Na hora de pagar, recebi uma ligação do George.— Estava ocupado antes e só vi sua mensagem agora. — Explicou ele.— Hum, eu imaginei. Está com tempo agora? — perguntei.— A que horas? — ele respondeu.Pensei um instante. Se fôssemos às seis, seria a hora do jantar. O Sr. João e a Sra. Cátia com certeza iam me convidar pra comer. Eu não me importaria, mas talvez George se sentiria desconfortável.— Às sete e meia. — Sugeri. Esse horário já teria passado o jantar na casa de Martins.— Certo. Posso ir te buscá-la às sete? — George perguntou.Acabei rindo.— Vai me buscar de bicicleta compartilhada?Eu realmente só disse por graça, mas a pausa do outro lado da linha me fez perceber que ele poderia ter entendido errado.— Não... não foi isso que eu quis dizer. — Apressei-me em explicar. — Eu posso ir buscar você.— Eu volto para casa meia hora antes. Quando for hora, a gente sai juntos. — Ele disse, antes de fazer uma pausa. — Precisa que eu leve algum presente?— Não precisa.
Balancei a cabeça desamparadamente: — Ela deveria saber de quem é o filho. Se você está tão curiosa, por que não vai perguntar diretamente pra ela?— Não tenho tempo pra isso. Prefiro ficar babando pelo George. — Ela resmungou.Quando ela mencionou George, lembrei que ele ainda não tinha voltado. Olhei o relógio na parede e perguntei casualmente:— Já está em casa? Conversando comigo assim, você já terminou o expediente? Ou está se escondendo no banheiro de novo?— Carol, que pergunta! Acha que sou assim? — Ana protestou. — Nosso querido George ficou muito mais flexível. Hoje até liberou todo mundo mais cedo.— Sério? Quanto tempo faz que saíram?— Uns trinta minutos. Eu já estou em casa, deitada no sofá. — Ela contou, e eu rapidamente fiz as contas de quanto tempo George levaria pra chegar. Ele já deveria ter voltado.Porém, ainda não tinha ouvido nenhum barulho da porta. Talvez tenha se atrasado no caminho.— Vocês agora saem cedo assim e sem horas extras? O trabalho ainda va
Eu nunca imaginei que toparia com a cena de George saindo do banho.Era daquele tipo em que só uma toalha estava amarrada na cintura, deixando o peito e as pernas expostos, cobrindo apenas o essencial.George também ficou pasmo, parecia que não esperava que eu entrasse de repente, e eu podia ver o rubor em sua pele bronzeada.Por um momento, nós apenas ficamos lá, parados e olhando um para o outro, sem dizer nada, como se o tempo tivesse congelado.Só quando George voltou ao quarto é que consegui me mexer, engolindo em seco algumas vezes.Foi então que percebi o calor nas minhas bochechas...Olhando para a porta fechada do quarto de George, eu sabia que ele estava vestindo alguma roupa. Lembrei das roupas que comprei para ele e disse:— George, não coloque a roupa ainda, espere um pouco.Assim que terminei, me virei, mas senti algo estranho. O que foi que eu disse?Eu pedi para ele não se vestir, e ainda disse para ele me esperar...Essa frase não tinha problema nenhum, mas n
— Achei que, se você precisasse de mim, viria me chamar. — Respondeu George de forma casual.Mas aí eu disse, impulsivamente:— Então você saiu daquele jeito de propósito?A expressão de George mudou levemente.— Não, eu só ouvi o celular tocar e vim atender. Aconteceu de ser um momento inesperado...Sim, realmente foi.Mas, ao menos, ele estava em boa forma. Não foi uma visão ruim.A caminho da casa dos Martins, George não falou nada, e achei que ele estava nervoso.— Quando chegarmos, você só precisa dar um oi. Qualquer pergunta, eu respondo. — Orientei.George assentiu:— Certo.— E se Sebastião estiver lá e fizer algum comentário, você não precisa ser educado. — Acrescentei.George assentiu de novo:— Okay.— Ah, e sobre nossa história... Vamos dizer que nos conhecemos na cidade B e que você se interessou por mim e veio até aí por isso.Essa última parte me fez corar um pouco.— Não vou errar essa parte. — Respondeu George.— Hum? — Fiquei um pouco confusa com sua
