Depois de deixar essas palavras, Vasco saiu sem olhar para trás.No caminho de volta, ele começou a sentir algo estranho. Uma tosse violenta o atingiu de repente, e um gosto metálico subiu pela garganta.— Droga... — Murmurou ele, com os olhos se estreitando.Ele sabia o que aquilo significava. Marcelo havia conseguido causar um ferimento interno nele.Era difícil de acreditar. Vasco era um dos melhores em combate, treinado ao lado de Bernardo durante anos. Praticamente ninguém conseguia vencê-lo. No entanto, naquela luta recente, se Bernardo e Esther tivessem demorado mais alguns minutos para aparecer, ele poderia ter sido derrotado.Marcelo era realmente muito habilidoso. Vasco não tinha dúvidas de que, se Marcelo tivesse nascido no País B e tivesse mais ambição, ele poderia facilmente dominar qualquer coisa que quisesse. Felizmente, parecia que o único foco de Marcelo era proteger Esther....No quarto, Marcelo e Esther ficaram sozinhos novamente.Marcelo ergueu o queixo, indicando
Esther pressionou os lábios, sua expressão era séria.— Ivana, por favor, me leve até os feridos. Quero dar uma olhada.— Você! — Ivana explodiu de raiva.Mas o que podia fazer? Por mais irritada que estivesse, sabia que precisava atender ao pedido de Esther.Assim que chegaram à entrada do setor dos feridos, um cheiro intenso e horrível tomou conta do lugar. Era uma mistura de sangue, sujeira e algo que lembrava carne apodrecida.Esther não conseguiu se segurar e começou a engasgar, tentando segurar o impulso de vomitar.Ivana estava prestes a fazer um comentário sarcástico, mas Esther respirou fundo, recuperou o controle e entrou, mesmo com o rosto pálido.O que ela viu era muito pior do que o setor dos escravos. Pessoas com membros amputados, rostos desfigurados, olhos vazados... Era uma visão infernal.Quanto mais Esther caminhava, pior ficava. Alguns estavam presos em tambores de metal, enquanto outros eram mantidos em jaulas. Cobras venenosas e centopeias gigantes rastejavam por
Marcelo derrubou Vasco com facilidade, algo que chamou a atenção de Bernardo. Ele sabia muito bem das habilidades de Vasco e que poucos eram capazes de derrotá-lo.— Capitão Marcelo, não se esqueça de onde você está. Este é o meu território. Se eu quisesse machucar Esther, já teria feito isso há muito tempo. — Bernardo falou, seus olhos brilhavam com uma ameaça fria.Era um aviso direto. Esther estava ao alcance dele, e Marcelo sabia disso.Esther, que já estava alerta, apertou ainda mais o cabo da pistola escondida em sua cintura. Se necessário, ela não hesitaria em usá-la.Bernardo continuou:— Só quero conversar com Esther. Vá para a porta e nos espere lá. E se lembre, se não fosse por mim, vocês nem teriam chegado tão longe para encontrar quem estavam procurando.Marcelo ficou em silêncio, trocando um olhar tenso com Esther. Ele não queria sair, mas, ao ver o leve aceno dela, decidiu ir para a porta. Mesmo de lá, manteve os olhos fixos em Bernardo, como um predador pronto para atac
Bernardo estreitou os olhos, observando Marcelo.— Como você foi envenenado com isso?Ele percebeu de imediato. Marcelo estava envenenado, e não era qualquer veneno. Era algo criado pelo próprio Faraó.O fato de Marcelo, que era do País B, ter sido envenenado com aquilo deixou Bernardo intrigado.— O que você está dizendo? — Esther perguntou, incrédula.A revelação foi como um raio atingindo sua mente. Ela jamais esperava que Marcelo pudesse estar envenenado.Tudo começou a fazer sentido, como se as peças de um quebra-cabeça se encaixassem de repente. Marcelo planejou tudo antes de ir para lá. Ele não estava ali apenas para uma missão de paz. Havia algo mais. E sua decisão de se divorciar dela... Aquilo tinha outro motivo.Ela sentiu um nó se formar no peito. Tanto o veneno de Marcelo quanto o dela tinham a mesma origem.Com os olhos cheios de lágrimas, Esther olhou para Bernardo.— Você tem o antídoto?Por sua mente passaram flashes de lembranças. Rita, Geraldo, a desaparecida Sofia,
