Esther parecia flutuar em uma imensidão de escuridão. Não havia som, luz ou qualquer indicação de onde ela estava. Era como se o mundo tivesse desaparecido, a deixando sozinha com seus pensamentos e um medo crescente.O desespero a consumia. Ela ainda não queria morrer. Não assim.Ainda não havia ouvido o choro do bebê. Não tinha visto seu rosto, não sabia se ele era menino ou menina, se estava vivo ou... Ela sequer conseguia terminar esse pensamento.A forte vontade de viver pulsava dentro dela, mas seu corpo parecia ter sido levado ao limite. Era como se ela estivesse presa em um estado de completa exaustão.Sem perceber quanto tempo havia passado, Esther avistou uma silhueta escura no meio daquele vazio. Era uma figura alta, imponente, mas seu rosto estava envolto em sombras, impossível de distinguir.O medo a dominou, mas a curiosidade foi maior. Com a voz hesitante, ela perguntou:— Quem é você?Nenhuma resposta. A figura permaneceu imóvel, como se fosse parte do cenário sombrio.
Esther sentia como se tivesse cruzado os portões da morte e retornado, apenas para ser acordada pelo próprio medo. A experiência parecia surreal, como se tudo não passasse de um sonho confuso.Enquanto ela se perdia em pensamentos, tentando compreender o que havia acontecido, a porta do quarto se abriu lentamente.Marcelo entrou.Ele estava impecável como sempre, vestindo um elegante terno que destacava sua postura altiva. Alto, com feições marcantes e olhos profundos que sempre carregavam um ar de mistério, ele parecia irradiar uma luz própria, como alguém inalcançável.— Está sentindo alguma coisa? Algum desconforto? — Perguntou Marcelo, sua voz calma e firme, enquanto seus olhos a observavam com cuidado.Antes mesmo de responder, Esther se levantou, visivelmente emocionada.— Eu estou bem. Você viu o nosso filho? — Ela disse, a ansiedade evidente em seu tom. — A enfermeira disse que ele está na incubadora, mas não me deixaram vê-lo ainda.Marcelo notou que ela estava descalça. Sem d
Marcelo fixou o olhar em Esther com uma intensidade que parecia atravessar sua alma. Com um gesto suave, ele afastou os fios de cabelo que caíam sobre sua testa, os colocando delicadamente atrás da orelha.— Esther, você sempre me surpreende. — Disse ele, com um leve sorriso nos lábios. Ao ouvir essas palavras, Esther sentiu seu coração se acalmar. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela segurou a mão de Marcelo, a apertando com carinho.— Por favor, não me decepcione mais, tá bom? — Pediu ela, a voz embargada pela emoção. — Eu só quero que o nosso filho cresça em um lar saudável, cheio de amor. Esse é o meu maior desejo. E, convenhamos, não é algo tão difícil assim para você, não é?Marcelo abaixou os olhos por um momento antes de responder:— Você não me perdoaria se soubesse de tudo.Esther franziu o cenho, confusa e um pouco frustrada com a resposta.— Como assim, Marcelo? Por que eu não te perdoaria? — Perguntou ela, tentando decifrar o que ele queria dizer. — Eu sei o quanto v
Esther suspirou, tocada pelas palavras de Rita:— Encontrar você também foi uma sorte para mim. Nós nos ajudamos mutuamente, não foi?Marcelo, percebendo que as duas tinham muito a conversar, sorriu discretamente e interveio:— Agora que a Rita está sob minha supervisão, ela pode te ajudar com algo que você sempre quis aprender. Não foi você que comentou sobre querer aulas de defesa pessoal?— Sério? — Esther arregalou os olhos, animada. — Quero muito! Assim que eu sair do resguardo, vou aprender, com certeza!O sorriso de Marcelo se alargou. Ver Esther tão empolgada o deixava genuinamente feliz, quase como se a alegria dela fosse o combustível para o próprio coração. Ainda assim, no fundo, ele esperava que essa habilidade pudesse ajudá-la a se proteger melhor.— Então está combinado. Agora conversem com calma, vocês têm bastante tempo. — Disse ele, com suavidade.Esther olhou para ele com certa surpresa.— Você já vai?Marcelo assentiu.— Tenho várias coisas para resolver. Assim que t