Eu ouvi em silêncio, sem responder.Fiquei com medo de falar algo errado e deixar George chateado. Além disso, pensei nos meus pais, e logo me lembrei do acidente de carro deles.Foi um acidente, ou por causa da outra coisa?Naquela época, eu era muito pequena para entender o que tinha acontecido com meus pais. Foi Sr. João, o pai de Sebastião, que cuidou de tudo.Talvez ele seja o único que saiba a verdade sobre o acidente. Quando eu o ver, vou aproveitar para perguntar.George viu que eu não falava nada e também parou de conversar. Seguimos em silêncio o caminho inteiro.Meu carro tem permissão automática para entrar na propriedade dos Martins, então entrei direto.Assim que a governanta do jardim me viu, saudou-me alegremente:— Carol, você voltou! Vou avisar o senhor e a senhora Martins.— Não precisa, tia Maria. Eu mesma entro. — Sorri.A tia Maria olhou para George, que tinha descido do carro e se aproximado de mim. Sabia que ela estava curiosa sobre quem ele era, então
Ela não acreditou e deu mais um tapa nele:— Não use a Carol para me distrair, eu não caio nessa.— Milha tia! — Chamei.Ela estremeceu ao me ouvir, virou-se e, ao me ver, os olhos brilharam, mas logo percebeu que eu provavelmente tinha presenciado a cena íntima e seu rosto ficou imediatamente vermelho.Ela soltou a mão do senhor João e veio na minha direção:— Carol, você chegou. Já comeu? Vou pedir para a tia Maria preparar algo.— Eu já comi. — Menti. Não tinha comido nada.Na hora, lembrei-me de que ainda não perguntei se George tinha comido.— Porque você não veio comer em casa? — Ela me repreendeu suavemente.Ela agia como se não tivesse visto George e não dirigiu nenhuma palavra a ele. Eu sabia que não era por falta de atenção nem por estar tão concentrada em mim. Essa era a maneira dela de mostrar sua desaprovação.Mas, como uma dama de uma família poderosa, a senhora Cátia não demorou muito a notar George e, após meia-minuto, olhou para ele:— É amigo da Carol, cert
George então virou a cabeça e olhou para mim.Ao mesmo tempo, senti a mão dele apertar a minha, claramente mais forte.Naquele instante, tive a sensação de que ele estava segurando o meu coração.Dizem que os dedos estão conectados ao coração, e essa frase nunca fez tanto sentido.— Vou dar tudo de mim para a Carina, amá-la como amo a minha própria vida e protegê-la.George me encarava, e nos olhos dele, profundos como o mar, havia um brilho suave. Diz que amor profundo como o oceano... finalmente entendi o que essa expressão significava.Embora nosso relacionamento fosse uma encenação, eu sentia que George estava me fazendo uma verdadeira declaração de amor.Esse homem é um verdadeiro cafajeste.Fazendo o falso parecer real.Ele disse isso e, então, me vi obrigada a corresponder. Levantei a mão para segurar a dele em resposta, mas sua postura me fez ranger os dentes; pedi que ele interpretasse, não que trouxesse esse teatro para a realidade.Por isso, levantei a mão e aperte
Desde que não era mais obrigada a praticar a caligrafia com o João, eu mal pegava numa caneta. Embora não fosse mais tão jovem, meu comportamento lembrava o de uma criança na escola: se havia uma oportunidade de evitar o esforço, eu não hesitava.— Não tem problema, escreva sem medo. O que sair está ótimo. — João me encorajou, estendendo a caneta em minha direção mais uma vez.Diante disso, não tive outra escolha a não ser aceitar.Eu já havia segurado aquela caneta antes, mas no instante em que a peguei dessa vez, ela pareceu muito mais pesada. Talvez fosse por estar mergulhada em tinta, ou talvez fosse o olhar cheio de expectativa de João.Ele esperava que eu ainda fosse capaz de escrever como antes, que eu ainda tivesse no meu coração e na minha mente apenas o Sebastião. Assim, eu continuaria sendo a menina da família Martins.Com a mão trêmula, comecei a escrever, mas, apesar dos meus esforços, as letras saíam desiguais, sem firmeza.Eu sabia que João não estava interessado na bele