Fiquei sem respirar.No segundo seguinte, uma voz familiar chegou aos meus ouvidos. — Sra. Cátia, eu não quero ficar aqui. Eu só quero ver o Sebastião. Se você deixar ele me ver, eu irei embora e não causarei mais problemas.Era Lídia. Ela tinha vindo até aqui!Pelo que ela disse, estava procurando por Sebastião. Eu já tinha tentado ligar para Sebastião, achando que ele entraria em contato com Lídia, mas agora parecia que eu estava completamente enganada. Essa mulher realmente tem coragem de vir até a família Martins.— Você está me ameaçando? — Perguntou tia Cátia, com firmeza.— Sra. Cátia, eu não estou. Eu só quero ver o Sebastião. — Lídia respondeu, ainda com aquele tom doce, suave e aparentemente inofensivo.Os mais velhos sempre dizem que não se deve julgar uma pessoa pela aparência, e, de fato, essa frase faz todo o sentido. Quando vi Lídia pela primeira vez, acreditei que ela fosse uma pessoa simples, até um pouco ingênua. Ao olhar para ela, dava até para ter a ilusão de qu
Eu sabia que a Lídia definitivamente não iria beber o veneno. Ela chegou até aqui justamente para alcançar uma vida de luxo e riqueza, e se aguentou toda a humilhação no hospital sem morrer, como poderia morrer agora?Aquilo não passava de uma estratégia dela para forçar a tia Cátia a revelar onde Sebastião estava.Ela achava que Sebastião estava escondido por João e Cátia, e queria interromper a relação deles de propósito.— A Srta. Lídia tem realmente se aprimorado nas suas táticas. — Eu disse, enquanto começava a caminhar para dentro.Cátia virou-se ao ouvir minha voz, seu rosto expressando claramente o pânico. Eu sabia que ela temia que eu pensasse que Lídia estava ali com alguma intenção ruim. Lídia, por sua vez, não parecia surpresa, provavelmente já me viu chegando, mas ainda estava nervosa, caso contrário, sua mão não teria tremido ao segurar o frasco.Logo, Lídia colocou uma expressão triste no rosto.— Eu não tenho mais opção, Sebastião desapareceu, não consigo mais falar com
Meu corpo vacilou por um momento, e foi Cátia quem me sustentou.Olhei para Lídia, que estava visivelmente agitada, com o rosto pálido como se estivesse prestes a desmaiar. Meu coração disparou por alguns batimentos. Será que minhas palavras acabaram de se tornar uma profecia?Na verdade, o que eu disse antes foi apenas uma suposição, uma tentativa de provocação, mas agora, parecia que a morte de Fernando não era tão simples assim.Se, de fato, isso tivesse algo a ver com Lídia, ou se ela tivesse planejado de propósito, então essa mulher era mais perigosa do que eu imaginava.Agora fazia sentido o motivo pelo qual os pais de Fernando a xingavam e a humilhavam com tanto ódio. Eles tinham razões para isso.— Lídia, você está nervosa, não está? — Continuei sem deixar de pressioná-la.Eu havia finalmente a colocado em um canto, e agora era o momento de ela mostrar sua verdadeira face.Lídia balançava a cabeça, tentando negar.— Você armou para Fernando porque ele se tornou um obstáculo nos
Principalmente Lídia, apesar de ser uma mulher detestável, o filho que ela carregava no ventre era inocente. Ainda mais sendo o único herdeiro de Fernando.Lídia foi embora, deixando Cátia tremendo de raiva. — Esse Sebastião é mesmo um idiota! Foi completamente manipulado por aquela mulher. Eu sempre achei ele esperto, mas dessa vez perdeu o juízo! — Desabafou Cátia, indignada.Ela se virou para mim e segurou meu braço com força.— Carol, você ouviu tudo, não foi?Eu soltei uma risada irônica. Claro que ouvi, afinal, eu mesma tinha dito tudo aquilo.— Carol, o Tião foi enganado, você sabe disso, né? Foi manipulado! — Insistiu Cátia, como se quisesse reforçar algo.— Tia, se Sebastião foi enganado, é porque ele deu abertura para isso. — Rebati, cortando qualquer tentativa de justificativa.Cátia abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Por fim, suspirou:— Como essa mulher pode ser tão cruel? Chegar ao ponto de passar a perna no próprio marido...Pensei comigo mesma: “Os pássaros morrem
Eu tinha acabado de desmascarar a hipocrisia e os planos ardilosos de Lídia na casa da família Martins. Não era de se estranhar que ela estivesse furiosa.Lídia me olhava fixamente. De repente, segurou a porta do carro. Quando achei que ela fosse abri-la para me puxar ou me agredir, ela abaixou o corpo e, para minha surpresa, se ajoelhou diante do carro.Aquilo era algo que eu não esperava. Pensei que talvez ela fosse implorar, mas jamais imaginei que ela fosse se ajoelhar. Essa mulher era mesmo capaz de qualquer coisa, sabia se dobrar quando necessário.Porém, ela se ajoelhar não me afetava em nada. Eu podia muito bem aceitar isso, afinal, ela havia roubado meu noivo. Mas o problema é que ela estava grávida, e ficar ajoelhada assim podia prejudicar o bebê. Se algo acontecesse, com certeza colocariam a culpa em mim. Por isso, eu não podia permitir que ela continuasse assim.Mesmo assim, não desci do carro para ajudá-la. Essa mulher estava claramente se aproveitando da gravidez para me
— Mas o Fernando também é humano, ele também se cansa. Muitas vezes eu o vi levantar no meio da noite para fumar um cigarro escondido. Sempre que isso acontecia, eu ficava com o coração apertado, me sentindo culpada por estar sendo um peso para ele. — Lídia balançou levemente a cabeça.— Eu quis me separar dele, e não foi por mim, não foi porque eu o rejeitava. Foi porque eu o amava. Não queria vê-lo se desgastando assim por minha causa. — A confissão de Lídia parecia mudar completamente a percepção que eu tinha dela.— Agora ele não está mais cansado. Nunca mais vai se cansar. — Murmurei, quase como um sussurro.Lídia percebeu o tom de ironia no que eu disse. Sua voz foi ganhando força, quase um grito:— Carolina, você nunca viveu um dia da minha vida! Você não entende o que é isso!Ela me encarou com firmeza, mas, depois de alguns segundos, a raiva em seus olhos começou a se dissipar. Sua voz saiu baixa, um pouco trêmula:— Carolina, sobre a morte do Fernando… Eu juro, eu nunca quis
Querer apenas a pessoa dele? Ela realmente tinha coragem de desejar isso.Olhei para o rosto dela, aquele semblante que parecia atrair pena de qualquer um. Minha voz saiu mais fria: — Lídia, você está enganada. Não é o Sebastião em si que você quer. Você quer o que ele representa, o status, a fortuna que vem junto com ele.Lídia apertou os lábios, hesitante. — Eu não nego... Mas... — Ela pausou, como se as palavras fossem flechas preparadas para atingir o alvo mais profundo. — Mas, com o tempo, Sebastião me tratou tão bem quanto Fernando. Talvez até mais. E eu acabei me apaixonando de verdade por ele. Quero estar com ele para o resto da vida.Ela não parecia estar só declarando sua decisão de lutar por Sebastião, mas também me lembrando, quase com orgulho, do cuidado que ele já teve por ela. Como se eu ainda fosse uma rival no coração dele.E mesmo agora, enquanto implorava minha ajuda, fazia questão de cravar uma faca no meu peito. Essa mulher achava que eu era mesmo tão fácil de ma
Sebastião não respondeu. Lídia já estava com o rosto banhado em lágrimas, a voz embargada. — Tião, eu não consigo viver sem você! Sem você, eu nem sei mais o que fazer da minha vida...Mas Sebastião continuava em silêncio. Lídia pensou que ele havia desligado.— Tião? Tião, você ainda tá aí? — Perguntou ela, olhando para a tela do meu celular, que ainda mostrava a ligação ativa. — Tião...— Lídia, quem te mandou ir na minha casa? Quantas vezes eu te avisei? Você já esqueceu? — Respondeu Sebastião, finalmente.A mão de Lídia, que segurava o celular, começou a tremer.— Tião, eu não tinha outra escolha... Eu só queria proteger essa criança. Você mesmo disse que ela não podia se machucar... — Lídia justificou-se, com a voz cheia de desespero.Eu não pude evitar um sorriso irônico. Mal fazia dois dias, Lídia queria se livrar da criança na frente dos pais de Fernando. Agora, fazia discurso de proteção.— Lídia, essa é a última vez. — Respondeu Sebastião, em um tom frio como gelo.— Tião...