Sofia cerrou os punhos, seu olhar fervia de rancor. Para ela, eles nunca cumpriram o papel de família, nunca a acolheram como uma filha. Ao contrário, foram frios e distantes, como se ela nunca tivesse importância alguma.— Eles nunca me amaram! Por que eu teria que aceitá-los? Se eu sou como sou hoje, a culpa é deles! — Disse ela, furiosa.Marcelo suspirou, tentando manter a calma.— Quer você acredite ou não, essa é a verdade.— Não pode ser! — Sofia rebateu com a voz alterada, segurando com força nas grades de metal, em uma tentativa desesperada de buscar um ponto de apoio. — A única pessoa que me amou de verdade foi você, Marcelo!A expressão de Marcelo era dura e séria.— Meu avô sempre foi uma pessoa racional. Ele sabia de tudo e entendia bem a diferença entre certo e errado. E é exatamente por isso que a família Mendes está sob meus cuidados e não nas mãos de alguém como Igor.Marcelo falava com frieza, seu tom sério deixando claro que era a razão pela qual Sofia nunca foi ofici
Esther não queria que ele se sentisse culpado. Ela sabia que ele já estava fazendo tudo o que podia por ela. Aceitava com resignação o rumo que as coisas tomavam, e só desejava que ele não carregasse um peso tão grande.Ao ouvir isso, Marcelo ficou ainda mais angustiado. Era um tipo de impotência que ele nunca havia sentido antes, uma sensação de que, apesar de poder salvar a todos, ele não era capaz de salvar a única pessoa que realmente importava. Com os olhos marejados, ele se inclinou e a envolveu em um abraço, pressionando um beijo demorado em sua testa na tentativa de aliviar sua própria dor.Se pudesse, ele tomaria toda a dor de Esther para si, sem hesitar. Mesmo que fosse multiplicada, ele suportaria tudo.Esther foi acomodada com cuidado na cama do hospital. Ela segurava a mão de Marcelo com força, como se quisesse transmitir sua própria força a ele e, ao mesmo tempo, tirar forças de sua presença. Ela sabia que sobreviveria. Tinha que sobreviver.Pouco tempo depois, Geraldo ch
Se fosse em outro tempo, talvez Marcelo fosse egoísta a ponto de querer isso, de querer ser o único no coração de Esther. Afinal, ele odiava pensar que ela poderia nutrir sentimentos por outro. Mas Geraldo era diferente. A devoção que ele tinha por Esther era tão pura, desinteressada, que Marcelo não conseguia endurecer o coração a esse ponto.Geraldo então olhou de relance para Marcelo, dizendo:— Você também não quer que ela fique triste, não é? Se algum dia ela recuperar as lembranças, isso deixaria ela profundamente abalada.Marcelo manteve os lábios fechados por um instante e, refletindo, então desviou o assunto:— Você não tem família? Quer que eu te ajude a encontrá-los?Ele pensava na infância sem laços, no passado dele e de Rita dentro do mesmo círculo sombrio, onde sequer sabiam o que era um lar. Queria entender se Geraldo sentia falta de algo assim.— Não precisa. — Respondeu Geraldo, de forma firme. — Onde eu estiver, lá é o meu lar!Ele se levantou e, as mãos nos bolsos, d
— Eu vou ver a Esther! — Rita não conseguia mais suportar ficar esperando naquela enfermaria.— De jeito nenhum, você é prisioneira e não pode sair do quarto! — Retrucou Durval, em tom firme.— E por que você não vem comigo? — Respondeu ela, irritada. — Olha o meu estado, acha que eu vou conseguir fugir?Para Rita, a teimosia de Durval beirava a insensatez, uma cabeça dura que não entendia o momento.Durval, porém, não cedia.— Sem ordem superior, você não pode dar um passo sequer fora da enfermaria!Vendo que ele não se dobrava nem um pouco, Rita franziu o rosto, seu olhar endureceu.— E se eu te desafiar e for mesmo assim?— Então você...Antes que ele terminasse a frase, Rita, enfurecida, deu um tapa nele, no rosto. Durval ficou pasmo, jamais esperava uma reação tão agressiva. Ele não queria levantar a mão para ela, mas Rita não tinha a menor hesitação em atacá-lo. Durante toda a sua vida, ele já havia enfrentado muitas punições, mas nunca imaginou que um dia seria esbofeteado por u
