No salão de bilhar, Sebastião deu uma tacada, mas não acertou nenhuma bola.Pedro, que estava ao lado, balançou a cabeça, enquanto limpava o taco de sinuca.— A Carolina ainda não respondeu sua mensagem? Nem tentou entrar em contato?Sebastião permaneceu em silêncio. Pedro mirou a bola mais difícil na mesa e, com um estalo preciso, ela entrou na caçapa.— Estranho... Ela não costuma ser assim. Mesmo quando você fala aquelas coisas, ela não liga muito, nunca fez caso. O que será que deu nela agora? — Pedro estava intrigado.Sebastião se lembrou de quando Carolina foi ao salão jogar bilhar.— O que ela te perguntou aquele dia? — Ele questionou.Pedro encaçapou mais uma bola e, com um gesto despreocupado, sentou-se sobre a mesa de bilhar.— Já te falei, mano. Ela me perguntou sobre você, a Lídia e o Fernando, se aconteceu algo na época da escola. Eu disse que não, que estava tudo normal. Então, essa saída dela não tem nada a ver comigo. — Pedro se livrou da culpa rapidamente.— Eu não te
Eu desci do avião e, sem nem deixar as malas, fui direto para o parque de diversões. Ana também estava lá e, assim que me viu, me abraçou forte.— Carolina, que bom que você voltou!Dei um leve tapinha no ombro dela.— Vem, me acompanha para dar uma olhada em alguns pontos.Passei a noite anterior praticamente em claro, pensando nos possíveis problemas que poderiam surgir. Embora eu suspeitasse tanto da equipe de construção quanto dos fornecedores de iluminação, a chance de erro por parte deles não era tão grande. Afinal, se fosse algo sério, eles perderiam muito dinheiro e com certeza não queriam correr esse risco.Então, por mais que eu tivesse algumas desconfianças, a verdade é que eu não sabia exatamente onde estava o problema. Como não sou especialista técnica, precisava ir ao local para averiguar tudo pessoalmente.Fiquei o dia inteiro ligando e desligando as luzes, comparando os resultados com as projeções iniciais. Só parei às duas da manhã.— Carolina, você está com energia ac
Sebastião estava sentado na cadeira, vestindo um terno preto, com uma camisa branca por dentro e uma gravata com pequenos pontos de estrelas.Aquela gravata foi um presente meu de aniversário no ano passado. Ele nunca tinha usado, provavelmente porque não gostava. Mas agora, depois da nossa separação, ele resolve colocá-la.O semblante de Sebastião estava péssimo, e seus olhos não saíam de mim, carregados de uma fúria latente.Eu sabia bem o motivo de sua raiva, mas mantive a calma e perguntei:— Sr. Sebastião, o que deseja comigo?— Onde você esteve nos últimos dias? — A voz dele era fria como gelo.— Férias! — Respondi, ignorando o tom inquisitivo.Os dedos de Sebastião, que estavam pousados sobre a mesa, se contraíram um pouco.— Eu perguntei onde você esteve.— Na Cidade B! — Não tinha motivo para esconder, então disse o nome do lugar sem rodeios.Ele franziu ainda mais a testa, com uma expressão de confusão nos olhos, como se não soubesse o que era Cidade B. E de fato, com um nome
Sebastião levantou a mão e puxou a gravata com força.— Carolina, o que você está fazendo? Por que, de repente, não quer mais casar comigo e ainda some desse jeito?Depois de resolver os assuntos de trabalho, ele voltou a falar sobre a questão pessoal, que era o verdadeiro motivo por trás de sua visita.— Eu não estou fazendo nada. — Respondi de forma direta, deixando clara a minha postura.— Você acha mesmo que isso não é nada? Você sabe que a casa virou um caos? Minha mãe ficou tão nervosa que foi parar no hospital! — Sebastião falava com a voz carregada de raiva.Ao ouvir que Cátia estava no hospital, senti uma pontada de culpa, mas uma coisa não anulava a outra. O que sentia pela família dele não poderia apagar o que Sebastião havia feito comigo.— Eu vou falar com a tia e me desculpar.— Carolina, esse não é o ponto. Eu estou perguntando por que você não quer casar? — Sebastião puxou novamente o colarinho da camisa.Mesmo depois de tudo que ele fez de errado, ele ainda agia como s
Sebastião ficou em silêncio por um tempo antes de balançar a cabeça com um sorriso irônico.— Se você quer fazer drama, faça como quiser.Até agora, ele não admitia que estava errado. Para ele, a culpa ainda era minha.Eu não tinha mais paciência para discutir, então apenas disse:— Vou sair da casa de vocês.— Da nossa casa? — Sebastião estreitou os olhos escuros. — Carolina, no fundo, você nunca considerou aquela casa como sua, né? Que desperdício o carinho que meus pais têm por você.Mordi os lábios. Ele não entendia que o que eu queria não era o carinho dos pais dele, mas o dele?Como eu já tinha decidido me afastar, não fazia mais sentido continuar aquela conversa.— Sr. Sebastião, tenho que voltar ao trabalho. — Falei, sem mencionar minha demissão, pois queria terminar o serviço antes.— Carolina, você realmente quer terminar comigo? — Sebastião perguntou mais uma vez.Parecia que ele não tinha ouvido direito das outras vezes. Olhei para ele, para aquele rosto que admirei por dez
— Não te culpo. As pessoas pensam no que é melhor para elas, isso é natural. — Eu disse com toda sinceridade. Não tinha mesmo nenhum ressentimento em relação à Ana.Afinal, nós éramos apenas colegas de trabalho, talvez um pouco mais próximas do que o normal, mas nada além disso. E mesmo entre irmãs de sangue, cada uma cuidaria primeiro de si mesma antes de ajudar a outra.— Carolina... — Ana segurou meu braço, tentando continuar a conversa.Mas eu a interrompi:— O Sr. Sebastião disse que, se o problema da iluminação não for resolvido, a responsabilidade será nossa. Agora não temos tempo para pensar em mais nada, precisamos focar em resolver isso.Ana arregalou os olhos.— Ele diz que não é culpa nossa, mas fala como se tivéssemos feito algo errado.— Estamos encarregadas desse projeto. Se algo dá errado, somos as primeiras a responder. Não há desculpa. Se não queremos enfrentar as consequências, temos que resolver o problema. — Eu disse com firmeza.Ana ficou em silêncio, acenou com a
Os pequenos truques de Lídia foram completamente desmascarados, e sua expressão não poderia estar mais constrangida. Ainda assim, ela se esforçou para manter a pose altiva:— Você acha mesmo que eu e o Sebastião temos algum caso?Será que ela precisava mesmo que alguém dissesse isso para saber? O que eles fizeram já estava mais do que claro. Será que ela não tinha noção do próprio comportamento?Apesar disso, minha educação me impediu de dizer qualquer coisa grosseira. Mas os olhos de Lídia começaram a marejar.— Não pensei que as pessoas pudessem ser tão sujas e mesquinhas hoje em dia.Olha só como ela se colocava em um pedestal de virtude.— Carolina, o Sebastião é um homem bom. O fato de você não conseguir nem confiar nele já mostra que você não o merece. — Lídia soltou essa frase, e então tudo ficou claro para mim. Todo aquele teatro era para chegar a essa conclusão: que eu não era boa o suficiente para ele.Ela com certeza tinha mais para dizer. Eu fiquei quieta, esperando pelo gr
Peguei o copo e bebi mais da metade.— Ele foi embora.— Como assim? — Luana se sentou de pernas cruzadas à minha frente, o rosto cheio de curiosidade.— Eu recusei, e ele foi. Parece que foi trabalhar. Simples assim. — Minhas palavras a deixaram um pouco surpresa.— Foi embora? E nem fez mais esforço para te conquistar? — Luana balançou a cabeça. — Então ele não tem muita determinação, né?— Ele sabe quando avançar e quando parar. Não é do tipo que insiste até o fim. — Comentei, lembrando da aparência bruta e firme de George.Luana inclinou a cabeça, me observando de lado.— Se ele tivesse insistido um pouco mais, você teria...— Não! — Interrompi rapidamente. — Eu não usaria um homem para curar a ferida que outro me causou.— No fim, ninguém consegue substituir o Sebastião tão fácil assim. — Luana concluiu.Eu sorri de leve.— Sebastião concordou com o término.O choque tomou conta de Luana. Coloquei o copo de água na mesa.— Vim aqui para tomar um banho e trocar de roupa antes de ir