Os olhos negros da mulher a observavam com um olhar cada vez mais afiado, cheio de raiva e até de um certo veneno. Estrella não podia acreditar no que estava vendo. Ela havia trazido Esther para aquele lugar para ser torturada, e agora a mulher estava andando livremente, ao lado de ninguém menos que Vasco.Vasco, o braço direito de Bernardo, responsável pelos prisioneiros homens, estava com Esther? Ela sabia que ele não estava ali para proteger alguém como Esther. Como ela ousava estar ali, passeando como se fosse algum tipo de passeio? Estrella mordeu os dentes, sentindo uma raiva crescente. Ela apertou a palma da mão com tanta força que suas unhas quase perfuraram a carne.Nesse momento, o som de uma mensagem sendo recebida no celular a interrompeu. Era uma mensagem de Ademir. Ela a leu rapidamente.[Senhorita, Esther agora está sob proteção de um homem do Sr. Bernardo. Ele ainda deu um cartão preto a ela para que ela possa circular livremente.]As palavras foram como uma lâmina afi
O homem apertou os olhos, observando Esther com uma expressão de desconfiança.— Quem é você? — Perguntou ele.Ele estava acostumado a controlar sua equipe, e todos sabiam exatamente o que fazer. Mas Esther parecia caminhar à vontade naquele lugar, com um cartão preto, claramente um passe livre, nas mãos. Isso não era normal. Esther, por sua vez, se sentiu um pouco nervosa. Ter privilégios em um lugar como aquele não era algo simples, e ela precisava estar atenta. Não sabia quem era aquele homem, mas ele parecia perigoso.— Sou uma pessoa de confiança do Sr. Bernardo. Acabei de chegar e estou apenas me familiarizando com o ambiente. — Respondeu Esther, tentando parecer calma.Ela não tinha visto Rita ainda e não fazia ideia de onde Luiz estava. O mais importante, no momento, era encontrar ambos e tentar sobreviver. Então, o primeiro passo era entender o local.O homem repetiu o que ela disse, como se estivesse processando a informação.— De Bernardo, hein... — Ele murmurou.— É... Bem
Esther não havia sido torturada ainda, mas ela não estava disposta a deixar isso a continuar assim. Mesmo que Bernardo tivesse enviado Vasco para protegê-la, nada disso importava. Estrella estava determinada a fazer Esther desaparecer sem deixar vestígios, sem nem ao menos conseguir sair dali.O Faraó ficou satisfeito com a confiança de Estrella. Ela, apesar da mentira recente sobre Emanuel, sempre foi direta e franca em outras situações. Isso agradava o Faraó. Ele estava tão ocupado que, muitas vezes, não tinha tempo para lidar com esses assuntos diretamente.— É bom que você tenha essa percepção. — O Faraó disse, pensativo. — Você procurou seu irmão recentemente, certo? Você sabe quem são as pessoas que andam com ele?Estrella ficou tensa ao ouvir a pergunta. O que o Faraó queria dizer com isso? Ele tinha visto Esther? Ou estava apenas suspeitando?— Pai, por que me pergunta isso? — Estrella perguntou, apertanto os lábios. Ela sabia que nada vinha de graça, e havia algo estranho nas
Esther apertou os lábios e, com um suspiro, falou em voz alta:— Sim. Você pode fazer isso?Ela fez a pergunta com certa ansiedade, mas também com uma ponta de esperança.Vasco, se lembrando das instruções de Bernardo, assentiu e respondeu de forma direta:— Fale, quem você está procurando?Esther respirou fundo e disse:— Luiz e Rita, um homem e uma mulher.Ela queria poder entrar pessoalmente e procurar, mas sabia que a carta preta que possuía ainda não a dava tamanha autoridade. Não sabia qual era a posição de Ivana agora, mas sabia que, com Vasco, talvez tivesse alguma chance.Vasco deu de ombros e, com uma expressão impassível, respondeu:— Volte para o seu lugar. Se eu souber de algo, te aviso.— Obrigada. — Esther agradeceu de forma sincera.Ela não era dona daquele lugar, e não importava qual fosse a posição de Vasco ou quem ele estivesse servindo, naquele momento, ela estava pedindo um favor.Vasco ficou surpreso com o agradecimento. Ele, que passava os dias ouvindo os xingame
