Soldados Snake corriam em direção às muralhas, com grandes estacas de madeiras em suas costas. A grande maioria dos soldados prevalecia reforçando a segurança do reino, batendo martelo, amarrando cordas e fazendo pontas de segurança com armadilhas por toda a muralha do reino.
Enquanto ocorria toda a movimentação do exército, o rei Sírius estava nos hectares destruídos da floresta das cobras, com uma leve roupa de seda verde, limpando o chão de cinzas com uma enxada de madeira, ao redor de muitos camponeses que faziam o mesmo, cavando, retirando toda a cinza e colocando em grandes sacolas feitas de folhas de árvores.
Por muitos dias, essa tinha sido a rotina de muitos camponeses, nobres e o rei, enchendo sacolas e mais sacolas de folhas de árvores com cinzas e pedaços de madeiras carbonizadas, armazenando tudo em silos para caso precisasse de algo.
Sírius estava à frente de um silo do seu reino, com sua roupa suja d
Os dias se passavam lentamente. Com as muralhas reforçadas, Kuattin liderava a segurança do reino Snake, Daniel e Jason eram responsáveis pela rota de mercado entre o reino Snake e Leonilo. Lia administrava a compra e a venda de matéria-prima e de bens dos camponeses, além de cuidar da importação e da exportação entre os reinos. O rei Sírius estava sobre seu trono, sentado tradicionalmente com suas pernas cruzadas, sua cobra Pi entrelaçada em seu pescoço e a folha amarelada sobre sua perna direita. Enquanto isso, observava os nobres à sua frente, conversando entre si e discutindo o futuro do reino. – A floresta está crescendo rapidamente, rei Sírius. – Falava um nobre, sorridente. – Nosso mercado está desenvolvendo, estamos voltando a crescer. – Comentava outro homem. – Fico feliz. – Comentava Sírius, sorridente. – Ó, meu rei. Com todo esse crescimento do reino Snake, acho que todas as nossas famílias merecem mais
– Essas paredes são feitas de espinhos. – Falava Sírius tocando cautelosamente a ponta de seus dedos nas finas pontas de espinhos. – Cuidado, Sírius. Esses espinhos expelem veneno. Psixim! – Sussurrava Pi suspirando. O rei Snake parava de tocar nos espinhos e caminhava para frente, adentrando entre eles. Com passos cautelosos e lentos, Sírius caminhava pelo corredor de espinhos, com o pequeno pedaço de sua espada que lhe sobrava em suas mãos firmes, atento a todos os ruídos a sua volta. Nesse momento, uma grande gargalhada infantil ecoava pelos corredores, levantando os cabelos de Sírius, que ficava assustado com os risos. – Que diabos é isso? – Sussurrava Sírius com sua voz trêmula. Pi não respondia, apenas alisava a bochecha do seu amigo, como se estivesse protegendo de algo tenebroso. Os dois estavam atentos, com o calor da luz que brilhava sobre suas cabeças e o medo de tocar em algum espinho a
Os dias passavam suavemente, o reino Snake crescia aos poucos com o mercado aberto para comercialização com o reino Leonilo, a produção interna dos camponeses e os benefícios que a floresta das cobras entregava para o povo. Todos os dias, o rei Snake se encontrava com os nobres no salão do trono e discutia novas formas para o crescimento do seu reino. Uma vez por semana, consultava o general Kuattin e analisava os mapas de riscos de um possível ataque surpresa e uma vez por mês se encontrava com Lia, para consultar o saldo de produção e gastos do reino. Poucas vezes se deparava com Daniel e Jason, que faziam as rotas mercatórias até os Leonilos, e em todas as viagens, não tiveram nenhum contratempo com o império da Águia Vermelha. Ao passar dos dias e semanas, Sírius começava a entender como funcionava a joia da criança e observava ser um artefato bastante útil para sua jornada. Sírius se encontrava
