— Com que intenção você se aproximou de Bernardo? — Perguntou o Faraó, com a voz grave e carregada de raiva.Seu rosto estava escondido atrás da máscara, o que tornava sua figura ainda mais ameaçadora. Aquele ar de mistério fazia Esther se sentir profundamente desconfortável.Ela abaixou a cabeça, tentando parecer o mais submissa possível.— Foi só coincidência. Eu não tenho nenhuma intenção. — Ela respondeu, com uma voz firme, mas cheia de cautela.A busca de Esther por Rita e Luiz era algo que apenas Bernardo sabia. Ela não fazia ideia se ele tinha contado algo ao Faraó, mas estava apostando que ele não tinha feito isso. Bernardo, afinal, havia ensinado crianças a ler e a escrever e ajudado os aldeões com remédios. Por esse lado, ela acreditava que ele era uma boa pessoa.Era um risco, mas ela apostou.O Faraó soltou uma risada curta e fria.— Você, uma estrangeira do País B, veio até aqui fazer o quê? — Ele questionou, enquanto tirava uma arma do coldre em sua cintura.O cano da arm
Ao mesmo tempo, Marcelo agarrou o pulso de Vasco, e os dois começaram a lutar. Socos e chutes voavam de um lado para o outro, criando um clima tenso e explosivo.Dentro do prédio, apesar da forte vigilância na entrada, o interior estava relativamente vazio.Ninguém ousava se aproximar sem a permissão do Faraó. O local era grande, e o barulho da luta entre Marcelo e Vasco não alcançou os guardas do lado de fora.Marcelo tentava a todo custo se livrar de Vasco para entrar e ajudar Esther, mas Vasco não dava trégua. A briga continuava intensa, sem um vencedor claro....Dentro da sala.O Faraó ainda segurava a arma.Esther permanecia paralisada, o olhar fixo na cena.Ela já tinha visto de tudo, exércitos saqueando e incendiando vilas, Ivana torturando garotas na sua frente, inúmeros feridos e mortos. Mas nunca tinha enfrentado a ameaça de uma arma apontada diretamente para sua cabeça.No instante seguinte, sentiu um peso em seus ombros. Bernardo a envolveu em um abraço firme e protetor.—
Depois de cuidar do ferimento de Bernardo, Vasco entregou a ele alguns comprimidos.— Sr. Bernardo, eu não consigo entender por que o senhor fez isso. Aquele cara tem uma ligação muito forte com a Esther. Quando ouviu os tiros, ele só queria entrar lá e salvá-la. — Vasco apertou os lábios e falou em um tom baixo. — Com a situação do jeito que está agora, o Faraó já está de olho em você e na Esther.Bernardo sabia muito bem do que Vasco estava falando.Mas o que ele poderia fazer? Deixar Esther morrer? Isso, não era uma opção.— Vasco, você trabalha ao meu lado há muitos anos. Sabe que eu sempre tenho meus princípios e razões para agir como ajo. Sua única obrigação agora é obedecer minhas ordens. — Bernardo falou com firmeza, sua voz carregada de autoridade.Era óbvio que ele não estava disposto a dar explicações. Vasco sabia que não adiantaria insistir.— Vá até Esther e Marcelo e entregue algumas armas para eles se defenderem. — Disse Bernardo, com a voz rouca e séria.O nome Marcelo
Depois de deixar essas palavras, Vasco saiu sem olhar para trás.No caminho de volta, ele começou a sentir algo estranho. Uma tosse violenta o atingiu de repente, e um gosto metálico subiu pela garganta.— Droga... — Murmurou ele, com os olhos se estreitando.Ele sabia o que aquilo significava. Marcelo havia conseguido causar um ferimento interno nele.Era difícil de acreditar. Vasco era um dos melhores em combate, treinado ao lado de Bernardo durante anos. Praticamente ninguém conseguia vencê-lo. No entanto, naquela luta recente, se Bernardo e Esther tivessem demorado mais alguns minutos para aparecer, ele poderia ter sido derrotado.Marcelo era realmente muito habilidoso. Vasco não tinha dúvidas de que, se Marcelo tivesse nascido no País B e tivesse mais ambição, ele poderia facilmente dominar qualquer coisa que quisesse. Felizmente, parecia que o único foco de Marcelo era proteger Esther....No quarto, Marcelo e Esther ficaram sozinhos novamente.Marcelo ergueu o queixo, indicando
