Esther ficou surpresa, levantou a cabeça, mas não podia acreditar. Marcelo nunca a elogiou assim antes. O que estava acontecendo naquele dia? Ela sentiu seu coração acelerar, uma mistura de ansiedade e alegria preenchendo seu peito. Ela olhou diretamente para ele, seus olhos arregalados em dúvida e esperança, e perguntou: — Sério?Marcelo passou a mão pelos cabelos dela, o toque suave e carinhoso contrastando com sua habitual frieza. Ele sorriu suavemente, seus olhos brilhando com uma ternura inesperada.— Você perdeu a confiança?Esther estava nervosa ao experimentar um estilo diferente, mas não queria admitir. O pensamento de parecer ridícula a assombrava, mas ela não queria demonstrar fraqueza. — Claro que não. — Sua voz soou mais firme do que ela se sentia.— Você está linda esta noite. Esse visual combina com você. — As palavras de Marcelo eram como um bálsamo para seu coração, cada sílaba carregada de sinceridade.Marcelo a puxou pela cintura, e Esther deu alguns passos à frent
— Sr. Marcelo. — Alguém veio cumprimentá-lo, olhando também para Esther. — Srta. Esther, você está deslumbrante hoje! Me surpreendeu!A pessoa se aproximou para apertar a mão de Esther. Ela sentiu um leve nervosismo ao ser elogiada tão abertamente, mas manteve sua compostura habitual.— Muito obrigada, é tudo maquiagem. Não sou tão bonita quanto sua acompanhante. — Esther, sempre profissional, respondeu com um sorriso polido.Marcelo, no entanto, a interrompeu, sua voz firme e protetora: — Não precisa ser tão formal esta noite.Esther recolheu a mão, um pouco desconcertada pela intervenção de Marcelo. A pessoa não se ofendeu e brincou: — Sr. Marcelo é bem protetor, hein?Enquanto isso, do outro lado da sala.— Olha só, a acompanhante do Sr. Marcelo é a secretária dele! E eu estava pensando que seria algo diferente! — A assistente de Melissa zombou, intencionalmente alto o suficiente para Sofia ouvir.— Um cargo de secretária parece ser mais importante do que alguns outros por aí! — A
Esther sorriu discretamente. A dor que sentiu foi aguda, mas serviu para reafirmar que não estava sonhando. Marcelo estava realmente massageando seus pés, suas mãos fortes, mas gentis aliviando a dor que sentia.Quando ele notou sua expressão de surpresa e o pequeno movimento de se beliscar, pensou que talvez tivesse sido muito brusco e perguntou, preocupado:— Te machuquei?Esther balançou a cabeça, seus olhos ainda arregalados pelo choque da gentileza inesperada.— Não, não é isso. — Ela fez uma pausa, sentindo um nó na garganta, e continuou. — Só não esperava que você fizesse isso.Para ela, a gentileza dele era surpreendente, quase inacreditável. Marcelo levantou os olhos profundos e encontrou os dela, que brilhavam com uma mistura de surpresa e vulnerabilidade. Ele respondeu suavemente:— Desculpe por qualquer coisa.Esther balançou a cabeça novamente, sem dizer nada. Ela não se sentia maltratada. O que sentia era um amor não correspondido, uma mistura de dor e esperança que a co
— Pode continuar me chamando de Esther. — Disse Esther, sua voz carregada de uma formalidade que tentava esconder sua insegurança. — Ainda não me acostumei com esse novo título, especialmente aqui fora, com tantas pessoas olhando.Gilberto assentiu, embora não compreendesse completamente a necessidade de manter o segredo. Ela e Marcelo eram casados, então por que não declarar isso abertamente? No entanto, ele não questionou, apenas concordou:— Tudo bem, Esther.Quando Esther terminou de comer, sentindo-se ligeiramente revigorada, dirigiu-se ao salão onde o leilão ocorreria. Seus pés, agora confortavelmente calçados, ainda doíam um pouco, mas a dor era suportável. No caminho, distraída, esbarrou em alguém.— Desculpe, não te vi. — Disse ela automaticamente, erguendo os olhos para encontrar a pessoa com quem havia colidido.— Sem problemas, Srta. Esther. Obrigada pela água com limão que mandou mais cedo.Esther olhou para cima e viu que era Melissa, seu olhar frio sendo substituído por
