O silêncio entre nós se prolongava, pesado e opressivo, tornando-se quase insuportável. Eu estava prestes a puxar algum assunto para encerrar a ligação quando a voz trêmula de Cátia cortou o ar, quase em um sussurro engasgado: — Foi aquela mulher que fez João ficar assim, e por isso, eu nunca a aceitarei.As palavras saíram com uma fúria contida que eu nunca imaginei que a Sra. Cátia pudesse expressar. Senti um calafrio percorrer minha espinha, e por um momento fiquei sem reação, sem conseguir dizer nada.— Carol. — Ela continuou, sua voz mais baixa, mas ainda carregada de ressentimento — se puder, venha ver João com mais frequência. Só você consegue trazer um pouco de paz ao coração dele.O peso daquelas palavras me deixou sobrecarregada, mas, mesmo assim, eu acabei concordando. Assim que a chamada terminou, fiquei ali, sentada no carro, encostada no banco, sentindo uma pressão sufocante que parecia me paralisar.Quando cheguei em casa, me joguei no sofá, encolhida, tentando ligar os
— Não sei. — George respondeu de forma seca, com aqueles duas palavras simples e diretas.Eu ri e, meio desafiadora, perguntei:— Não sabe? Então por que veio bater na porta?George, sem perder tempo, guardou os legumes que cortara e os colocou no prato, prontos para usar.— A senhora lá de baixo me disse que você tinha voltado.Eu fiquei sem saber o que dizer, apenas olhei para ele em silêncio.Bebi um gole do café e fiquei observando o homem cozinhar, o jeito que ele se movia na cozinha com tanta naturalidade. Mas, de repente, ele se virou e me encarou. — Está desconfiada de alguma coisa? — Ele perguntou, a voz grave, com um toque de curiosidade.Eu sorri de leve.— Desconfiando... de que você está me seguindo.Ele franziu a testa, claramente surpreso.— Hum? — Ele franziu levemente a testa.— Estou brincando. Sei que você não tem tempo para isso. — Disse, e então voltei para a sala, me sentando lá para tomar meu café.Depois de alguns goles, coloquei a xícara de lado e peguei o cel
Dizem que as mulheres adoram se arrumar para aqueles de quem gostam, e naquele momento, eu já tinha certeza de que me importava com George.Depois de lavar as mãos, saí do banheiro, e, no instante seguinte, George veio até mim, querendo me ajudar.Fiz um esforço para me mostrar forte, me afastando ligeiramente.— Estou bem. — Eu falei, tentando esconder a fraqueza na minha voz.Ele não insistiu, e, em vez disso, me seguiu até a mesa. Quando vi a refeição à minha frente, percebi que, além dos pratos principais que ele mencionara antes, havia também dois acompanhamentos leves e uma bandeja de frutas. A comida estava com uma aparência tão apetitosamente simples que já me dava água na boca.— George, sua irmã deve ser muito feliz. — Disse, como forma de agradecimento por todo o esforço que ele colocou na comida.George permaneceu em silêncio, e então, me veio à mente a lembrança de que a irmã dele tinha problemas de coração. De repente, um pensamento ousado surgiu na minha cabeça.— George
Naquela noite, deixei minha casa. George não estava, pois as janelas de sua casa estavam completamente escuras.Quando Miguel me ligou, eu já estava na sala de espera.Desta vez, não optei por pegar o avião, mas viajei de ônibus.Embora isso significasse mais duas horas de viagem, eu gosto da sensação de estar no chão, mais firme, do que flutuar pelo ar.— Carol, o carro já foi consertado, onde você está? Eu te entrego lá.A voz de Miguel era acolhedora, como um remédio para a alma.Olhei ao redor da sala de espera, onde todos estavam com a cabeça abaixada, olhando para seus celulares, e disse calmamente:— Deixe na oficina por enquanto. Eu mesma vou buscar.Miguel ficou em silêncio por um momento, e eu acrescentei:— Eu conheço essa oficina.Os carros da Família Martins sempre eram cuidados em uma oficina específica, e eu sabia disso.— O mestre disse que o seu carro foi modificado por alguém.As palavras de Miguel me paralisaram por um instante.Claro que fiquei um pouco culpada, já
