Sírius continuava apoiado em sua espada, perdido em seus pensamentos por longos minutos. Suas lágrimas escorriam nas ranhuras e nos desenhos de sua espada, enquanto sua cobra apenas o abraçava carinhosamente.
Aos poucos, ele ficava sonolento, com seus olhos fechados e pensativos, e então adormecia, com sua testa encostada sobre suas mãos, que agarravam a espada de prata metálica.
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– Por que chora, meu amado Sírius? – Falava Grazi à frente de Sírius.
Sírius levantava sua cabeça lentamente e uma imensa marca avermelhada em sua testa surgia. Devido à posição sobre sua mão, seus olhos lacrimosos e seu nariz irritado, estava ele, tristemente, com seus lábios trêmulos cobertos de suas lágrimas.
– Eu só quero ser um bom rei como meu pai… – Falava Sírius tristemente. – Mas também quero vingá-lo! – Completava o rei Snake, apertando sua espada.
– Sírius, S
Após longas horas, o dia amanhecia. O tempo estava nublado, frio e com neblinas por toda a parte. Muitos soldados do reino Snake estavam em período de troca de turno, entre as muralhas e as rodas feitas pelo reino, alguns camponeses se levantavam e ajeitavam suas mercadorias para venda, outros ajeitavam suas plantações e poucos continuavam dormindo. Por mais cedo que estivesse, Sírius permanecia em pé na varanda do seu palácio, apoiando seus braços sobre os muros dela, observando o começo da movimentação nas ruas. – Daqui a sessenta luas, espero que consiga estar com o meu plano totalmente completo. – Sussurrava Sírius para si mesmo. – Bom dia, Sírius. Psixim. – Falava Pi, aproximando-se de Sírius. O rei Snake permanecia calado, observando o horizonte, com os camponeses despertando e começando a trabalhar. Entretanto, Pi se arrastava no chão até chegar na perna direita de Sírius, subia no corpo dele
Soldados Snake corriam em direção às muralhas, com grandes estacas de madeiras em suas costas. A grande maioria dos soldados prevalecia reforçando a segurança do reino, batendo martelo, amarrando cordas e fazendo pontas de segurança com armadilhas por toda a muralha do reino. Enquanto ocorria toda a movimentação do exército, o rei Sírius estava nos hectares destruídos da floresta das cobras, com uma leve roupa de seda verde, limpando o chão de cinzas com uma enxada de madeira, ao redor de muitos camponeses que faziam o mesmo, cavando, retirando toda a cinza e colocando em grandes sacolas feitas de folhas de árvores. Por muitos dias, essa tinha sido a rotina de muitos camponeses, nobres e o rei, enchendo sacolas e mais sacolas de folhas de árvores com cinzas e pedaços de madeiras carbonizadas, armazenando tudo em silos para caso precisasse de algo. Sírius estava à frente de um silo do seu reino, com sua roupa suja d
Os dias se passavam lentamente. Com as muralhas reforçadas, Kuattin liderava a segurança do reino Snake, Daniel e Jason eram responsáveis pela rota de mercado entre o reino Snake e Leonilo. Lia administrava a compra e a venda de matéria-prima e de bens dos camponeses, além de cuidar da importação e da exportação entre os reinos. O rei Sírius estava sobre seu trono, sentado tradicionalmente com suas pernas cruzadas, sua cobra Pi entrelaçada em seu pescoço e a folha amarelada sobre sua perna direita. Enquanto isso, observava os nobres à sua frente, conversando entre si e discutindo o futuro do reino. – A floresta está crescendo rapidamente, rei Sírius. – Falava um nobre, sorridente. – Nosso mercado está desenvolvendo, estamos voltando a crescer. – Comentava outro homem. – Fico feliz. – Comentava Sírius, sorridente. – Ó, meu rei. Com todo esse crescimento do reino Snake, acho que todas as nossas famílias merecem mais
