Ao se levantar, Carolina falou novamente. — Quando eu estava na prisão, aquelas pessoas colocavam coisas sujas no meu copo de água. Na verdade, eu sabia que havia sujeira no copo, e quando eu reagi, elas ficaram ainda mais perversas. Então eu simplesmente não reagi, suportei a repulsa e bebi, uma vez, duas vezes... contanto que eu aguentasse até que perdessem o interesse, elas parariam de me torturar assim. Carolina, depois de desenvolver depressão, perdeu a fala e por um longo tempo não conseguiu falar.Mas ao enfrentar José, parecia que ela tinha muitas coisas que queria explicar.— Justamente quando estavam prestes a perder o interesse por esse tipo de tortura, uma colega de cela, na frente de todos, gentilmente me alertou. O que originalmente poderia ter passado apenas com paciência, acabou trazendo uma vingança ainda mais intensa, afinal, aquela colega de cela não podia me proteger o tempo todo, ela foi libertada no segundo ano.Carolina deu um sorriso amargo.Depois que a c
Carolina correu apavorada para a casa incendiada, mas foi impedida pelos bombeiros. — Esta é sua casa? Pegou fogo a noite toda, se o vizinho não tivesse acordado com a fumaça, teria queimado tudo.— Não entre, lá dentro ainda não está seguro, essas casas antigas desmoronam com o fogo.Carolina, com os dedos trêmulos, ajoelhou-se no chão. Por causa de sua depressão severa, quando atingida por um choque, ela perdia a fala. Ela queria falar, mas as palavras não saíam, queria levantar o braço, mas parecia que ele não respondia.O irmão... ainda estava lá dentro.O que ela mais temia era envolver seu irmão.Por que... por que ainda não a deixavam em paz?Tremendo, Carolina se encolheu e chorou silenciosamente no chão.Por que tinham que tratá-la assim?Até que ponto precisavam torturá-la para finalmente desistirem?Será que realmente queriam sua morte para que Pedro parasse?— Meu tio, o tio ainda está lá dentro. — Tiago chorava, segurando a mãe, apontando para a casa. — Tio, sal
Augusto perdeu o controle e começou a se debater. — Rui, seu desgraçado, se tem coragem, venha para cima de mim.A orelha de Carolina, que já estava enfaixada, machucou-se novamente, e agora talvez seu ouvido esquerdo realmente não ouvisse mais.Deitada no chão, Carolina tentou inutilmente rastejar até Tiago.Ele estava apavorado e continuava limpando o sangue do nariz.— Augusto, minha irmã quase morreu ontem por causa dessa vadia, e ela ainda consegue fazer José intervir, impressionante. — Rui chutou com força o estômago de Carolina, parecia estar furioso por ela ter achado um protetor.— Carolina, você realmente está ficando cada vez mais esperta. Que truque usou para seduzir o José? — Rui puxou novamente o cabelo de Carolina, forçando-a a olhar. — Olhe bem.Depois disso, Rui sinalizou aos seguranças para agirem contra Augusto. — Qual foi a mão que você usou para molestar minha irmã, hein? Faça sua irmã assistir ao modo como eu vou acabar com você.Augusto se debateu, sua mão
Santos Empresa.— Presidente Santos, neste trimestre o...José estava em uma reunião quando, de repente, o celular de alguém tocou.A sala de reunião ficou em um silêncio mortal.Todos se entreolharam apavorados. Quem teria a coragem de esquecer de colocar o celular no modo silencioso e ainda trazê-lo para dentro de uma reunião interna?Justo quando todos estavam tremendo de medo, José retirou seu próprio celular.Então todos respiraram aliviados.José franziu levemente a testa ao ver uma chamada de um número desconhecido em seu celular pessoal; poucas pessoas conheciam esse número.— Alô?Do outro lado, uma voz infantil e chorosa ressoou. — Papai, venha me salvar, por favor...Era Tiago, chorando e pedindo socorro para o pai.A sala de reunião estava tão silenciosa que todos olhavam chocados para José.Desde quando o nosso Presidente Santos tinha um filho? Ele se casou em segredo?José ouviu o choro ao telefone, seu coração apertou, ele se levantou bruscamente.Fez um ge
José não explicou, apenas olhou para Afonso. — Mande alguém procurar.O olhar de José caiu sobre o rosto de Tiago, seu semblante estava sombrio. — Quem bateu em você?Tiago abaixou a cabeça, sem dizer uma palavra.Augusto deu uma risada irônica. — Presidente Santos, o que você quer dizer com isso? Não são vocês que costumam pisar nas pessoas com indiferença?Tiago olhou para José com os olhos vermelhos de choro.De repente, Tiago sentiu o nariz quente, o sangue vermelho-escuro começou a escorrer novamente.Tiago, assustado, levantou a mão para cobrir o nariz, virou-se e agachou-se, com medo de José ver, temendo assustá-lo.— Tiago. — Augusto jogou fora o pedaço de pau que segurava e rapidamente pegou um lenço de papel para limpar o nariz de Tiago, mas sua mão estava machucada, fazendo isso de forma desajeitada, espalhando sangue por todo lado.Afonso tentou correr para ajudar, mas José foi mais rápido, pegou o papel e começou a limpar o nariz de Tiago.— Vamos para o hospital.
