"Ela me espera, e eu sou obrigada a ir? Quem ela pensa que é?" Pensei, ignorando a mensagem completamente. Sebastião, imerso em sua fúria, nem notou o que apareceu na tela.— Carolina, você está realmente decidida a não ficar mais comigo? — Ele perguntou, com a voz carregada de raiva.Eu já estava cansada de repetir a mesma resposta, então devolvi com outra pergunta:— E o que você quer que eu faça para que você finalmente entenda que estou falando sério? Quer que eu me case com George?Eu já tinha beijado George na frente de Sebastião, mas ele ainda achava que era só uma brincadeira.— Carolina! — Sebastião gritou meu nome com raiva, seus olhos brilhando de fúria.No passado, esse tipo de reação por parte dele me aterrorizava, mas agora... Não sentia absolutamente nada. Era como se toda a emoção tivesse morrido.A verdade era simples: quando você deixa de se importar com uma pessoa, tudo muda.Respirei fundo, baixei os olhos por um instante e voltei a encará-lo:— Sebastião, acabou.
Fui procurar Luana, e por sorte ela estava em casa.— Da última vez, você me ligou de madrugada. O que aconteceu? Eu estava saindo de uma cirurgia e estava exausta. Nem te liguei de volta. Você estava doente? — Luana perguntou assim que me viu, lembrando-se do ocorrido.Tirei os sapatos e caminhei descalça pelo tapete em direção à sala.— Se eu estivesse doente, provavelmente já estaria virando pó agora. — Respondi, com uma pitada de sarcasmo.Luana se aproximou e passou o braço pelos meus ombros.— Por que você está brava?— Não estou. Eu sei que você está sempre ocupada. Foi só uma bobagem. — Não mencionei sobre a doença de George.Mas Luana não se deixou convencer.— Se você ligou de madrugada, não era bobagem.Suspirei e finalmente admiti:— Foi o George que ficou doente.Luana, sem perder tempo, me ofereceu metade do suco de melancia que acabara de preparar.— Esse homem está cada vez melhor, hein? Querida, se você não segurar ele, vai se arrepender pelo resto da vida.Minha cabeç
Ela queria se casar com Sebastião? O que mais explicaria aquela pergunta?Mas, dois horas atrás, Sebastião ainda estava tentando me reconquistar.De repente, me lembrei da pergunta que ele me fez: “Se algo acontecer comigo, você se arrependeria?”Será que ele estava tentando fazer com que eu me arrependesse usando uma jogada dessas? Se era isso, ele só podia estar louco. E, pior, sendo imaturo e ridículo.Fingi não entender.— Como assim?— Eu quero ficar com o Tião. Quero casar com ele. — Lídia disse, sem rodeios.Sorri, mas sem emoção.— É mesmo? Então, parabéns.— Mas estou preocupada. Não sei se os pais dele vão aceitar esse filho. — Ela respondeu, com uma expressão de angústia.Comecei a tamborilar os dedos na mesa, sem dizer nada. Esse assunto não me dizia respeito. Não havia nada que eu pudesse acrescentar.— Carolina. — Ela me chamou com a voz um pouco mais firme. — Eu sei que você tem uma posição importante na família Martins, e sei que os pais do Tião te tratam como se fosse
Ela preferia mulheres com personalidade forte. Segundo ela, se a pessoa era toda miúda, de aparência frágil, não tinha como ter grandeza de espírito nem de caráter.Embora julgar pela aparência não fosse a atitude mais correta, Cátia era uma mulher experiente, que já tinha visto muita coisa nessa vida, e suas opiniões, por mais duras que fossem, sempre tinham um certo fundamento.— Eu não posso te ajudar. — Fui direta.— Por quê? — Lídia perguntou, com um leve desespero na voz.Eu molhei os lábios e disse calmamente:— A mãe do Sebastião, a Cátia, tem uma personalidade muito forte. Não é qualquer um que consegue mudar a opinião dela.— Mas ela gosta muito de você. O que você disser, ela vai ouvir. — Lídia respondeu, abaixando os olhos, numa tentativa de parecer vulnerável. — Você sabe da minha situação, Carol. Sem o Tião, eu não sei como vou continuar.Era cômico. Quando o marido dela morreu, ela não mostrou esse desespero. Agora, por causa de Sebastião, ela estava agindo como se fosse