Esther olhou para Rita, confusa.— Mas por que não?Rita parou por um momento, tentando pensar em uma desculpa convincente antes de responder:— Ele deve estar atolado de trabalho no laboratório, sabe como é... Geraldo vive mergulhado nos experimentos. Talvez não seja um bom momento para incomodá-lo. Se ele souber que você ligou, pode acabar se distraindo, e isso seria ruim para as pesquisas dele. Quando ele terminar as coisas por lá, com certeza vai vir te ver.Esther refletiu um pouco e acabou concordando, acenando positivamente com a cabeça.— É verdade, não quero atrapalhar o trabalho dele. Afinal, ele não é uma pessoa comum, tem coisas muito importantes para cuidar. Melhor esperar ele se organizar.Rita suspirou aliviada, mas seu rosto ainda estava carregado de algo que parecia culpa ou preocupação. Ela tentou disfarçar, sorrindo enquanto olhava para Esther, que parecia tão leve e tranquila.— Capitão Marcelo é uma pessoa incrível. Por sua causa, ele me deu uma nova identidade e u
— Se cheguei onde estou hoje... — A voz de Nanda começou a tremer, e as lágrimas caíram sem controle enquanto ela soluçava no palco. — Preciso agradecer a uma pessoa em especial. Ela não pôde estar aqui hoje, mas este prêmio, esta série Glória, também pertencem a ela. Estou falando da Esther! Ela não só me salvou, mas também a todos nós do elenco e da equipe. Sem a Esther, eu não estaria aqui hoje. Por favor, nunca se esqueçam, ela também é uma das diretoras de Glória!Assim que Nanda terminou, o auditório explodiu em aplausos calorosos.Esther, assistindo de casa, não conseguiu segurar a emoção. Ela sabia como aquele caminho havia sido árduo, e a fala de Nanda tocou profundamente seu coração. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela sorriu, misturando o orgulho e a gratidão que sentia naquele momento.Depois de Nanda, Melissa subiu ao palco para receber seu prêmio. Seus passos eram firmes, e sua postura irradiava confiança, muito mais do que em outros tempos.— Há dez anos — começou
Esther ouviu uma respiração pesada ao telefone, seguida pela voz de Luiz.[Acho que estou perto, mas não tenho certeza... Depois disso, não sei como vai ser. Só sei que não posso levar o celular. Quem entra lá não pode carregar nada assim. Se descobrirem, vai ser um desastre. Por isso, espero que quem encontrar esse celular ligue para alguém da minha agenda e avise que eu estou vivo. Não só por ela, mas também por todas as pessoas que foram machucadas. Obrigado!]A gravação se encerrava ali. Era só aquilo.“Ele vai ficar bem!” Esther murmurava para si mesma, apertando o celular com força, como se isso pudesse trazer alguma segurança. Depois de agradecer à pessoa que lhe havia passado a gravação, o telefonema foi encerrado, mas o desconforto permanecia.O que era aquela tal organização? Sabia tão pouco sobre eles, e Luiz... Ele teria mesmo coragem de entrar lá? E, se entrasse, conseguiria sair com vida?Os pensamentos se amontoavam, confusos e cheios de temor. Como explicaria isso para
Esther respirou fundo, tentando se acalmar.— É claro que ele é uma boa pessoa.— Eu também gostaria que alguém estivesse aqui com você. — Disse Marcelo, em um tom de voz quase inaudível.As palavras dele pegaram Esther de surpresa. Ela ergueu os olhos, o encarando com uma expressão intrigada.— O que você quis dizer com isso?Marcelo passou a mão delicadamente pelas costas dela, em um gesto que misturava conforto e ternura.— Só estou tentando te fazer dormir.Esther franziu a testa.— Que jeito estranho de consolar alguém... Você não era assim antes. Algo mudou em você. Está mais distante, diferente de antes.O comentário dela acertou Marcelo como uma flecha. Ele ficou dividido, sem saber se deveria se afastar ainda mais ou, talvez, se aproximar. Após um momento de hesitação, ele tomou uma decisão e a envolveu em um abraço mais firme.— Tenho medo de te deixar chateada. E, mais ainda, medo de que você passe a me odiar.Essas palavras fizeram Esther se sentir ainda mais vulnerável. Ap