— Se cheguei onde estou hoje... — A voz de Nanda começou a tremer, e as lágrimas caíram sem controle enquanto ela soluçava no palco. — Preciso agradecer a uma pessoa em especial. Ela não pôde estar aqui hoje, mas este prêmio, esta série Glória, também pertencem a ela. Estou falando da Esther! Ela não só me salvou, mas também a todos nós do elenco e da equipe. Sem a Esther, eu não estaria aqui hoje. Por favor, nunca se esqueçam, ela também é uma das diretoras de Glória!Assim que Nanda terminou, o auditório explodiu em aplausos calorosos.Esther, assistindo de casa, não conseguiu segurar a emoção. Ela sabia como aquele caminho havia sido árduo, e a fala de Nanda tocou profundamente seu coração. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela sorriu, misturando o orgulho e a gratidão que sentia naquele momento.Depois de Nanda, Melissa subiu ao palco para receber seu prêmio. Seus passos eram firmes, e sua postura irradiava confiança, muito mais do que em outros tempos.— Há dez anos — começou
Esther ouviu uma respiração pesada ao telefone, seguida pela voz de Luiz.[Acho que estou perto, mas não tenho certeza... Depois disso, não sei como vai ser. Só sei que não posso levar o celular. Quem entra lá não pode carregar nada assim. Se descobrirem, vai ser um desastre. Por isso, espero que quem encontrar esse celular ligue para alguém da minha agenda e avise que eu estou vivo. Não só por ela, mas também por todas as pessoas que foram machucadas. Obrigado!]A gravação se encerrava ali. Era só aquilo.“Ele vai ficar bem!” Esther murmurava para si mesma, apertando o celular com força, como se isso pudesse trazer alguma segurança. Depois de agradecer à pessoa que lhe havia passado a gravação, o telefonema foi encerrado, mas o desconforto permanecia.O que era aquela tal organização? Sabia tão pouco sobre eles, e Luiz... Ele teria mesmo coragem de entrar lá? E, se entrasse, conseguiria sair com vida?Os pensamentos se amontoavam, confusos e cheios de temor. Como explicaria isso para
Esther respirou fundo, tentando se acalmar.— É claro que ele é uma boa pessoa.— Eu também gostaria que alguém estivesse aqui com você. — Disse Marcelo, em um tom de voz quase inaudível.As palavras dele pegaram Esther de surpresa. Ela ergueu os olhos, o encarando com uma expressão intrigada.— O que você quis dizer com isso?Marcelo passou a mão delicadamente pelas costas dela, em um gesto que misturava conforto e ternura.— Só estou tentando te fazer dormir.Esther franziu a testa.— Que jeito estranho de consolar alguém... Você não era assim antes. Algo mudou em você. Está mais distante, diferente de antes.O comentário dela acertou Marcelo como uma flecha. Ele ficou dividido, sem saber se deveria se afastar ainda mais ou, talvez, se aproximar. Após um momento de hesitação, ele tomou uma decisão e a envolveu em um abraço mais firme.— Tenho medo de te deixar chateada. E, mais ainda, medo de que você passe a me odiar.Essas palavras fizeram Esther se sentir ainda mais vulnerável. Ap
Esther ficou completamente paralisada, como se o chão tivesse sumido sob seus pés. Por um instante, acreditou que a enfermeira estivesse brincando com ela.Seu bebê não poderia simplesmente não estar ali.Ela tentou soltar um sorriso, mas tudo o que conseguiu foi uma expressão forçada e trêmula:— Senhorita, deve haver algum engano... Eu acabei de dar à luz. Se o meu bebê não está aqui, onde mais ele poderia estar?Mesmo que tentasse se manter racional, sua mente começou a levantar possibilidades preocupantes.— Talvez meu nome não tenha sido registrado corretamente... Mas o nome do pai, o nome do Marcelo, deve estar aí, certo? Por favor, confira novamente.Esther buscava desesperadamente uma explicação que fizesse sentido, se agarrando a qualquer vestígio de lógica. Porém, dentro dela, o pânico começava a se instaurar.A enfermeira acatou o pedido e voltou a verificar os registros. Após alguns minutos, respondeu com a mesma frieza de antes:— Não há nenhum registro, nem no nome dele.