– Essas paredes são feitas de espinhos. – Falava Sírius tocando cautelosamente a ponta de seus dedos nas finas pontas de espinhos. – Cuidado, Sírius. Esses espinhos expelem veneno. Psixim! – Sussurrava Pi suspirando. O rei Snake parava de tocar nos espinhos e caminhava para frente, adentrando entre eles. Com passos cautelosos e lentos, Sírius caminhava pelo corredor de espinhos, com o pequeno pedaço de sua espada que lhe sobrava em suas mãos firmes, atento a todos os ruídos a sua volta. Nesse momento, uma grande gargalhada infantil ecoava pelos corredores, levantando os cabelos de Sírius, que ficava assustado com os risos. – Que diabos é isso? – Sussurrava Sírius com sua voz trêmula. Pi não respondia, apenas alisava a bochecha do seu amigo, como se estivesse protegendo de algo tenebroso. Os dois estavam atentos, com o calor da luz que brilhava sobre suas cabeças e o medo de tocar em algum espinho a
Os dias passavam suavemente, o reino Snake crescia aos poucos com o mercado aberto para comercialização com o reino Leonilo, a produção interna dos camponeses e os benefícios que a floresta das cobras entregava para o povo. Todos os dias, o rei Snake se encontrava com os nobres no salão do trono e discutia novas formas para o crescimento do seu reino. Uma vez por semana, consultava o general Kuattin e analisava os mapas de riscos de um possível ataque surpresa e uma vez por mês se encontrava com Lia, para consultar o saldo de produção e gastos do reino. Poucas vezes se deparava com Daniel e Jason, que faziam as rotas mercatórias até os Leonilos, e em todas as viagens, não tiveram nenhum contratempo com o império da Águia Vermelha. Ao passar dos dias e semanas, Sírius começava a entender como funcionava a joia da criança e observava ser um artefato bastante útil para sua jornada. Sírius se encontrava
– Minha filha, minha amada filha. – Falava o imperador Lucius, enrolando seus dedos nos cabelos loiros e encaracolados de sua filha. O castelo do imperador estava com o clima sombrio, com nuvens carregadas, escurecendo o céu, fazendo o dia virar noite. Guardas do imperador corriam por todo o reino da Águia Vermelha, alguns puxando carroças de animais e escravos, outros cobrando impostos, enquanto uns circulavam o castelo, protegendo-o. As pessoas do império não estavam felizes, o mercado estava se restringindo diminuindo a economia do reino, algumas pessoas morriam sem motivos pelo imperador e qualquer um era caso para prisão de Bacu. – Tun! Tun! – Ecoavam passos de um soldado por todo o corredor do castelo. – Pow! – Ressoava o som da porta do salão do trono sendo escancarada por um soldado, com sua armadura desgastada, a face completamente ferida e seus cabelos sujos. Lucius beijava
Daniel e Lia caminhavam pelo reino Snake, com seus braços entrelaçados, passando por soldados e camponeses. Enquanto conversavam em passos lentos pelas ruas movimentadas e barulhentas, com muitos animais puxando carroças, monstros amarrados e vendedores anunciavam seus produtos aos gritos. – Então foi assim que Sírius conseguiu fugir da prisão de Bacu com todos vocês? – Perguntava Lia, surpreendida. – Ele não é um exemplo de rei, mas é um grande guerreiro. – Falava Daniel, lentamente. – Eu admiro. Consegue impor respeito a nós, homens, é bondoso e respeita as diferenças das pessoas, mas tem algo que me intriga, o sentimento de culpa que ele sempre carrega no peito. – Falava Lia pensativa. – Desde quando conheci Sírius, ele carrega uma dor interna, mas logo após a morte de Grazi, era como se ele se recusasse a sentir amor por alguém. – Dizia Daniel, bufando pelos lábios. – Mas ele teve um romance com a princesa, a sua irmã, você
– Como meu pai teve a coragem de fazer isso!? – Perguntava Daniel, furioso, para Lia, enquanto ambos caminhavam para os estábulos de cavalos de fogo. – Daniel! O que você está fazendo!? Se comporte como um príncipe! – Gritava Lia, tentando puxar seu amigo. – Quero saber o que está acontecendo com meu reino. – Esbravejava Daniel, se soltando de sua amiga e pulando no seu cavalo de fogo. – Daniel! Sírius entregou seu reino em nossas mãos! – Gritava Lia, puxando as rédeas do cavalo de fogo. Daniel puxava as rédeas do seu cavalo com toda sua força, até Lia caminhar de costas sem jeito e quase cair. O Leonilo encarava sua amiga por um momento e puxava as rédeas do seu cavalo de fogo. – Iá! – Gritava Daniel, enquanto seu cavalo de fogo galopava. Lia se sentava no chão de feno, com estrumes de pequenas brasas, enquanto observava seu amigo galopar com todo seu ódio e rancor.