— Pode continuar me chamando de Esther. — Disse Esther, sua voz carregada de uma formalidade que tentava esconder sua insegurança. — Ainda não me acostumei com esse novo título, especialmente aqui fora, com tantas pessoas olhando.Gilberto assentiu, embora não compreendesse completamente a necessidade de manter o segredo. Ela e Marcelo eram casados, então por que não declarar isso abertamente? No entanto, ele não questionou, apenas concordou:— Tudo bem, Esther.Quando Esther terminou de comer, sentindo-se ligeiramente revigorada, dirigiu-se ao salão onde o leilão ocorreria. Seus pés, agora confortavelmente calçados, ainda doíam um pouco, mas a dor era suportável. No caminho, distraída, esbarrou em alguém.— Desculpe, não te vi. — Disse ela automaticamente, erguendo os olhos para encontrar a pessoa com quem havia colidido.— Sem problemas, Srta. Esther. Obrigada pela água com limão que mandou mais cedo.Esther olhou para cima e viu que era Melissa, seu olhar frio sendo substituído por
O colar principal tinha dez quilates, acompanhado de diamantes menores de mais de um quilate cada. Era uma peça de coleção deslumbrante, que capturava a luz de uma maneira quase mágica. Esther observava a joia, mas seus pensamentos estavam longe. Ela olhou para trás e viu Sofia sorrindo para ela, com um olhar desafiador que a fez sentir um aperto no peito. Era um sorriso de triunfo, de quem sabia que estava em vantagem. Desde que entrou na família Mendes, Joana nunca havia comprado nada para Esther. Isso doía mais do que ela queria admitir.Joana arrematou a joia por trinta milhões, sem demonstrar nenhum remorso. Sua expressão era serena, quase maternal, enquanto entregava o colar para Sofia, na frente de todos, dando o máximo de reconhecimento a ela. Sofia estava radiante, seus olhos brilhando com uma alegria quase infantil.— Que lindo, Sra. Joana! Você tem um ótimo gosto. — Disse Sofia, seus olhos fixos na joia como se fosse um prêmio merecido.— Se você gosta, valeu a pena. — Joan
Dentro da caixa estava o bracelete de jade verde que Sofia tanto gostou. Quando Esther entrou na sala, viu todos lá e respeitosamente perguntou:— Sr. Marcelo, o que deseja?Marcelo a olhou, seu olhar firme, mas com um brilho de ternura, e disse:— Venha aqui.Esther se aproximou, sentindo os olhares de Joana e Sofia perfurando sua pele. Marcelo pegou a caixa, abriu-a, e, sob o olhar atento de todos, colocou o bracelete no pulso de Esther. O toque de Marcelo era gentil, mas firme, como se quisesse assegurar que ela entendesse a importância do gesto.O rosto de Sofia mudou de cor num instante. Ela apertou os lábios, seus olhos brilhando com lágrimas de frustração. Joana, surpresa, perguntou:— Marcelo, esse bracelete não era para a Fifi?Marcelo respondeu, sua voz firme e sem hesitação:— Você já mima ela o suficiente, não acha?Joana fechou a boca, claramente descontente. Seus olhos faiscavam com uma mistura de surpresa e irritação. Esther ficou surpresa, sentindo o peso do bracelete
Quando ouviu aquelas palavras, Esther ficou paralisada. Um calafrio subiu pelos seus pés, deixando-a completamente gelada e sem vida. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos.O que Michele estava dizendo?Sua mente se recusando a aceitar a realidade que começava a se desenrolar diante dela.Marcelo se casou com ela por causa das ações do avô?Esther, atordoada, se virou para olhar pela fresta da porta entreaberta e viu Michele em pé, claramente agitada. Seus olhos estavam arregalados e cheios de uma ira contida, as mãos tremendo levemente. Marcelo, sentado no sofá com as pernas cruzadas, tinha uma expressão indiferente, quase fria.— Sim. — Respondeu ele, com uma única palavra que soou como um veredicto.O rosto de Esther ficou pálido. Não conseguia acreditar. Era como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, deixando-a à deriva em um mar de incerteza e dor. Então, era por isso que ele havia casado com ela. Havia condições anexadas.Agora fazia sentido o que ele havia dito