– Minha filha, minha amada filha. – Falava o imperador Lucius, enrolando seus dedos nos cabelos loiros e encaracolados de sua filha. O castelo do imperador estava com o clima sombrio, com nuvens carregadas, escurecendo o céu, fazendo o dia virar noite. Guardas do imperador corriam por todo o reino da Águia Vermelha, alguns puxando carroças de animais e escravos, outros cobrando impostos, enquanto uns circulavam o castelo, protegendo-o. As pessoas do império não estavam felizes, o mercado estava se restringindo diminuindo a economia do reino, algumas pessoas morriam sem motivos pelo imperador e qualquer um era caso para prisão de Bacu. – Tun! Tun! – Ecoavam passos de um soldado por todo o corredor do castelo. – Pow! – Ressoava o som da porta do salão do trono sendo escancarada por um soldado, com sua armadura desgastada, a face completamente ferida e seus cabelos sujos. Lucius beijava
Daniel e Lia caminhavam pelo reino Snake, com seus braços entrelaçados, passando por soldados e camponeses. Enquanto conversavam em passos lentos pelas ruas movimentadas e barulhentas, com muitos animais puxando carroças, monstros amarrados e vendedores anunciavam seus produtos aos gritos. – Então foi assim que Sírius conseguiu fugir da prisão de Bacu com todos vocês? – Perguntava Lia, surpreendida. – Ele não é um exemplo de rei, mas é um grande guerreiro. – Falava Daniel, lentamente. – Eu admiro. Consegue impor respeito a nós, homens, é bondoso e respeita as diferenças das pessoas, mas tem algo que me intriga, o sentimento de culpa que ele sempre carrega no peito. – Falava Lia pensativa. – Desde quando conheci Sírius, ele carrega uma dor interna, mas logo após a morte de Grazi, era como se ele se recusasse a sentir amor por alguém. – Dizia Daniel, bufando pelos lábios. – Mas ele teve um romance com a princesa, a sua irmã, você
– Como meu pai teve a coragem de fazer isso!? – Perguntava Daniel, furioso, para Lia, enquanto ambos caminhavam para os estábulos de cavalos de fogo. – Daniel! O que você está fazendo!? Se comporte como um príncipe! – Gritava Lia, tentando puxar seu amigo. – Quero saber o que está acontecendo com meu reino. – Esbravejava Daniel, se soltando de sua amiga e pulando no seu cavalo de fogo. – Daniel! Sírius entregou seu reino em nossas mãos! – Gritava Lia, puxando as rédeas do cavalo de fogo. Daniel puxava as rédeas do seu cavalo com toda sua força, até Lia caminhar de costas sem jeito e quase cair. O Leonilo encarava sua amiga por um momento e puxava as rédeas do seu cavalo de fogo. – Iá! – Gritava Daniel, enquanto seu cavalo de fogo galopava. Lia se sentava no chão de feno, com estrumes de pequenas brasas, enquanto observava seu amigo galopar com todo seu ódio e rancor.
Os céus estavam nublados, com nuvens escuras carregadas, enquanto os ventos assopravam o clima frio do norte, que chicoteava as casas do reino Snake, causando ruídos fantasmagóricos durante toda a madrugada. Lia se encontrava no seu quarto do palácio Snake, um ambiente nobre de madeira real como todo palácio, com iluminação de rosas de fogo, um criado-mudo ao canto do quarto à frente de um espelho curvado. A moça estava sobre sua cama de palhas confortáveis, enrolada até o pescoço com couro de animais felinos e seus cabelos bagunçados. Ela se contorcia, apertava seus lábios e seus punhos no couro que a enrolava, como se não estivesse em um bom sonho. ******* Mãos grossas e pálidas deslizavam pelas grandes coxas de Lia, cada toque no seu corpo deixava uma mancha vermelha que se arroxeava, os machucados subiam de suas pernas até sua cintura, em que apareciam cicatrizes e cortes superficiais em sua carne. Lia
Por muitos quilômetros, Sírius caminhava com Jason ao seu lado, ao mesmo tempo que era escoltado pelos soldados do reino Repitale, todos em silêncio, até se aproximarem da grande pirâmide de pedras e raízes das árvores. – Terei que subir todas essas escadas? – Perguntava Sírius, aborrecido. – Está cansado, Sírius? Psixim. – Falava Pi com tom de deboche. – O que essa cobra tanto fala, rei Sírius? – Perguntava um soldado. – Que vocês são bonitos. – Respondia Sírius também debochando. Sírius ignorava os homens e começava a subir o grande vão de escadas a sua frente, quilômetros e mais quilômetros de escadaria íngremes. No começo, os degraus estavam apresentáveis, limpos e arejados, mas ao longo do caminho, eles começavam a escurecer e surgir rachaduras de desgastes do tempo. No final das escadas, os degraus estavam cobertos com uma mistura de sangue e água, além de crânios quebrados espalhados pelos cantos da constru