O colar principal tinha dez quilates, acompanhado de diamantes menores de mais de um quilate cada. Era uma peça de coleção deslumbrante, que capturava a luz de uma maneira quase mágica. Esther observava a joia, mas seus pensamentos estavam longe. Ela olhou para trás e viu Sofia sorrindo para ela, com um olhar desafiador que a fez sentir um aperto no peito. Era um sorriso de triunfo, de quem sabia que estava em vantagem. Desde que entrou na família Mendes, Joana nunca havia comprado nada para Esther. Isso doía mais do que ela queria admitir.Joana arrematou a joia por trinta milhões, sem demonstrar nenhum remorso. Sua expressão era serena, quase maternal, enquanto entregava o colar para Sofia, na frente de todos, dando o máximo de reconhecimento a ela. Sofia estava radiante, seus olhos brilhando com uma alegria quase infantil.— Que lindo, Sra. Joana! Você tem um ótimo gosto. — Disse Sofia, seus olhos fixos na joia como se fosse um prêmio merecido.— Se você gosta, valeu a pena. — Joan
Dentro da caixa estava o bracelete de jade verde que Sofia tanto gostou. Quando Esther entrou na sala, viu todos lá e respeitosamente perguntou:— Sr. Marcelo, o que deseja?Marcelo a olhou, seu olhar firme, mas com um brilho de ternura, e disse:— Venha aqui.Esther se aproximou, sentindo os olhares de Joana e Sofia perfurando sua pele. Marcelo pegou a caixa, abriu-a, e, sob o olhar atento de todos, colocou o bracelete no pulso de Esther. O toque de Marcelo era gentil, mas firme, como se quisesse assegurar que ela entendesse a importância do gesto.O rosto de Sofia mudou de cor num instante. Ela apertou os lábios, seus olhos brilhando com lágrimas de frustração. Joana, surpresa, perguntou:— Marcelo, esse bracelete não era para a Fifi?Marcelo respondeu, sua voz firme e sem hesitação:— Você já mima ela o suficiente, não acha?Joana fechou a boca, claramente descontente. Seus olhos faiscavam com uma mistura de surpresa e irritação. Esther ficou surpresa, sentindo o peso do bracelete
Quando ouviu aquelas palavras, Esther ficou paralisada. Um calafrio subiu pelos seus pés, deixando-a completamente gelada e sem vida. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos.O que Michele estava dizendo?Sua mente se recusando a aceitar a realidade que começava a se desenrolar diante dela.Marcelo se casou com ela por causa das ações do avô?Esther, atordoada, se virou para olhar pela fresta da porta entreaberta e viu Michele em pé, claramente agitada. Seus olhos estavam arregalados e cheios de uma ira contida, as mãos tremendo levemente. Marcelo, sentado no sofá com as pernas cruzadas, tinha uma expressão indiferente, quase fria.— Sim. — Respondeu ele, com uma única palavra que soou como um veredicto.O rosto de Esther ficou pálido. Não conseguia acreditar. Era como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, deixando-a à deriva em um mar de incerteza e dor. Então, era por isso que ele havia casado com ela. Havia condições anexadas.Agora fazia sentido o que ele havia dito
Esther estava sem fôlego, sentindo o vento frio bater contra seu corpo, mas não percebeu o frio logo de cara. Ela apenas fugiu, desesperadamente, como se pudesse escapar da dor que lhe rasgava o peito. Suas pernas tremiam de exaustão, e cada passo parecia uma batalha contra a gravidade.Não sabia quanto tempo tinha corrido. Quando finalmente parou, estava exausta e respirava pesadamente, como se tivesse corrido mil quilômetros. Seus pulmões ardiam, e suas mãos estavam trêmulas. Apoiada nos joelhos, percebeu que lágrimas caíam no chão, misturando-se com a poeira e a sujeira da rua.Só então, Esther percebeu que estava chorando, suas lágrimas quentes se tornando frias ao contato com o ar, cortando seu rosto como facas. Ela se sentiu vulnerável e exposta, como se o mundo pudesse ver todas as suas fraquezas.Por quê? Por quê? Ela se perguntava internamente, a dor em seu peito crescendo a cada segundo. Por que todas as coisas boas tinham se transformado em mentiras?Ela sempre pensou que M