Esther estava sem fôlego, sentindo o vento frio bater contra seu corpo, mas não percebeu o frio logo de cara. Ela apenas fugiu, desesperadamente, como se pudesse escapar da dor que lhe rasgava o peito. Suas pernas tremiam de exaustão, e cada passo parecia uma batalha contra a gravidade.Não sabia quanto tempo tinha corrido. Quando finalmente parou, estava exausta e respirava pesadamente, como se tivesse corrido mil quilômetros. Seus pulmões ardiam, e suas mãos estavam trêmulas. Apoiada nos joelhos, percebeu que lágrimas caíam no chão, misturando-se com a poeira e a sujeira da rua.Só então, Esther percebeu que estava chorando, suas lágrimas quentes se tornando frias ao contato com o ar, cortando seu rosto como facas. Ela se sentiu vulnerável e exposta, como se o mundo pudesse ver todas as suas fraquezas.Por quê? Por quê? Ela se perguntava internamente, a dor em seu peito crescendo a cada segundo. Por que todas as coisas boas tinham se transformado em mentiras?Ela sempre pensou que M
Do outro lado da linha, alguém hesitou: — Alguém viu a Srta. Esther no escritório, mas não havia ninguém lá, e não se pode garantir que ela estivesse lá o tempo todo. Era um mistério. Ele tinha perguntado a Esther na época com desconfiança. Segundo seu ponto de vista, Esther sempre manteve a devida distância com ele e nunca cometeu erros, então ele não tinha muitas suspeitas. Se lembrando da ocasião, Esther parecia estar muito nervosa. A única mulher que podia se aproximar dele era ela. Mas ele tinha certeza de que aquela pessoa não seria Sofia. Marcelo desligou o telefone, fechou o computador e saiu do escritório. No quarto, as luzes estavam acesas, mas Esther não estava lá. Até o celular dela estava na cama. Ele procurou por toda parte, mas não a encontrou, então perguntou à empregada: — Onde está a senhora? A empregada respondeu: — Eu a vi descendo as escadas há pouco. Não encontrando Esther na mansão, e sem o celular, Marcelo ficou preocupado e imediat
— É normal os casais brigarem. Todo mundo se comunica e se entende, e está tudo bem. Não tem nada que não se possa superar. Eu contei para o Marcelo que você está no hospital, ele deve estar muito preocupado com você.Esther recusou internamente essa ideia e disse:— Não conte para ele.— Você não ouviu a enfermeira dizer que precisa informar seus familiares? Se não informar, você não pode ter alta.Esther olhou para Isaac e respondeu:— Eu espero que você não se intrometa.Ela estava com uma expressão péssima e muito teimosa, mas sua maneira de falar era idêntica à de Marcelo, afinal, eram marido e mulher.Isaac disse:— Marcelo está te procurando por todos os lados. Eu já o contatei, ele virá para o hospital em breve.Esther apertou os lábios, muito contrariada, mas Isaac era amigo de Marcelo, então ele certamente ficaria do lado dele.Com medo de que Esther fugisse, Isaac a vigiou até Marcelo chegar ao hospital.Ele estava ofegante e, ao ver Esther, finalmente relaxou, caminhando ra
Ela não deveria mais desejar mais nada, mas deixar que o relacionamento deles voltasse ao ponto inicial.Isso era o que ela deveria fazer.Marcelo achava tudo muito normal, mas ao mesmo tempo nemão tão normal assim. Olhando para o seu rostinho pálido, ele não teve coragem de questioná-la demais, mas disse:— Da próxima vez, não seja tão teimosa e não saia sozinha. Pelo menos leve o celular e tenha alguém com você, assim eu poderei te encontrar imediatamente.Esther deu um sorriso amargo. Ele ainda estava fingindo.Fingindo se importar com ela para compensar a culpa que sentia?Ela deveria acompanhá-lo nessa encenação?— Eu entendi, vou ouvir você. — Esther respondeu docilmente.Marcelo pegou uma cadeira e se sentou em frente a ela, seus olhos profundos percorreram seu corpo várias vezes, se certificando de que ela não tinha outros problemas.Ele então perguntou:— Esther, você ainda se lembra daquela noite?Esther perguntou, incerta:— Qual noite?— A noite em que eu estava em um event