As palavras seguintes de George me soaram estranhamente familiares. Edgar havia dito algo muito parecido mais cedo, ou melhor, não foi Edgar, mas sim o grande chefe, segundo ele. Isso fez com que meu olhar recaísse sobre George, mas logo descartei a ideia. Por mais que eu tentasse, não conseguia imaginar nenhuma conexão entre ele e o tal chefe.— Caramba, que coragem! — O careca à frente soltou uma risada sarcástica. — Já que você é tão durão, hoje vai aprender o preço de ser assim.Enquanto falava, ele estalou o pescoço, fazendo um barulho seco. Logo em seguida, gritou:— Quebrem tudo!Imediatamente, os homens atrás dele começaram a destruir o parque de diversões. George não se moveu, e eu sabia o porquê. Ele não estava com medo. Ele sabia que, se esses homens causassem danos no parque, estariam mexendo com algo muito maior: os negócios de Sebastião. A situação passaria a outro nível.Nesse momento, os seguranças do parque apareceram. Talvez não se importassem com os problemas pessoa
— O que está acontecendo aqui? — A voz fria de Sebastião ecoou pelo parque. Ele falava com aquele tom distante e autoritário típico de um CEO.A transformação era impressionante. Não havia mais traço do homem que, há pouco, estava tentando me provocar com piadas. Dizem que as mulheres mudam de atitude rápido, mas os homens, às vezes, não ficam atrás.O chefe dos seguranças, ainda pálido de susto e com as pernas trêmulas, correu até ele para explicar a situação.Quando terminou de ouvir o relato, Sebastião dirigiu seu olhar para George:— Então, tudo isso foi causado por uma rixa pessoal sua, George?Naquele momento, percebi que Sebastião estava tentando colocar a culpa em George.Mas George não mordeu a isca. Manteve-se em silêncio. Isso fez com que uma expressão irônica surgisse nos lábios de Sebastião.— George, o que está acontecendo? — Ele perguntou, com um tom de falsa curiosidade.— Foi exatamente como ele relatou. — Respondeu George, sem tentar se esquivar.Sebastião se abaixou,
Miguel parecia já ter entendido o que estava acontecendo. Ele lançou um olhar para George e disse:— Essa questão o George vai saber resolver. Ele não vai deixar que problemas pessoais interfiram no trabalho. Além disso, a segurança falhou em não impedir a entrada de pessoas não autorizadas no parque, então não podemos colocar toda a culpa nele.O rosto de Sebastião ficou ainda mais sombrio. Ele claramente não esperava que Miguel defendesse George dessa forma, desafiando sua autoridade como presidente.— Chefe Sebastião, agora o parque está sob minha responsabilidade. Pode deixar que eu resolvo essa situação. — Completou Miguel, praticamente acusando Sebastião de estar ultrapassando seus limites.A raiva de Sebastião estava quase explodindo. Se Miguel não fosse seu irmão, qualquer outro já teria sido demitido na hora.— Muito bem, mas se acontecer algo assim de novo, você vai dividir a responsabilidade com ele. — Rosnou Sebastião antes de se afastar.Quando ele finalmente se foi, senti
"Ela me espera, e eu sou obrigada a ir? Quem ela pensa que é?" Pensei, ignorando a mensagem completamente. Sebastião, imerso em sua fúria, nem notou o que apareceu na tela.— Carolina, você está realmente decidida a não ficar mais comigo? — Ele perguntou, com a voz carregada de raiva.Eu já estava cansada de repetir a mesma resposta, então devolvi com outra pergunta:— E o que você quer que eu faça para que você finalmente entenda que estou falando sério? Quer que eu me case com George?Eu já tinha beijado George na frente de Sebastião, mas ele ainda achava que era só uma brincadeira.— Carolina! — Sebastião gritou meu nome com raiva, seus olhos brilhando de fúria.No passado, esse tipo de reação por parte dele me aterrorizava, mas agora... Não sentia absolutamente nada. Era como se toda a emoção tivesse morrido.A verdade era simples: quando você deixa de se importar com uma pessoa, tudo muda.Respirei fundo, baixei os olhos por um instante e voltei a encará-lo:— Sebastião, acabou.