Também é um verdadeiro destino turístico e de férias.Estava um pouco distraída, quando de repente ouvi alguém me perguntar:— Senhorita, quem você está procurando?Virei-me e vi uma garota vestindo um vestido branco, com os cabelos escuros trançados e caindo sobre o peito. Seus olhos eram incrivelmente brilhantes, como se tivessem sido lavados pelas águas das montanhas e rios.— Você é da família Junqueira, certo?Eu a perguntei em resposta.A garota piscou surpresa, e seus olhos se arregalaram um pouco.— Sim, senhorita. A senhorita veio procurar... meu irmão?Ao ouvir isso, fiquei completamente certa de que ela era irmã de George. Para ser honesta, ela não se parecia muito com ele, mas ambos eram igualmente impecáveis em aparência.George tem aquele tipo de beleza masculina, dura e forte, enquanto a irmã dele tinha uma beleza suave, que parecia ter sido moldada pela natureza.— Sim, sou amiga do George. — Disse, sorrindo, enquanto estendia a mão para ela.A irmã de George ficou surp
— Cunhada, obrigada por amar meu irmão, por aceitá-lo! — Disse Benedita, com um sorriso doce, ao mesmo tempo em que levantava as duas mãos para me entregar a xícara de chá. Seus olhos estavam repletos de lágrimas, brilhando como diamantes sob a luz suave.Nesse momento, meus olhos se umedeceram também, de forma inesperada.Mas, ao contrário da emoção, eu sorri e disse:— Olha só o que você está dizendo, como se seu irmão não fosse ninguém, como se ninguém mais o quisesse.Benedita fez uma careta, e eu peguei a xícara de chá que ela me oferecia. Ao dar o primeiro gole, um aroma fresco e limpo de flores se espalhou pela minha boca. A sensação era como um toque celestial.Nunca tinha experimentado algo tão puro e doce, sem igual.Era, sem dúvida, água do orvalho, a água dos céus, não era algo comum.— Cunhada, meu irmão não tem namorada, ele diz que tem medo de que a esposa não goste de mim, que me rejeite... — Benedita começou a falar, mas parou repentinamente, como se uma dor inesperada
Benedita me olhou com os olhos brilhando intensamente, quase como se estivesse esperando uma resposta.— Cunhada, você tem alguma solução? — Perguntou ela, com uma expressão de esperança que iluminava o ambiente.Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando encontrar as palavras.Soluções, eu tinha, sem dúvida. Mas, ao pensar no que George não se atreveu a fazer, eu me perguntava: seria eu capaz de arriscar?Se desse certo, seria maravilhoso. Mas, se falhasse, não seria apenas George quem me condenaria. Seria o peso da culpa e da tristeza que ele carregaria pela vida toda. Eu sabia que ele jamais me perdoaria. E o pior, o sofrimento dele seria insuportável.— Cunhada, você também não tem uma solução, né? — Benedita interpretou meu silêncio como uma resposta negativa.Ela abaixou os olhos, seu semblante carregado de uma melancolia profunda.— Meu irmão nem ao menos tenta, porque o risco é muito grande. Eu sei que, do jeito que estou, ninguém pode garantir nada.Ela suspirou, e en
Quando eu falei isso, Benedita ficou com a face pálida, e logo balançou a cabeça, segurando-me com força.— Cunhada, não é o que você está pensando! Meu irmão nunca gostou de outra garota, você é a primeira para ele.Vendo a expressão assustada dela, com os lábios quase sem cor, eu percebi que não podia assustá-la ainda mais. Ela tem problemas cardíacos, e não pode suportar sustos desse tipo.Levantei a mão e toquei levemente sua ponta do nariz.— Olha como você está nervosa. Eu sei, seu irmão já me disse que nunca teve namorada.Benedita assentiu com um sorriso tímido e completou:— Ele também nunca gostou de outra menina.Essa menina é realmente pura, sem uma mancha sequer. Se um dia ela começar a namorar, não vai aceitar nada que não seja genuíno. Mas, olhando para ela, me perguntei, no mundo de hoje, quantos ainda são tão puros como ela?De repente, uma preocupação me invadiu. E se ela se machucar quando começar a se apaixonar? Eu estava me preocupando demais, talvez. Mas essa meni