— Muito simples. — Tiago diz, com uma expressão de confusão, como se buscar o endereço de uma empresa não necessitasse de instrução.— Quem é o seu pai? — José acha interessante conversar com esse garoto.Afonso dirige o carro, seus olhos quase presos no retrovisor. Este é realmente o Presidente Santos? Entreter uma criança dessa maneira.— Você é o papai. — Tiago claramente acredita que José é seu pai.No mundo simples de uma criança, essas coisas são diretas, sem complexidades.José esboça um sorriso. Ele nunca soube que poderia ser tão querido pelas crianças.Como ele se lembra, o pestinha da Luísa chorava ao vê-lo, como se estivesse diante de um monstro.Sem dúvida, esse garotinho era ainda mais adorável. — Você me dá isso, e eu te compro um novo, pode ser? Tiago pensa por um momento, depois assentiu ingenuamente. — Se você gosta, eu te dou, não precisa comprar um novo para mim. — Por quê? — Não quero que o papai gaste dinheiro. — Tiago sabe que ganhar dinheiro é difíc
— Eu vejo que você não está suja, não ouça o que ela diz. — Nuno entregou o chocolate na mão de Carolina.Carolina não hesitou, pegou o chocolate e comeu um pedaço.Luana não sabia que, na primeira vez que mencionou que casaria Carolina com Nuno, Carolina já havia perguntado em segredo aos empregados sobre a situação de Nuno.Nuno tinha transtorno bipolar e delírios persecutórios, mas ele não surtava o tempo todo, apenas quando era provocado.Quando ele não estava em crise, não havia diferença entre ele e uma pessoa normal.Carolina estudara psicologia na prisão e lera muitos livros sobre o assunto, então compreendia a psicologia desse tipo de pessoa: eles odeiam ser menosprezados, têm um ego sensível e frágil, mas também possuem um forte instinto de proteção. Apenas fingindo ser uma vítima mais fraca que eles é possível despertar esse instinto protetor.— Dona Lopes disse para você ser minha esposa, disse que eu poderia fazer amor com você. — Nuno sentou-se ao lado de Carolina,
Fora do depósito, Dona e algumas pessoas conversavam alegremente, sem se importar com o destino de Carolina.Um carro preto entrou, e Dona rapidamente ficou em pé, assustada. — Se... Senhor José.Por que José estava de volta neste horário?Normalmente, José nunca voltava nesse horário.José desceu do carro, e um pequeno garoto o acompanhava.Dona ficou pálida de medo, não era aquele o filho ilegítimo de Carolina?— Senhor José, como você...— Onde está Carolina? — José perguntou em um tom sério.— Não... não a vi. — Dona rapidamente negou com a cabeça.Tiago olhava na direção do depósito nos fundos, e ao ouvir o som de coisas sendo quebradas, começou a correr para lá.Na sua primeira visita à casa dos Santos, eles o trancaram com sua mãe lá.— Tiago! — Afonso, ainda desconfiado desse menino, seguiu-o.O depósito estava trancado por fora, mas havia claramente alguém dentro.— Abra a porta! — Afonso gritou.As mãos de Dona tremiam de medo, hesitando em abrir a porta.— Não
Carolina não disse nada e fechou os olhos, fingindo estar desmaiada. Ela tinha medo de ser descoberta. Os olhos de José pareciam um sol ardente, como se pudessem ver através de tudo, sem lugar para se esconder. Afonso olhou para Tiago, que estava sentado no banco da frente, apertando o cinto de segurança sem emitir nenhum som, e não resistiu em consolá-lo. — Sua mãe está bem, não vai acontecer nada com ela. Tiago finalmente criou coragem para olhar para a mãe. Ele não era medroso nem tinha medo de sangue; ele tinha medo de perder a mãe. José franziu a testa e, instintivamente, tirou o paletó para cobrir Carolina, escondendo as manchas de sangue em suas roupas. Ele temia que a criança ficasse assustada ao ver. Tiago olhou firme para Carolina e depois para José. — Papai, você vai sempre proteger a mim e à mamãe, certo? José hesitou por um momento, ele não podia prometer isso à criança, pois sabia que não podia cumprir. Ele não podia cuidar de Carolina o tempo todo.
