Algumas mulheres estavam fofocando, enquanto a gerente do departamento de pessoal olhou para o relógio: eram 8h40. Quem tinha tanto prestígio a ponto de ela ter que esperar?— Que importância essa pessoa deve ter para fazer Elisa esperar assim! — Alguém comentou, tentando causar intriga.Logo depois, Carolina entrou correndo, um pouco desajeitada. Ela havia se informado sobre o trajeto da casa de José até ali, mas não estava muito familiarizada com o metrô e acabou perdendo a estação. Ainda bem que não se atrasou. Olhando o relógio, viu que eram 8h41, e suspirou aliviada.— Olá, estou aqui para me apresentar. — Carolina entregou a carta de recomendação que Afonso lhe dera na recepção.Na área de descanso, algumas mulheres observaram Carolina e começaram a comentá-la. — Tem uma aparência bem inocente. Parece até familiar.— Sim, eu também acho que ela parece familiar.A gerente de RH, Lúcia, observou Carolina por um longo tempo e levantou-se surpresa. Não era a Carolina do famoso escând
A gerente do departamento pessoal naturalmente não imaginava que Carolina estivesse morando com José, muito menos que ele já tivesse contado a ela sobre seus hábitos e restrições. Algumas informações que a gerente passou para Carolina eram desconhecidas até mesmo por Afonso, e misturavam verdades com inverdades. Caso algum problema realmente ocorresse, Carolina poderia ser apenas repreendida ou demitida pelo Presidente Santos, mas a culpa não recairia sobre a gerente.A parte do café era verdadeira, José tinha o costume de tomar uma xícara de café puro pela manhã. A preparação do açúcar era um hábito de assistentes anteriores, mas os doces de amendoim eram exceção, pois José era alérgico a amendoim. Quanto à aversão do Presidente Santos a odores fortes, era verdade que ele não gostava de cheiros corporais devido à sua séria obsessão por limpeza, mas ele detestava ainda mais o perfume nas mulheres.Carolina anotou tudo com atenção, acenando seriamente para Lúcia. — Certo, gerente, eu vo
— Afonso foi a pessoa que a arranjou, vá falar com ele para perguntar. — Lúcia foi muito cautelosa. Ela estava no Grupo Santos há vinte anos e já trabalhava no departamento de RH há mais de dez anos. Para chegar aonde estava agora, ela certamente tem suas habilidades. Uma simples Carolina, ela não considerou uma ameaça.Mas parece que Lídia temia essa Carolina e enviou uma dúzia de mensagens no WhatsApp, pedindo para que, o mais rápido possível, fizessem Carolina sair do Grupo Santos por vontade própria. ...Carolina estava estudando no escritório, anotando tudo que a instrutora do departamento de treinamento havia explicado. — Daqui a dois dias será a avaliação, e somente passando você poderá começar a trabalhar. Afinal, como assistente do Presidente Santos, precisamos ser cautelosos, então se esforce bastante. — A instrutora destacou os pontos importantes para Carolina.Carolina assentiu. Ela não estava preocupada com isso. Como alguém que quase possuía uma memória fotográ
No Refeitório da empresa.Era meio-dia, e ninguém havia chamado Carolina para almoçar. Ela também não conhecia bem a empresa. Na verdade, de acordo com procedimento normal, a RH deveria ter designado alguém para apresentar a empresa a Carolina, mas Lúcia não achava que Carolina ficaria muito tempo na empresa, então deliberadamente dificultou as coisas.— Ei? Por que você ainda não foi almoçar? — Do lado de fora, uma colega de bom coração perguntou.Carolina olhou para o relógio e perguntou baixinho:— Boa tarde, onde fica o refeitório da empresa?A colega olhou para o relógio:— A essa hora, provavelmente não tem mais nada para comer. O pessoal do RH não te levou para conhecer a empresa? Carolina balançou a cabeça.— Então eu te levo lá. — A colega estava prestes a levar Carolina ao refeitório. Mas outra funcionária puxou a colega para o lado.— Por que você se importa com ela? Você sabia que ela entrou pela porta dos fundos? Dizem que só tem diploma de ensino médio e a
