Ela havia enlouquecido inúmeras vezes, gritado em silêncio até ficar rouca, e a única coisa que conseguia fazer era se machucar cada vez mais, sem encontrar um modo de desabafar.No dia em que saiu da prisão, Carolina disse a si mesma que tudo havia ficado para trás, que o sol, finalmente, iluminaria seu caminho. Mas os anos de sofrimento haviam deixado marcas profundas, mesmo quando o sol realmente brilhou sobre ela, a falta de confiança persistiu.Seria o sol mesmo? E por quanto tempo ele permaneceria?Não era que Carolina não confiasse em José, mas sim que ela não confiava em si mesma.— Sr. José, esta é a resposta da escola. Eles já relataram a situação de Carolina, e se a prisão injusta for confirmada, com novas provas que demonstrem que o julgamento original estava errado, podemos apresentar uma apelação. — O advogado mostrou a resposta da Universidade A para José.— Quais as chances de sucesso? — José estava na porta, olhando para Carolina, que dormia na cama. Seu rosto estava
— Pode ir. — José levantou a mão, segurando a testa.O advogado hesitou. Depois de um longo silêncio, finalmente decidiu falar: — Sr. José, já suportou isso por mais de dez anos. Alguns dias a mais não farão diferença.José não disse nada.Foram mais de dez anos.Desde que era apenas uma criança, algumas sementes já haviam começado a criar raízes em silêncio.— José, se lembra: eu nunca tiraria a própria vida, nunca.— José... enquanto eu tiver você, nunca faria algo para machucar a mim mesma. Guarde isso: se algum dia algo acontecer comigo, com certeza não será suicídio...Ele nunca conseguiu apagar essa memória. Naquele ano, ele tinha apenas oito anos, e Ricardo, embriagado, provocou uma cena de violência doméstica que deixou a casa em completo caos.Naquela noite tempestuosa, com chuva e vento fortes, José ficou parado atrás da porta, observando Ricardo golpear repetidamente sua mãe com um taco de golfe.Ele estava trancado do lado de dentro. Não importava o quanto gritasse ou chora
Uma vez que a morte da mãe de José estivesse relacionada à Família Reis, as pessoas da Família Reis sabiam muito bem... José tomaria a vida delas.— Sr. José, o Sr. Ricardo pediu para que você... participe pontualmente da coletiva de imprensa à tarde.Carolina estava deitada no peito de José, sem saber quanto tempo se passou, até que Afonso lhe ligou.Como ela havia imaginado, Ricardo ainda estava insistindo para que José se casasse com Sofia.— Você... vai? — Carolina segurava firmemente a roupa de José, perguntando baixinho.— Você quer que eu fique? — José sorriu suavemente.Carolina se sentou no colo de José, abaixando a cabeça enquanto mordia o canto dos lábios.Ela realmente não queria que José fosse.Assim que José e Sofia ficaram noivos, isso significou o fim do relacionamento deles.— De que jeito você quer que eu fique? — A voz de José estava rouca, ele se recostava preguiçosamente no sofá.Apesar de ele não ter a intenção de ir, ainda assim fazia questão de intimidar Carolin
— Às vezes você é esperta, às vezes não? — José, claramente irritado, puxou Carolina para si e deu um leve toque em sua testa.Carolina fechou um olho instintivamente, achando que seria muito dolorido, mas ele controlou a força.— Seis anos... Com o temperamento de Sofia, se ela realmente tivesse provas de que estive com ela há seis anos, ela não iria divulgar? Em outras palavras, se ela fosse a pessoa que esteve comigo antes de seis anos, ela teria esperado até agora para revelar?Carolina pensou sobre isso, mas se não fosse Sofia, quem mais poderia ser?Se fosse outra pessoa, poderia ser ainda mais complicado.José segurou Carolina em seus braços e começou a editar seu post no Instagram.Legenda: De mãos dadas, envelhecer juntos.Em pouco tempo, o post de José dominou a plataforma, alcançando o topo das tendências.Todos estavam comentando no Instagram dele, dizendo que haviam terminado o namoro.Os três primeiros comentários mais populares receberam respostas inesperadas de José.Co