Carolina levantou a cabeça e olhou para José, demorando um tempo antes de falar. — Presidente Santos, isso não faz sentido...Se ela mencionasse Luana, envolvendo-a, apenas atrairia o desprezo desmedido da família Pedro e Silva.Ela só queria se proteger.Ela não era como José, naturalmente privilegiada e poderosa.José franziu a testa. — Ser maltratada e não saber se defender, qualquer dano sofrido é culpa própria.A voz de José era fria, assustando um pouco Carolina.José não era um bom samaritano no sentido tradicional, mas de fato a salvou muitas vezes, e ela era grata a ele, embora não pudesse esperar que José a entendesse.— Presidente Santos, vamos fazer uma aposta. — A voz de Carolina estava rouca, mas seu olhar era intenso.José olhou para Carolina com interesse. — Apostar o quê?— Mesmo que eu fale, Luana não sofrerá nenhuma consequência. — Carolina deu um sorriso amargo.Mas se ela fizesse isso, Pedro e Rui não a deixariam em paz.Ela já podia imaginar as consequê
Ao se levantar, Carolina falou novamente. — Quando eu estava na prisão, aquelas pessoas colocavam coisas sujas no meu copo de água. Na verdade, eu sabia que havia sujeira no copo, e quando eu reagi, elas ficaram ainda mais perversas. Então eu simplesmente não reagi, suportei a repulsa e bebi, uma vez, duas vezes... contanto que eu aguentasse até que perdessem o interesse, elas parariam de me torturar assim. Carolina, depois de desenvolver depressão, perdeu a fala e por um longo tempo não conseguiu falar.Mas ao enfrentar José, parecia que ela tinha muitas coisas que queria explicar.— Justamente quando estavam prestes a perder o interesse por esse tipo de tortura, uma colega de cela, na frente de todos, gentilmente me alertou. O que originalmente poderia ter passado apenas com paciência, acabou trazendo uma vingança ainda mais intensa, afinal, aquela colega de cela não podia me proteger o tempo todo, ela foi libertada no segundo ano.Carolina deu um sorriso amargo.Depois que a c
Carolina correu apavorada para a casa incendiada, mas foi impedida pelos bombeiros. — Esta é sua casa? Pegou fogo a noite toda, se o vizinho não tivesse acordado com a fumaça, teria queimado tudo.— Não entre, lá dentro ainda não está seguro, essas casas antigas desmoronam com o fogo.Carolina, com os dedos trêmulos, ajoelhou-se no chão. Por causa de sua depressão severa, quando atingida por um choque, ela perdia a fala. Ela queria falar, mas as palavras não saíam, queria levantar o braço, mas parecia que ele não respondia.O irmão... ainda estava lá dentro.O que ela mais temia era envolver seu irmão.Por que... por que ainda não a deixavam em paz?Tremendo, Carolina se encolheu e chorou silenciosamente no chão.Por que tinham que tratá-la assim?Até que ponto precisavam torturá-la para finalmente desistirem?Será que realmente queriam sua morte para que Pedro parasse?— Meu tio, o tio ainda está lá dentro. — Tiago chorava, segurando a mãe, apontando para a casa. — Tio, sal
Augusto perdeu o controle e começou a se debater. — Rui, seu desgraçado, se tem coragem, venha para cima de mim.A orelha de Carolina, que já estava enfaixada, machucou-se novamente, e agora talvez seu ouvido esquerdo realmente não ouvisse mais.Deitada no chão, Carolina tentou inutilmente rastejar até Tiago.Ele estava apavorado e continuava limpando o sangue do nariz.— Augusto, minha irmã quase morreu ontem por causa dessa vadia, e ela ainda consegue fazer José intervir, impressionante. — Rui chutou com força o estômago de Carolina, parecia estar furioso por ela ter achado um protetor.— Carolina, você realmente está ficando cada vez mais esperta. Que truque usou para seduzir o José? — Rui puxou novamente o cabelo de Carolina, forçando-a a olhar. — Olhe bem.Depois disso, Rui sinalizou aos seguranças para agirem contra Augusto. — Qual foi a mão que você usou para molestar minha irmã, hein? Faça sua irmã assistir ao modo como eu vou acabar com você.Augusto se debateu, sua mão