Esther pressionou os lábios, sua expressão era séria.— Ivana, por favor, me leve até os feridos. Quero dar uma olhada.— Você! — Ivana explodiu de raiva.Mas o que podia fazer? Por mais irritada que estivesse, sabia que precisava atender ao pedido de Esther.Assim que chegaram à entrada do setor dos feridos, um cheiro intenso e horrível tomou conta do lugar. Era uma mistura de sangue, sujeira e algo que lembrava carne apodrecida.Esther não conseguiu se segurar e começou a engasgar, tentando segurar o impulso de vomitar.Ivana estava prestes a fazer um comentário sarcástico, mas Esther respirou fundo, recuperou o controle e entrou, mesmo com o rosto pálido.O que ela viu era muito pior do que o setor dos escravos. Pessoas com membros amputados, rostos desfigurados, olhos vazados... Era uma visão infernal.Quanto mais Esther caminhava, pior ficava. Alguns estavam presos em tambores de metal, enquanto outros eram mantidos em jaulas. Cobras venenosas e centopeias gigantes rastejavam por
Marcelo derrubou Vasco com facilidade, algo que chamou a atenção de Bernardo. Ele sabia muito bem das habilidades de Vasco e que poucos eram capazes de derrotá-lo.— Capitão Marcelo, não se esqueça de onde você está. Este é o meu território. Se eu quisesse machucar Esther, já teria feito isso há muito tempo. — Bernardo falou, seus olhos brilhavam com uma ameaça fria.Era um aviso direto. Esther estava ao alcance dele, e Marcelo sabia disso.Esther, que já estava alerta, apertou ainda mais o cabo da pistola escondida em sua cintura. Se necessário, ela não hesitaria em usá-la.Bernardo continuou:— Só quero conversar com Esther. Vá para a porta e nos espere lá. E se lembre, se não fosse por mim, vocês nem teriam chegado tão longe para encontrar quem estavam procurando.Marcelo ficou em silêncio, trocando um olhar tenso com Esther. Ele não queria sair, mas, ao ver o leve aceno dela, decidiu ir para a porta. Mesmo de lá, manteve os olhos fixos em Bernardo, como um predador pronto para atac
Bernardo estreitou os olhos, observando Marcelo.— Como você foi envenenado com isso?Ele percebeu de imediato. Marcelo estava envenenado, e não era qualquer veneno. Era algo criado pelo próprio Faraó.O fato de Marcelo, que era do País B, ter sido envenenado com aquilo deixou Bernardo intrigado.— O que você está dizendo? — Esther perguntou, incrédula.A revelação foi como um raio atingindo sua mente. Ela jamais esperava que Marcelo pudesse estar envenenado.Tudo começou a fazer sentido, como se as peças de um quebra-cabeça se encaixassem de repente. Marcelo planejou tudo antes de ir para lá. Ele não estava ali apenas para uma missão de paz. Havia algo mais. E sua decisão de se divorciar dela... Aquilo tinha outro motivo.Ela sentiu um nó se formar no peito. Tanto o veneno de Marcelo quanto o dela tinham a mesma origem.Com os olhos cheios de lágrimas, Esther olhou para Bernardo.— Você tem o antídoto?Por sua mente passaram flashes de lembranças. Rita, Geraldo, a desaparecida Sofia,
A resposta ecoou nos ouvidos de Gustavo, que imediatamente se virou para o homem à sua frente.— De quem é esse teste de DNA? — Ele perguntou, franzindo a testa.O homem balançou a cabeça, parecendo nervoso.— Sr. Gustavo, é uma amostra de sangue que o Sr. Vasco enviou.Gustavo não respondeu de imediato. Ele estreitou os olhos, avaliando a situação, mas se virou para sair.Ao dar alguns passos, parou de repente. Uma desconfiança cresceu em sua mente. Ele girou nos calcanhares e voltou para encarar o mesmo homem.Sacou sua arma e apontou diretamente para a cabeça dele.— O resultado desse teste não pode ter relação! — Sua voz era grave, cheia de ameaça.— S-sim, senhor... — Gaguejou o homem, apavorado com o cano frio da arma praticamente encostado em sua testa. Ele sabia que não tinha espaço para erro ou demora....Meia hora depois.O homem entregou o relatório nas mãos de Vasco.— Aqui está o resultado, Sr. Vasco.Vasco nem olhou o papel. Pegou o envelope intacto e saiu.Do lado de fo