Esther encarava Marcelo com olhos vermelhos de raiva e dor, as lágrimas escorrendo incessantemente pelo seu rosto. Sua voz saiu carregada de ódio e ressentimento:— Marcelo, até quando você vai mentir para mim? Por que você tem que mentir até sobre o nosso filho?Ele abaixou os olhos, respondeu num tom abafado:— Me desculpe.A palavra parecia ecoar vazia, sem nenhuma força para amenizar o que Esther sentia. Ela gritou, descontrolada:— Desculpa resolve alguma coisa? Desculpa traz o meu filho de volta? O que você fez? O que aconteceu com o meu bebê? Por que ele morreu? Marcelo, o que você fez com o nosso filho?!Os olhos de Marcelo estavam vermelhos, mas sua expressão permaneceu fria e tensa. Os lábios se mantiveram apertados, numa linha fina e rígida.— Ele nasceu morto.As palavras caíram como uma bomba. Esther ficou estática por alguns segundos, mas logo seus olhos se encheram de uma mistura de descrença e ódio.— Você está mentindo! — Ela gritou, antes de avançar sobre ele.Sem pen
Ela abraçava a caixa com uma força, chorando de maneira descontrolada. Suas lágrimas caíam em silêncio no início, mas logo deram lugar a soluços altos e angustiantes. Era uma dor que nunca havia sentido antes, algo que parecia arrancar sua alma de dentro para fora.Por mais que quisesse reagir, fazer algo para aliviar aquele sofrimento, ela sabia que era inútil. A sensação de impotência a esmagava. Tinha sido um sacrifício por outro, vida por vida. Então por que ainda estava viva? Por que ela estava ali, enquanto seu filho estava morto?A ideia era insuportável.Marcelo se aproximou dela. Seus olhos captaram imediatamente a cena devastadora à sua frente: Esther, destruída pela dor. A preocupação marcou o rosto dele, mas também havia um peso evidente. Ele sabia que a tragédia já estava consumada, que não havia como voltar atrás. — Esther, crianças ainda podem vir, mas você precisa se recompor. — Ele falou com uma firmeza contida, tentando abraçá-la.Mas Esther havia perdido qualquer tr
O rosto de Esther estava sujo, coberto de terra misturada com lágrimas. Era uma cena de pura desolação.No entanto, quando tentou se levantar, seu corpo não teve forças, e ela desmaiou ali mesmo.Marcelo a segurou antes que ela caísse completamente. Nos braços dele, Esther finalmente ficou em silêncio, embora as lágrimas ainda escorressem por suas bochechas.Marcelo, com o olhar profundo e sério, a observava atentamente. Com delicadeza, começou a limpar as lágrimas de seu rosto.— Capitão Marcelo.Ao redor, todos estavam presentes, atentos. Marcelo ajeitou Esther em seus braços, a segurando como se ela fosse feita de vidro.— Limpem tudo aqui.Rita, com a expressão tensa, hesitou antes de falar:— É isso? Só isso? Ela vai ficar devastada, você sabe disso.Marcelo respondeu com firmeza, mas sem elevar o tom:— Se não fosse assim, ela teria morrido. Se estiver viva, há esperança. Mesmo que este filho tenha partido, Esther precisa viver.Para Marcelo, a vida de Esther era mais importante
O olhar de Esther seguiu a direção do som.— Tem alguém chegando. — Rita se apressou para abrir a porta, e, ao fazer isso, revelou a figura de Gilberto entrando no quarto.Esther pensou que era Marcelo. Porém, quando seus olhos confirmaram que era apenas Gilberto, sua expressão mudou. Ela espiou discretamente pela porta aberta, mas não havia mais ninguém lá fora.Gilberto entrou segurando uma pasta de documentos. Sua expressão era séria e profissional, o que deixou Esther levemente desconfiada.— Senhora. — Ele inclinou a cabeça em um gesto de respeito, mas seu tom era contido, quase distante.Esther estreitou os olhos, o avaliando. Os pensamentos sombrios que vinham dominando sua mente nos últimos dias foram brevemente interrompidos pela curiosidade. Com a voz fria e carregada de impaciência, ela perguntou:— O que você quer aqui? Marcelo mandou você? O que ele quer agora?Havia uma irritação evidente em seu tom, como se ela já estivesse cansada de joguinhos e surpresas indesejadas. G