— Carolina... também não sabe? — Que tipo de vida privada ela tinha para não saber quem é o pai do próprio filho?— Não foi culpa de vocês? Como esse menino nasceu, por que Carolina estava na cama de um estranho, isso a família Santos e a família Silva deveriam saber bem. Para destruir uma mulher, vocês usaram todos os meios possíveis, e agora viera me perguntar quem é o pai da criança. — Augusto ficou furioso.— Senhor Martins, o senhor está bastante enganado sobre o nosso Presidente Santos, nosso Presidente Santos nunca fez nada contra vocês, e nem se rebaixaria a tal ponto. — Afonso também ficou um pouco irritado e explicou por José.Augusto achou aquilo irônico. — Todos da família Santos são farinha do mesmo saco.— Mesmo que Carolina tenha sido enganada para dar à luz Tiago, como ela pode não saber quem é o homem? — Afonso perguntou, descrente.Augusto não quis perder tempo explicando a Afonso e virou-se para procurar Tiago.Justamente quando José saiu com Tiago nos braços.
Rui mudou de expressão imediatamente e levantou-se abruptamente. — José?José já havia se envolvido nos assuntos de Carolina antes. O que isso significava agora? Ele estava ajudando Carolina?Carolina realmente tinha talento para fazer José ajudá-la.Até que ponto ela havia caído e se degradado?Rui apertou os dedos um a um e saiu da sala com a expressão sombria.— Entre em contato com Pedro, eu vou à casa dos Santos!Trazer Carolina de volta!...No trem de cor verde que ia para a Cidade C, Carolina estava encolhida no canto, comendo uma salsicha de frango.Ela havia subido no trem sem bilhete, com medo de que as famílias Silva e Santos usassem seus documentos para rastrear seu paradeiro.Logo estaria chegando.Ela, muito provavelmente, teria que se esconder fora de vista no futuro.Ao sair da estação de trem, Carolina, enquanto comia pão, procurou uma cabine telefônica pública para ligar para Augusto.— Irmão...— Carolina, onde você está... — Augusto perguntou ansioso.
A Cidade C, comparada à Cidade A, tinha menos requinte, mas mais extravagância.Nessa cidade de luzes brilhantes e cores cintilantes, a estranheza quase afogava Carolina, como se estivesse sendo levada por um rio.Carolina estava encolhida no canto, tremendo de frio.A Cidade C não era a Cidade A. Na Cidade A, o inverno não existia, embora ainda fosse gelada. Já na Cidade C, o inverno era real.À noite, a neve caía abundantemente, e os pedestres passavam apressados.Carolina apoiou-se no vidro da janela do chão ao teto, observando a neve caindo lá fora.Quando era criança, ela gostava dos dias de neve, porque a Cidade A não tinha inverno, então Carolina sempre desejou ver um dia de neve.— Carolina, este ano o irmão leva você para o norte para ver a neve.Ainda me lembro, no inverno do ano anterior à revelação de sua verdadeira identidade, seu irmão Rui havia organizado tudo e a pegado na escola, dando-lhe uma surpresa gigantesca.Quando pequena, Rui a amava. Tudo que um irmão