A resposta ecoou nos ouvidos de Gustavo, que imediatamente se virou para o homem à sua frente.— De quem é esse teste de DNA? — Ele perguntou, franzindo a testa.O homem balançou a cabeça, parecendo nervoso.— Sr. Gustavo, é uma amostra de sangue que o Sr. Vasco enviou.Gustavo não respondeu de imediato. Ele estreitou os olhos, avaliando a situação, mas se virou para sair.Ao dar alguns passos, parou de repente. Uma desconfiança cresceu em sua mente. Ele girou nos calcanhares e voltou para encarar o mesmo homem.Sacou sua arma e apontou diretamente para a cabeça dele.— O resultado desse teste não pode ter relação! — Sua voz era grave, cheia de ameaça.— S-sim, senhor... — Gaguejou o homem, apavorado com o cano frio da arma praticamente encostado em sua testa. Ele sabia que não tinha espaço para erro ou demora....Meia hora depois.O homem entregou o relatório nas mãos de Vasco.— Aqui está o resultado, Sr. Vasco.Vasco nem olhou o papel. Pegou o envelope intacto e saiu.Do lado de fo
O resultado do teste de DNA estava bem ali, confirmando que não havia relação com Esther. Ele não fez teste com a Estrella. Mas aquelas contas verdes estavam nas mãos de Esther. Isso só podia ser algum tipo de jogada de Geraldo. Antes de descobrir a verdade, Bernardo sabia que precisava proteger Esther.Com um brilho frio nos olhos, ele murmurou:— Sigam minhas ordens à risca. Não deve haver erros.Bernardo trocou de roupa antes de ir até o encontro do Faraó. Na entrada, se encontrou com Estrella. Assim que o viu, ela retirou o véu que cobria seu rosto.— Bernardo. — Disse ela, num tom gentil e suave.Estrella tinha traços delicados e uma beleza impecável. Bernardo, porém, respondeu de maneira fria:— Hum.A resposta seca fez Estrella murchar. Não importava o que ela fizesse para agradá-lo, Bernardo sempre mantinha essa postura indiferente. Não era assim com Esther. Pelo contrário, ele até havia designado Vasco para protegê-la."Qual é o encanto dessa garota?", pensava Estrella, enquan
— Não, Bernardo, eu não consigo! — Estrella levantou as mãos, recusando apressadamente. — Eu não sei fazer nada disso!Ela sabia que herdar o comando poderia ser algo bom, mas não era tão simples. O Faraó nunca faria isso sem segundas intenções. Seja para testar Bernardo ou para testá-la, ela não podia se deixar abalar naquele momento.Bernardo sorriu de canto.— Não sabe? Então aprenda. Você não está sempre se esforçando para aprender coisas novas?Os olhos do Faraó brilharam com uma intensidade cortante.— Não chamei vocês aqui para ouvir desculpas ou falsas modéstias. Vocês são irmãos. Devem apoiar um ao outro. Estrella, se não consegue se lembrar do passado, não tem problema. O que importa é o futuro. Durante o banquete, escolherei bons pares para vocês entre os melhores de Iurani.Não havia escolha.Estrella reprimiu a raiva durante todo o jantar. Quando finalmente acabou, ela voltou rapidamente para seu quarto. Assim que chegou, pensou em pedir a Ademir para chamar Gustavo. No en
Esther mordeu levemente o lábio, mas mesmo assim, deu alguns passos na direção de Bernardo.— O veneno de Marcelo... Você é filho do Faraó, tem influência. Será que você não poderia...— Eu não tenho influência nenhuma. Não consigo o antídoto. — Bernardo a interrompeu antes mesmo que terminasse a frase.Seu tom era frio e o olhar indiferente parecia feito de gelo. Esther percebeu que Bernardo queria forçá-la a procurar o Faraó pessoalmente.Mas só a ideia disso fazia seu coração pesar. O Faraó era cruel, sem escrúpulos. Se envolver com ele? Se Marcelo descobrisse, eles se tornariam inimigos automaticamente.Respirando fundo, Esther desabafou:— Nem eu nem Marcelo fizemos nada de errado. Por que é tão difícil? Por que as coisas precisam ser tão injustas?Para ela, o passado já tinha ficado para trás. Todos precisavam seguir em frente, mas parecia que Bernardo e o Faraó insistiam em mantê-la presa a algo que não existia mais.Bernardo analisou ela por um instante. Havia algo na urgência