamente, ele se levantava, com seus cabelos molhados do seu próprio sangue, enquanto seu pai não parava de contorná-lo. – Eu voltei por amor, por amor meus pais… – Sussurrava Jason, segurando suas lágrimas. – Amor? Você é fraco! Sem a capa e prote