Queria me enterrar ali mesmo. Pela segunda vez, tinha passado por uma situação vergonhosa com ele!Da primeira vez, eu o vi saindo do banho. Agora, ele ouviu todos os meus devaneios sobre seu corpo.Eu estava convencida de que ele tinha feito de propósito. Eu bati naquela porta por um bom tempo. Por que só abriu agora?Naquele momento, a única saída era fingir que estava bêbada e que não lembrava de nada. Assim, eu não ficaria com vergonha, e ele que teria que lidar com o constrangimento.— Luana, não te disse que ele estava aqui? — Falei com a maior naturalidade possível, apontando para George como se nada tivesse acontecido.O canto da boca de Luana tremia, tentando segurar o riso, enquanto ela encarava George.— Ela bebeu um pouco demais. — Disse Luana, com uma expressão de quem estava tentando me salvar.— Eu não estou bêbada! — Retruquei, colaborando com o teatro. Afinal, quem bebia nunca admitia estar bêbado.Luana, aproveitando a deixa, me beliscou discretamente na cintura.— Cl
— Ainda não. Ela marcou a cirurgia de aborto, vou verificar o horário. — Luana fez uma pausa e, depois de alguns segundos, me informou. — Onze horas.Olhei para o relógio. Eram dez horas.— Ela não disse o motivo? — Perguntei novamente.— Não, só disse que não queria mais o bebê. Assinou os papéis sozinha. O feto já tem mais de três meses, então será necessário fazer uma curetagem. — Luana me explicou detalhadamente.Mesmo nunca tendo sido mãe, aquelas palavras fizeram meu coração apertar.— Segura a situação por enquanto. Vou avisar o Sebastião. — Falei com firmeza.— Você tem certeza de que vai se meter nisso? — Luana perguntou, cautelosa.Hesitei por um momento.— Ontem mesmo eu encontrei com ela, e agora ela vai fazer o aborto. Se eu não avisar o Sebastião, ele vai ficar sem saber o que pensar. Além disso... — Suspirei. Aquele era o único laço de sangue que Fernando deixara no mundo.Desliguei a ligação com Luana e imediatamente liguei para Sebastião. Ele não atendeu. Considerando
Depois disso, não ouvi mais nada do que Sebastião disse. Aquela revelação já era mais do que suficiente para me deixar em choque.Todas as minhas dúvidas de antes agora faziam sentido, mas a verdade era mais amarga do que eu podia imaginar.Eu conhecia Fernando. Ele era um homem magro, mas cheio de vida, com uma energia leve e agradável. Nunca imaginei que sua morte tivesse sido causada por não suportar ver sua esposa envolvida com seu melhor amigo.Agora tudo se explicava: a razão pela qual Sebastião ficou tão devastado após a morte de Fernando. Ele era o verdadeiro culpado.E também não era de se estranhar que os pais de Fernando tratassem Lídia com tanto desprezo, nem sequer reconhecendo o bebê que ela carregava. Talvez eles nunca tivessem acreditado que a criança fosse realmente de Fernando.O fato de Sebastião ter me traído nunca me causou tanto ódio quanto agora, ao perceber o quanto ele era culpado. Ele não só destruiu uma vida, mas a de seu melhor amigo.Luana percebeu que eu n
O sorriso no rosto de Pedro congelou com a minha pergunta. Ele hesitou por um momento antes de me perguntar, com um tom cauteloso:— Por que você quer saber disso?— Quero visitá-lo. — Falei com firmeza.Pedro me olhou de um jeito estranho, como se estivesse tentando entender o que se passava na minha cabeça.Não ofereci mais explicações. Não mencionei que a morte de Fernando tinha relação com Sebastião. Eu tinha certeza de que Pedro desconhecia esse fato, caso contrário, ele já teria rompido a amizade com Sebastião.— Aconteceu alguma coisa? — Pedro perguntou, preocupado, mas sem me dar a resposta que eu queria.— Só me leva até lá. — Respondi, sem entrar em mais detalhes.Ele percebeu minha insistência e, talvez por se preocupar, decidiu me acompanhar. Assim, seguimos para o cemitério onde Fernando estava enterrado.Quando chegamos, demos de cara com os pais de Fernando, Marcos e Ivana. À distância, podíamos ouvir o choro de Ivana, misturado com palavras de raiva.Embora eu não conse