RUBY PORTMANA recepção da empresa estava um caos absoluto. Assim que passei pela porta de vidro, fui recebida por uma cena de completo pandemônio. Funcionários corriam de um lado para o outro, carregados de pilhas de papelada, com expressões de urgência gravadas nos seus rostos. O telefone da recepção tocava insistentemente, abafando ainda mais o som de chamadas vindas de outros setores. Alguns clientes, sentados desconfortavelmente nas cadeiras de espera, trocavam olhares impacientes, cruzando e descruzando as pernas em um claro sinal de irritação.Aproximei-me do recepcionista, um jovem do novo turno que mal parecia ter 20 anos, e questionei a razão de todo aquele tumulto. Ele apenas me olhou de relance, a testa franzida e o telefone grudado ao ouvido, enquanto murmurava algo em um tom ansioso. Antes que pudesse repetir a pergunta, outro toque estridente ecoou, interrompendo qualquer tentativa de resposta. O garoto, com um aceno rápido de cabeça, apontou para o lado de fora do corr
RUBY PORTMAN— Muito bem, como já mencionado na proposta, este projeto de rebranding é crucial para a Radcliffe's e foi cuidadosamente planejado para destacar os principais valores da marca. Fizemos esboços preliminares que gostaríamos de apresentar — começou Danile. — Nosso objetivo foi capturar a essência da Radcliffe’s, que é a combinação de inovação e elegância — afirmou, apontando para um design minimalista que trazia uma nova paleta de cores. — A proposta inclui embalagens que trazem um toque contemporâneo, mas sem perder o caráter sofisticado que caracteriza a marca.Eu observava a tela enquanto ela passava pelos primeiros esboços de design. Eram boas ideias, algumas promissoras, mas o que me deixou desconcertada foi a rapidez com que haviam sido produzidas. O e-mail de Harry havia chegado há poucos dias. O time de design certamente estava em uma corrida frenética para impressionar.Harry cruzou os braços, a mandíbula contraída de forma quase imperceptível enquanto assistia à a
RUBY RADCLIFFE Um sorriso que não alcançava os seus olhos apareceu nos seus lábios. A inclinação sutil da sua cabeça fez-me sentir como se eu estivesse sendo estudada, dissecada. — Interessante como você ainda se apega a promessas que já perderam o valor — respondeu com a voz baixa, afiada como lâmina. — E mais interessante ainda é ver você defendendo essa empresa que mal consegue manter a fachada, uma espelunca para alguém que tem pais influentes. Nem um café decente ou uma recepção digna ao cliente… Patético, nem se digna a ser melhor ou pelo menos, fingir. As palavras dele eram como veneno, infiltrando-se sob a minha pele e me fazendo querer responder à altura. Mas segurei firme, não permitindo que ele visse o impacto que causava. — Pode ir embora, Harry. Você não é bem-vindo aqui. Não volte. Mas ele deu um passo à frente, eliminando a distância entre nós de uma forma que me deixou sem ar. O cheiro familiar do seu perfume amadeirado era tão discreto quanto sempre fora, mas ag
Olá, queridos leitores! 💙Passei aqui para pedir desculpas pela ausência de capítulos nas últimas semanas. Infelizmente, meu carregador do PC estragou, e isso acabou dificultando bastante a continuidade do trabalho. Estou correndo para resolver a situação e, se tudo der certo, até a próxima semana as coisas estarão normalizadas. Prometo compensar essa pausa com muita dedicação e capítulos incríveis!Com todo o carinho,Advanjat
RUBY PORTMANDesliguei o tablet e o deixei de lado, pousando-o sobre o sofá. Peguei a minha taça de vinho branco, girando o líquido suavemente antes de levar a taça aos lábios. Três anos. Três longos anos haviam se passado desde o desaparecimento de Harry e da sua família. Eu estava prestes a completar 30 anos, uma nova década de vida se aproximando, mas minha mente ainda insistia em voltar ao que aconteceu, ou ao que deixou de acontecer. Três anos de ausência, de silêncio, de especulações e de um vazio que, por mais que eu tentasse, nunca conseguia preencher completamente.Durante esse tempo, eu havia tentado de tudo para esquecer, para seguir em frente. Queria sentir raiva de Harry, nutrir um ressentimento profundo por ele, por ter me deixado sem respostas, sem um adeus. Queria odiá-lo, desejar que ele pagasse por tudo de ruim que significou na minha vida. No entanto, a cada semana, sem falhar, eu pegava-me lendo tabloides, procurando por qualquer sinal, qualquer notícia que dissess
RUBY PORTMANDespedindo-me de Johnny com um aceno rápido, deixei-o na cozinha e me dirigi à porta. Ele estava ocupado com algo, talvez preparando um jantar, ou procurando alguma bebida, como de costume, não questionou a minha saída repentina. Eu sabia que assim que eu chegasse não o encontraria mais, já que nos víamos apenas aos finais de semana, e, muito raramente nos dias úteis, já que eu trabalhava mais do que devia, ele também. E a nossa relação funcionava assim, ninguém se aborrecia com ninguém e tínhamos cada um o seu espaço, embora eu sempre soube que ele quer algo, além disso, já que ultimamente o tema casamento não tem saído da sua boca.Saí do apartamento e entrei no elevador, pressionando o botão para o piso térreo. Enquanto descia, a minha mente vagava, como sempre fazia nessas horas. As paredes do elevador refletiam uma versão minha que parecia diferente da jovem que havia começado a trabalhar na Radcliffe’s tantos anos atrás. Havia uma maturidade que o tempo e as experiê
RUBY PORTMANSophia estava na cozinha, movimentando-se com a familiaridade de quem já considerava meu apartamento quase uma extensão de sua própria casa. O cheiro do café fresco e do pão torrado enchia o ar, criando uma atmosfera aconchegante que contrastava com o som constante das teclas do meu laptop enquanto eu trabalhava no relatório do trabalho. Tinha um prazo apertado para entregar, e a manhã parecia ser o único momento em que eu conseguia encontrar um pouco de paz para me concentrar.Enquanto eu digitava, Sophia começou a puxar assunto, algo que ela sempre fazia para quebrar o silêncio, especialmente quando percebia que eu estava mergulhada demais em meus pensamentos. Ela mexia na frigideira, preparando algo que eu ainda não conseguia identificar, mas que certamente seria delicioso, como sempre.— E então, Ruby? — Começou, sem olhar para mim. — Como vai seu relacionamento com o Johnny? Ainda não tivemos a chance de conversar sobre ele direito.Suspirei, interrompendo a escrita
RUBY PORTMANAcordei com uma decisão clara na mente: não mais permitir que Harry Radcliffe, o seu passado ou a sua família ocupassem qualquer espaço na minha vida. Três anos já haviam se passado, e a cada semana que se iniciava, eu me encontrava repetindo os mesmos padrões. Lendo tabloides, comprando flores para o túmulo da irmã dele… Isso precisava acabar. Eu queria seguir em frente, e para isso, era necessário encerrar esses rituais que só me mantinham presa ao que já devia ter sido superado.Levantei da cama com uma energia diferente, disposta a aproveitar o dia. Johnny vinha sendo paciente comigo, sempre compreensivo, mesmo quando eu guardava para mim certas dúvidas e ressentimentos que ainda nutria por Harry. Talvez tivesse chegado a hora de reconsiderar a proposta de Johnny de vivermos juntos. Era uma decisão que eu vinha adiando, mas se eu realmente queria seguir em frente, talvez fosse a hora de dar esse passo.Depois de um banho rápido, vesti-me com algo confortável e fui até