— Eu posso te tirar daqui. — Esther colocou a mão no ombro da garota, a olhando com um olhar sincero. — Eu preciso de alguém agora... Você está aqui há muito tempo?A garota assentiu com a cabeça.— Sim, já estou aqui há muito tempo. — Ela falou, com um tom de voz baixo e triste. — Eu tenho resistência a alguns medicamentos, então muitas vezes tenho medo... Já vi tanta morte por aqui que me acostumei a viver com a ideia de que qualquer dia pode ser o meu último.Esther sentiu uma pontada de dor ao ouvir isso. Ela sabia bem o que era o desespero e a luta pela sobrevivência.— Eu entendo o que você está passando. — Esther respondeu, com empatia. — Já que você está aqui há tanto tempo, você ouviu falar de alguém chamado Rita?Ela precisava saber o paradeiro de Rita e de Luiz. Era urgente.A garota balançou a cabeça, parecendo triste.— Só os supervisores conhecem os nomes. A gente é jogado aqui, e todos os dias são uma luta. Ou é uma arena de morte ou experimentos intermináveis... Não tem
O homem também percebeu a presença de Esther.Quando os olhares dos dois se encontraram, Esther notou que os olhos do homem eram claros como a luz da lua cheia. Algo a incomodava. Apesar de ele ter um rosto completamente desconhecido, havia uma sensação de familiaridade inexplicável.Mas Esther desviou o olhar rapidamente.O homem, por outro lado, não conseguiu esconder a intensidade no fundo dos seus olhos. Era como se uma tempestade estivesse se formando ali.— Ele é o Luiz que você estava procurando? — Perguntou Vasco, percebendo o contato visual entre eles. Sua expressão ficou mais séria.Pelo que Esther havia contado, Rita e Luiz estavam presos no campo de escravos há algum tempo, mas o tal Marcelinho, que havia acabado de ser capturado, não parecia ser quem ela procurava.— Não. — Esther balançou a cabeça, respondendo com firmeza.O homem à sua frente não era Luiz. Eram rostos completamente diferentes.Ao ouvir a negativa e o nome de Luiz, os olhos do homem escureceram, carregado
Ela já havia aceitado o fato de estar presa ali. Apesar de não saber ao certo quais eram as intenções de Bernardo com ela, Esther tinha plena consciência de que, sem ele, já teria sido completamente destruída naquele lugar.Mas Marcelo? Ele arriscou tudo para se infiltrar ali!Marcelo segurou o rosto de Esther com as duas mãos e falou, com a voz rouca:— Esther, você foi capturada. Como você queria que eu ficasse parado, agindo como se nada tivesse acontecido?Para ele, não importava se era um covil de lobos ou um ninho de cobras. Enquanto Esther estivesse naquele lugar, ele estaria disposto a arriscar tudo para salvá-la.Nos olhos escuros de Marcelo, Esther enxergou uma determinação inabalável. Seu coração apertou.Marcelo tinha responsabilidades. Ele tinha um batalhão sob seu comando. Mesmo assim, deixou tudo para trás, só para encontrá-la.De repente, Esther se lembrou de como, antes de partir, Marcelo havia transferido todos os seus bens para o nome dela. Ele sempre cuidava para qu
No fim, Marcelo optou pelo silêncio. Apenas envolveu Esther em um abraço apertado, como se quisesse protegê-la de todo o mal do mundo.Quando ela mencionou Luiz, ele sentiu o peito pesar. A raiva lhe subiu à cabeça, mas logo se lembrou de que Luiz havia vindo até ali por causa dela. Era natural que Esther quisesse encontrá-lo.Agora, com Esther em seus braços, Marcelo sentia que nada mais importava. Ela estava viva, e isso já era o suficiente.Esther se aconchegou no peito de Marcelo. Talvez eles não tivessem um amanhã, mas, naquele momento, estavam juntos. Isso era tudo o que importava....Enquanto isso, do outro lado, Bernardo se preparava para procurar o Faraó. Antes que pudesse sair, Vasco apareceu diante dele.— Senhor. — Cumprimentou Vasco com uma leve inclinação de cabeça.— Como está a situação da Esther? — Bernardo perguntou direto, sem rodeios.Aos olhos de Vasco, a preocupação de Bernardo com Esther era mais do que evidente.— Você disse para respeitarmos a vontade dela. Ag