— É Matilde, Matilde me pediu para te ligar, ela teve um problema, você pode vir vê-la? — Alice estava chorando.Carolina prendeu uma respiração, segurando o celular com os dedos lentamente se apertando:— O que aconteceu?— A esposa de um antigo cliente, Sr. Thiago, que Matilde sempre cuidou, veio e… fez Matilde apanhar, Matilde está grávida e não sabia, teve hemorragia… mesmo que consigam salvá-la, não será possível salvar o útero.Alice chorava tanto a voz tremia:— Matilde não tem nada a ver com esse Thiago, eles são inocentes. Ela tem namorado, que é um dos gerentes do nosso clube. O bebê também é daquele gerente, e quando Matilde foi espancada, ele ainda se escondeu.Carolina respirou fundo. Ela já sabia que Matilde tinha namorado, mesmo que Matilde não dissesse, mas nos dias em que moraram juntas, Carolina percebeu.— Você chamou a polícia…? — Carolina levantou a cabeça e perguntou, com a voz já sem esperança.Na verdade, ela sabia que chamar a polícia não adiantaria
Na empresa, área de descanso dos funcionários.Carolina segurava o café, sentada na área de descanso, nervosa, apertando o celular. Matilde ia ficar bem... Ela era forte... Para Carolina, Matilde era o tipo de mulher que, mesmo jogada na lama, ainda floresceria. Ela era muito forte. Na prisão, ela contou que tinha perdido um filho porque não sabia que o homem era casado, e ela engravidou dele. Quando descobriu, ela ficou furiosa e exigiu dinheiro dele, dizendo que se ele não pagasse, ela abortaria o bebê. Na verdade, ela já havia decidido abortar. Ela só queria se vingar do canalha, mas acabou sendo presa por ele e pela esposa, acusada de extorsão... Que ironia.Na prisão, Matilde sempre dizia que nenhum homem valia a pena, e ela nunca mais confiaria neles facilmente. Depois de sair da prisão, ela decidiu usar os homens como degraus para subir na vida. Mas não sabia como, dessa vez, foi enganada mais uma vez. Aquele homem ficou assistindo enquanto ela apanhava, sem co
Lúcia, se seguisse por ela, acabaria se opondo a José abertamente. Com a situação no Grupo Santos ainda incerta, Lúcia naturalmente precisava calcular bem a quem deveria oferecer seu apoio.— Eu não vou te decepcionar. — Carolina fez uma reverência e saiu do escritório.Lúcia observou Carolina sair, cheia de interesse. Pelo visto, Lídia não estava completamente errada ao temer essa garota. Ela parecia fácil de intimidar, mas tinha mais determinação do que aparentava....Na área de Trabalho.Carolina analisava atentamente a agenda de trabalho passada de José, anotando em seu caderno os detalhes que o assistente anterior havia deixado de lado.— Aqui. — Afonso entrou na sala, sem que Carolina percebesse a batida na porta. Quando viu que havia uma caixa de sanduíches na mesa, ela rapidamente levantou a cabeça:— Sr. Afonso...— Não almoçou, né? Presidente Santos me pediu te trazer. — Afonso olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava por perto, e murmurou. — Aguent
Depois de uma tarde inteira trabalhando no escritório, Carolina nem tinha percebido que já era hora de ir embora. Ela deu uma olhada no seu caderno, guardou os documentos e atendeu o telefonema de Marcos.— Matilde já saiu de perigo e está acordada agora, não se preocupe. — Marcos relatou diretamente sobre a condição de Matilde. — Os médicos do hospital disseram que ela está com o emocional um pouco instável. Vou te buscar para irmos vê-la.Marcos mencionou Matilde para garantir que Carolina não recusasse ir com ele. Na verdade, Marcos conhecia Carolina bem, sabia que ela conseguira um emprego em Cidade A justamente para cortar todos os laços com ele. Para Marcos, aquilo era o jeito de Carolina mostrar seu descontentamento por ele não querer cancelar o noivado. Mas o casamento com a Família Reis realmente não era algo que ele pudesse decidir. O avô dele estava doente há anos e não podia se aborrecer.— Tá bom... Onde você está? Eu vou te encontrar. — Disse Carolina baixinho.