Fui procurar Luana, e por sorte ela estava em casa.— Da última vez, você me ligou de madrugada. O que aconteceu? Eu estava saindo de uma cirurgia e estava exausta. Nem te liguei de volta. Você estava doente? — Luana perguntou assim que me viu, lembrando-se do ocorrido.Tirei os sapatos e caminhei descalça pelo tapete em direção à sala.— Se eu estivesse doente, provavelmente já estaria virando pó agora. — Respondi, com uma pitada de sarcasmo.Luana se aproximou e passou o braço pelos meus ombros.— Por que você está brava?— Não estou. Eu sei que você está sempre ocupada. Foi só uma bobagem. — Não mencionei sobre a doença de George.Mas Luana não se deixou convencer.— Se você ligou de madrugada, não era bobagem.Suspirei e finalmente admiti:— Foi o George que ficou doente.Luana, sem perder tempo, me ofereceu metade do suco de melancia que acabara de preparar.— Esse homem está cada vez melhor, hein? Querida, se você não segurar ele, vai se arrepender pelo resto da vida.Minha cabeç
Ela queria se casar com Sebastião? O que mais explicaria aquela pergunta?Mas, dois horas atrás, Sebastião ainda estava tentando me reconquistar.De repente, me lembrei da pergunta que ele me fez: “Se algo acontecer comigo, você se arrependeria?”Será que ele estava tentando fazer com que eu me arrependesse usando uma jogada dessas? Se era isso, ele só podia estar louco. E, pior, sendo imaturo e ridículo.Fingi não entender.— Como assim?— Eu quero ficar com o Tião. Quero casar com ele. — Lídia disse, sem rodeios.Sorri, mas sem emoção.— É mesmo? Então, parabéns.— Mas estou preocupada. Não sei se os pais dele vão aceitar esse filho. — Ela respondeu, com uma expressão de angústia.Comecei a tamborilar os dedos na mesa, sem dizer nada. Esse assunto não me dizia respeito. Não havia nada que eu pudesse acrescentar.— Carolina. — Ela me chamou com a voz um pouco mais firme. — Eu sei que você tem uma posição importante na família Martins, e sei que os pais do Tião te tratam como se fosse
Ela preferia mulheres com personalidade forte. Segundo ela, se a pessoa era toda miúda, de aparência frágil, não tinha como ter grandeza de espírito nem de caráter.Embora julgar pela aparência não fosse a atitude mais correta, Cátia era uma mulher experiente, que já tinha visto muita coisa nessa vida, e suas opiniões, por mais duras que fossem, sempre tinham um certo fundamento.— Eu não posso te ajudar. — Fui direta.— Por quê? — Lídia perguntou, com um leve desespero na voz.Eu molhei os lábios e disse calmamente:— A mãe do Sebastião, a Cátia, tem uma personalidade muito forte. Não é qualquer um que consegue mudar a opinião dela.— Mas ela gosta muito de você. O que você disser, ela vai ouvir. — Lídia respondeu, abaixando os olhos, numa tentativa de parecer vulnerável. — Você sabe da minha situação, Carol. Sem o Tião, eu não sei como vou continuar.Era cômico. Quando o marido dela morreu, ela não mostrou esse desespero. Agora, por causa de Sebastião, ela estava agindo como se fosse
Queria me enterrar ali mesmo. Pela segunda vez, tinha passado por uma situação vergonhosa com ele!Da primeira vez, eu o vi saindo do banho. Agora, ele ouviu todos os meus devaneios sobre seu corpo.Eu estava convencida de que ele tinha feito de propósito. Eu bati naquela porta por um bom tempo. Por que só abriu agora?Naquele momento, a única saída era fingir que estava bêbada e que não lembrava de nada. Assim, eu não ficaria com vergonha, e ele que teria que lidar com o constrangimento.— Luana, não te disse que ele estava aqui? — Falei com a maior naturalidade possível, apontando para George como se nada tivesse acontecido.O canto da boca de Luana tremia, tentando segurar o riso, enquanto ela encarava George.— Ela bebeu um pouco demais. — Disse Luana, com uma expressão de quem estava tentando me salvar.— Eu não estou bêbada! — Retruquei, colaborando com o teatro. Afinal, quem bebia nunca admitia estar bêbado.Luana, aproveitando a deixa, me beliscou discretamente na cintura.— Cl