— Eu só quero saber se é verdade ou não. — Pedro levantou a mão, puxando os cabelos, claramente com muita dor de cabeça.— Que verdade ou mentira, ela mesma admitiu no tribunal, você já esqueceu? — Lídia revirou os olhos, pegou a xícara de café e se dirigiu até a janela. — Vamos continuar. José deixou seu pai furioso, e os membros do conselho estão lá. Seu pai certamente vai tomar uma decisão, e assim que você tiver mais ações do que José, podemos o tirar definitivamente do jogo.Lídia queria que José fosse expulso do Grupo Santos, expulso da Família Santos.Sem o Grupo Santos, sem a Família Santos, o que restaria para José? Como ele teria coragem e qualificação para se orgulhar?Os dedos de Pedro se apertaram lentamente, e ele se endireitou. — OK.Ele faria o possível para convencer seu pai a entregar a empresa para ele.Ele não seria pior do que José.Sem o apoio do Grupo Santos, o que José representaria?Queria dar a volta por cima? Criar seu próprio negócio? Ele jamais permitiria q
Do lado de fora da porta, Afonso continuava apertando a campainha e ligando sem parar.No entanto, José simplesmente ignorava, fingindo não ouvir nada.— Sr. Ricardo, por favor, não se irrite, não se irrite! Estou aqui na porta da sua casa batendo, mas parece que o Sr. José não está em casa. Vou dar um jeito de entrar em contato com ele. Não tome nenhuma atitude precipitada, por favor!— Sr. Ricardo, o Sr. José é seu filho. Que pai ficaria realmente bravo com o próprio filho? Não pode agir assim!— O conselho também não vai concordar com isso! — Afonso estava à beira do desespero, quase soltando um xingamento.Era óbvio que Ricardo estava tentando usar as ações e o cargo de presidente como forma de ameaçar José. Ele havia deixado bem claro: José tinha meia hora para chegar à sala de reuniões da empresa. Caso contrário, ele convocaria o conselho para o destituir de seu cargo.— Sr. José! — Afonso desligou o telefone quase chorando.Agora não era o momento certo! Ele não conseguia entend
E se ele realmente fosse expulso da empresa? O que ele faria?— Querido... — Carolina mordeu o lábio, com a voz tão baixa que mal dava para ouvir.Os dedos de José pararam por um momento, e ele se sentou mais ereto. — Não ouvi.Do lado de fora, os gritos de Afonso eram tão desesperados que pareciam estar matando um animal.— Sr. José! Sr. José, por favor, saia......Carolina queria rir, mas também sentiu pena de Afonso.Só podia agradar a José primeiro. — Querido...— Esse nome está te incomodando? — José ergueu uma sobrancelha, puxando Carolina para o seu abraço. — Não escutei direito.— Querido... — Carolina fez força e disse, sem mais opções.Na verdade, ao dizer isso, não foi tão estranho quanto ela imaginava, e até sentiu um leve... encantamento.José apertou um pouco mais os braços ao redor de Carolina, abaixou a cabeça e a beijou na testa. — O casamento deveria ser algo sagrado, mas foram esses canalhas que estragaram tudo...Seu olhar ficou pesado, e José se levantou, trocando
Cidade A, prisão.- Ao sair, não olhe para trás, viva bem.Carolina se virou e se curvou, ficou tremendo no vento frio.Cinco anos.Quando foi presa, tinha apenas 21 anos.- Entre no carro.Ao lado da estrada, estacionava um Maybach preto, e a voz do homem era fria.Ele era o irmão de Carolina, a quem ela chamou de irmão por 21 anos, até descobrir subitamente que não tinha laços de sangue com ela.- Irmão... - Carolina disse com a voz rouca, olhando para baixo de forma desconfortável.- Não sou seu irmão, não me enoje. - Rui Silva ficou sério e verificou o relógio. - Você roubou vinte e um anos da vida de minha irmã, a fez sofrer abusos naquela casa, como ousa me chamar de irmão.Carolina mexeu os lábios rachados, mas não conseguiu dizer uma palavra.A Silva de Cidade A tinha apenas uma filha, Carolina, filha do empregada, enquanto a verdadeira herdeira da família Silva havia sido secretamente substituída pela filha do empregada.- Desculpe... - Carolina murmurou com a voz rouca após u