Depois de cuidar do ferimento de Bernardo, Vasco entregou a ele alguns comprimidos.— Sr. Bernardo, eu não consigo entender por que o senhor fez isso. Aquele cara tem uma ligação muito forte com a Esther. Quando ouviu os tiros, ele só queria entrar lá e salvá-la. — Vasco apertou os lábios e falou em um tom baixo. — Com a situação do jeito que está agora, o Faraó já está de olho em você e na Esther.Bernardo sabia muito bem do que Vasco estava falando.Mas o que ele poderia fazer? Deixar Esther morrer? Isso, não era uma opção.— Vasco, você trabalha ao meu lado há muitos anos. Sabe que eu sempre tenho meus princípios e razões para agir como ajo. Sua única obrigação agora é obedecer minhas ordens. — Bernardo falou com firmeza, sua voz carregada de autoridade.Era óbvio que ele não estava disposto a dar explicações. Vasco sabia que não adiantaria insistir.— Vá até Esther e Marcelo e entregue algumas armas para eles se defenderem. — Disse Bernardo, com a voz rouca e séria.O nome Marcelo
Depois de deixar essas palavras, Vasco saiu sem olhar para trás.No caminho de volta, ele começou a sentir algo estranho. Uma tosse violenta o atingiu de repente, e um gosto metálico subiu pela garganta.— Droga... — Murmurou ele, com os olhos se estreitando.Ele sabia o que aquilo significava. Marcelo havia conseguido causar um ferimento interno nele.Era difícil de acreditar. Vasco era um dos melhores em combate, treinado ao lado de Bernardo durante anos. Praticamente ninguém conseguia vencê-lo. No entanto, naquela luta recente, se Bernardo e Esther tivessem demorado mais alguns minutos para aparecer, ele poderia ter sido derrotado.Marcelo era realmente muito habilidoso. Vasco não tinha dúvidas de que, se Marcelo tivesse nascido no País B e tivesse mais ambição, ele poderia facilmente dominar qualquer coisa que quisesse. Felizmente, parecia que o único foco de Marcelo era proteger Esther....No quarto, Marcelo e Esther ficaram sozinhos novamente.Marcelo ergueu o queixo, indicando
Esther pressionou os lábios, sua expressão era séria.— Ivana, por favor, me leve até os feridos. Quero dar uma olhada.— Você! — Ivana explodiu de raiva.Mas o que podia fazer? Por mais irritada que estivesse, sabia que precisava atender ao pedido de Esther.Assim que chegaram à entrada do setor dos feridos, um cheiro intenso e horrível tomou conta do lugar. Era uma mistura de sangue, sujeira e algo que lembrava carne apodrecida.Esther não conseguiu se segurar e começou a engasgar, tentando segurar o impulso de vomitar.Ivana estava prestes a fazer um comentário sarcástico, mas Esther respirou fundo, recuperou o controle e entrou, mesmo com o rosto pálido.O que ela viu era muito pior do que o setor dos escravos. Pessoas com membros amputados, rostos desfigurados, olhos vazados... Era uma visão infernal.Quanto mais Esther caminhava, pior ficava. Alguns estavam presos em tambores de metal, enquanto outros eram mantidos em jaulas. Cobras venenosas e centopeias gigantes rastejavam por
Marcelo derrubou Vasco com facilidade, algo que chamou a atenção de Bernardo. Ele sabia muito bem das habilidades de Vasco e que poucos eram capazes de derrotá-lo.— Capitão Marcelo, não se esqueça de onde você está. Este é o meu território. Se eu quisesse machucar Esther, já teria feito isso há muito tempo. — Bernardo falou, seus olhos brilhavam com uma ameaça fria.Era um aviso direto. Esther estava ao alcance dele, e Marcelo sabia disso.Esther, que já estava alerta, apertou ainda mais o cabo da pistola escondida em sua cintura. Se necessário, ela não hesitaria em usá-la.Bernardo continuou:— Só quero conversar com Esther. Vá para a porta e nos espere lá. E se lembre, se não fosse por mim, vocês nem teriam chegado tão longe para encontrar quem estavam procurando.Marcelo ficou em silêncio, trocando um olhar tenso com Esther. Ele não queria sair, mas, ao ver o leve aceno dela, decidiu ir para a porta. Mesmo de lá, manteve os olhos fixos em Bernardo, como um predador pronto para atac
Bernardo estreitou os olhos, observando Marcelo.— Como você foi envenenado com isso?Ele percebeu de imediato. Marcelo estava envenenado, e não era qualquer veneno. Era algo criado pelo próprio Faraó.O fato de Marcelo, que era do País B, ter sido envenenado com aquilo deixou Bernardo intrigado.— O que você está dizendo? — Esther perguntou, incrédula.A revelação foi como um raio atingindo sua mente. Ela jamais esperava que Marcelo pudesse estar envenenado.Tudo começou a fazer sentido, como se as peças de um quebra-cabeça se encaixassem de repente. Marcelo planejou tudo antes de ir para lá. Ele não estava ali apenas para uma missão de paz. Havia algo mais. E sua decisão de se divorciar dela... Aquilo tinha outro motivo.Ela sentiu um nó se formar no peito. Tanto o veneno de Marcelo quanto o dela tinham a mesma origem.Com os olhos cheios de lágrimas, Esther olhou para Bernardo.— Você tem o antídoto?Por sua mente passaram flashes de lembranças. Rita, Geraldo, a desaparecida Sofia,
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse