Esther apertou os lábios e, com um suspiro, falou em voz alta:— Sim. Você pode fazer isso?Ela fez a pergunta com certa ansiedade, mas também com uma ponta de esperança.Vasco, se lembrando das instruções de Bernardo, assentiu e respondeu de forma direta:— Fale, quem você está procurando?Esther respirou fundo e disse:— Luiz e Rita, um homem e uma mulher.Ela queria poder entrar pessoalmente e procurar, mas sabia que a carta preta que possuía ainda não a dava tamanha autoridade. Não sabia qual era a posição de Ivana agora, mas sabia que, com Vasco, talvez tivesse alguma chance.Vasco deu de ombros e, com uma expressão impassível, respondeu:— Volte para o seu lugar. Se eu souber de algo, te aviso.— Obrigada. — Esther agradeceu de forma sincera.Ela não era dona daquele lugar, e não importava qual fosse a posição de Vasco ou quem ele estivesse servindo, naquele momento, ela estava pedindo um favor.Vasco ficou surpreso com o agradecimento. Ele, que passava os dias ouvindo os xingame
— Eu posso te tirar daqui. — Esther colocou a mão no ombro da garota, a olhando com um olhar sincero. — Eu preciso de alguém agora... Você está aqui há muito tempo?A garota assentiu com a cabeça.— Sim, já estou aqui há muito tempo. — Ela falou, com um tom de voz baixo e triste. — Eu tenho resistência a alguns medicamentos, então muitas vezes tenho medo... Já vi tanta morte por aqui que me acostumei a viver com a ideia de que qualquer dia pode ser o meu último.Esther sentiu uma pontada de dor ao ouvir isso. Ela sabia bem o que era o desespero e a luta pela sobrevivência.— Eu entendo o que você está passando. — Esther respondeu, com empatia. — Já que você está aqui há tanto tempo, você ouviu falar de alguém chamado Rita?Ela precisava saber o paradeiro de Rita e de Luiz. Era urgente.A garota balançou a cabeça, parecendo triste.— Só os supervisores conhecem os nomes. A gente é jogado aqui, e todos os dias são uma luta. Ou é uma arena de morte ou experimentos intermináveis... Não tem
O homem também percebeu a presença de Esther.Quando os olhares dos dois se encontraram, Esther notou que os olhos do homem eram claros como a luz da lua cheia. Algo a incomodava. Apesar de ele ter um rosto completamente desconhecido, havia uma sensação de familiaridade inexplicável.Mas Esther desviou o olhar rapidamente.O homem, por outro lado, não conseguiu esconder a intensidade no fundo dos seus olhos. Era como se uma tempestade estivesse se formando ali.— Ele é o Luiz que você estava procurando? — Perguntou Vasco, percebendo o contato visual entre eles. Sua expressão ficou mais séria.Pelo que Esther havia contado, Rita e Luiz estavam presos no campo de escravos há algum tempo, mas o tal Marcelinho, que havia acabado de ser capturado, não parecia ser quem ela procurava.— Não. — Esther balançou a cabeça, respondendo com firmeza.O homem à sua frente não era Luiz. Eram rostos completamente diferentes.Ao ouvir a negativa e o nome de Luiz, os olhos do homem escureceram, carregado
Ela já havia aceitado o fato de estar presa ali. Apesar de não saber ao certo quais eram as intenções de Bernardo com ela, Esther tinha plena consciência de que, sem ele, já teria sido completamente destruída naquele lugar.Mas Marcelo? Ele arriscou tudo para se infiltrar ali!Marcelo segurou o rosto de Esther com as duas mãos e falou, com a voz rouca:— Esther, você foi capturada. Como você queria que eu ficasse parado, agindo como se nada tivesse acontecido?Para ele, não importava se era um covil de lobos ou um ninho de cobras. Enquanto Esther estivesse naquele lugar, ele estaria disposto a arriscar tudo para salvá-la.Nos olhos escuros de Marcelo, Esther enxergou uma determinação inabalável. Seu coração apertou.Marcelo tinha responsabilidades. Ele tinha um batalhão sob seu comando. Mesmo assim, deixou tudo para trás, só para encontrá-la.De repente, Esther se lembrou de como, antes de partir, Marcelo havia transferido todos os seus bens para o nome dela. Ele sempre cuidava para qu
No fim, Marcelo optou pelo silêncio. Apenas envolveu Esther em um abraço apertado, como se quisesse protegê-la de todo o mal do mundo.Quando ela mencionou Luiz, ele sentiu o peito pesar. A raiva lhe subiu à cabeça, mas logo se lembrou de que Luiz havia vindo até ali por causa dela. Era natural que Esther quisesse encontrá-lo.Agora, com Esther em seus braços, Marcelo sentia que nada mais importava. Ela estava viva, e isso já era o suficiente.Esther se aconchegou no peito de Marcelo. Talvez eles não tivessem um amanhã, mas, naquele momento, estavam juntos. Isso era tudo o que importava....Enquanto isso, do outro lado, Bernardo se preparava para procurar o Faraó. Antes que pudesse sair, Vasco apareceu diante dele.— Senhor. — Cumprimentou Vasco com uma leve inclinação de cabeça.— Como está a situação da Esther? — Bernardo perguntou direto, sem rodeios.Aos olhos de Vasco, a preocupação de Bernardo com Esther era mais do que evidente.— Você disse para respeitarmos a vontade dela. Ag
A maneira como o Faraó tratava Estrella, comprando bolos e vestidos para ela, parecia completamente diferente de como ele agia com Bernardo. Até quando falava com Esther, suas palavras soavam descontraídas. Agora, diante de Bernardo, sua postura era outra, tensa e cautelosa.— Não. — Bernardo negou imediatamente, quase por reflexo.Um leve sorriso frio surgiu no rosto de Faraó.— Então traga ela para cá. — Ele disse, sem rodeios.— Sim. — Respondeu Bernardo, com firmeza.O lugar mais perigoso poderia ser o mais seguro. Mantendo Esther perto do Faraó, ele sabia que Estrella não teria chance de machucá-la....Enquanto isso, Estrella estava em sua própria área quando Gustavo apareceu.— Sr. Gustavo, o que faz aqui? — Perguntou Estrella, surpresa ao vê-lo.— Vim ver como você está. — Gustavo respondeu, com as mãos escondidas atrás das costas.O que encontrou o incomodou. Estrella parecia estar vivendo até melhor do que ele imaginava.— Não quero que você seja como uma flor de estufa. — Di
Esther sabia muito bem que não tinha nada de especial para Bernardo. Ele não a tratava de forma diferente de qualquer outra pessoa. Na verdade, ela só estava tentando testá-lo.Bernardo sorriu calmamente.— Já te deixei procurar. Quando encontrar quem está procurando, pode ir embora. Mas, no meio de uma guerra, aqui é o lugar mais seguro para você.Sua voz era baixa e suave, quase tranquilizadora. Enquanto falava, seus olhos não saíam de Esther.Marcelo, que estava atrás dela, sentia o peito apertar. Não podia suportar o jeito como Bernardo olhava para Esther. Um único pensamento lhe passava pela cabeça. Ele queria puxá-la para seus braços naquele exato momento.— Vamos. — Bernardo disse, antes que Esther pudesse responder.Ele não explicou para onde a levaria, mas Esther sabia que, ao ir com ele, seria separada de Marcelo. Não havia chance de Bernardo permitir que Marcelo fosse junto.Esther pensou rápido.— Bernardo. — Ela chamou, hesitante.Ele se virou para ela, sem dizer nada. Seu
— Com que intenção você se aproximou de Bernardo? — Perguntou o Faraó, com a voz grave e carregada de raiva.Seu rosto estava escondido atrás da máscara, o que tornava sua figura ainda mais ameaçadora. Aquele ar de mistério fazia Esther se sentir profundamente desconfortável.Ela abaixou a cabeça, tentando parecer o mais submissa possível.— Foi só coincidência. Eu não tenho nenhuma intenção. — Ela respondeu, com uma voz firme, mas cheia de cautela.A busca de Esther por Rita e Luiz era algo que apenas Bernardo sabia. Ela não fazia ideia se ele tinha contado algo ao Faraó, mas estava apostando que ele não tinha feito isso. Bernardo, afinal, havia ensinado crianças a ler e a escrever e ajudado os aldeões com remédios. Por esse lado, ela acreditava que ele era uma boa pessoa.Era um risco, mas ela apostou.O Faraó soltou uma risada curta e fria.— Você, uma estrangeira do País B, veio até aqui fazer o quê? — Ele questionou, enquanto tirava uma arma do coldre em sua cintura.O cano da arm