— Você... — Durval engoliu em seco, incapaz de responder. Tentava ajudar, mas só ouvia ofensas em troca. A essa altura, percebeu que não adiantava nada argumentar. Tudo que dissesse parecia ser interpretado da pior forma por ela.Além de frustrado, estava também um pouco ressentido. Nunca havia lidado com alguém tão complicada como Rita.Sem querer prolongar a discussão, Rita se voltou para André.— Você acabou de dizer que eu posso ver Esther. Eu estou literalmente mancando aqui! Não tem a menor chance de eu fugir. Mesmo se eu for culpada de alguma coisa, só vou para a prisão depois que me condenarem! Até lá, estarei cooperando com a investigação, então o mínimo que vocês poderiam fazer era me deixar ver a Esther!André, já mais relaxado, se virou para Durval.— Ah, Durval, vai dizer que não dá para facilitar um pouquinho? O Capitão Marcelo não falou nada contra. Quando a situação permite, é bom lembrar que a gente também precisa ser humano, né?Durval, embora ainda mantivesse uma des
Marcelo olhou para Rita e, com uma expressão séria e tranquila, perguntou:— Qual você acha que será o seu destino?Rita deu um sorriso amargo, quase resignada.— Talvez eu morra, ou acabe presa por muito tempo. Eu já aceitei o que me espera. No fim das contas, nunca fui uma pessoa boa, não é?Marcelo então lhe propôs algo inesperado.— E se houvesse uma chance de você se redimir?Rita ergueu o rosto, surpresa.— Você está falando sério? Existe mesmo essa possibilidade?Com calma, Marcelo explicou:— Tudo que pode beneficiar o país pode ser considerado uma forma de redenção.Ao ouvir isso, Rita abaixou os olhos, visivelmente desanimada.— Acho que não tenho chance, então. De que eu serviria? Minha vida foi lutar e fazer coisas erradas. Fora isso, não sou boa em nada.Marcelo encarou ela com firmeza.— Você é útil, sim. Há muitas pessoas esperando para serem salvas por você. Quando estiver recuperada, poderá fazer a diferença.Rita observou ele, sem conseguir disfarçar a surpresa. Aquel
Ao ouvir a proposta, Diego sorriu com certo cinismo e respondeu:— Você parece estar tão bem... Isso é realmente uma surpresa. Então quer dizer que o Gustavo conseguiu a cura para você? Não faz sentido... Eu duvido que ele tenha conseguido criar uma cura de verdade. Impossível.Diego fixou os olhos em Marcelo, com um olhar cheio de desconfiança, tentando entender a situação.— Você realmente não está sentindo nada estranho no corpo? — Perguntou ele, de repente.Marcelo bateu com força as mãos sobre a mesa, fazendo um barulho alto que ecoou pela sala. Seus olhos estavam sombrios e ameaçadores ao encarar Diego.— Fale algo que preste!Diego notou a intensidade e a raiva no olhar de Marcelo. Com um leve sorriso nos lábios, ele murmurou:— Então você não conseguiu a cura, afinal.As veias dos braços de Marcelo saltaram, sua paciência estava no limite. Ele rangia os dentes, como se estivesse a ponto de explodir.Percebendo que era melhor colaborar, Diego deu de ombros e começou a falar:— O
A situação não colocava diretamente em risco a reputação da prisão. O diretor sabia que, se isso fosse adiante, ele poderia muito bem perder seu cargo.— Capitão Marcelo, foi um erro meu... — Disse o diretor, em tom de desculpa.Marcelo olhou fixamente para o guarda preso. Sua raiva estava incontrolável, seus olhos estavam vermelhos de fúria. Sem pensar duas vezes, ele desferiu um chute poderoso contra o homem.A força do golpe foi tanta que o guarda caiu no chão, tossindo sem parar e, pelo som, parecia ter quebrado duas costelas. Mas Marcelo ainda não estava satisfeito. Com o rosto tomado por um ódio sombrio, ele puxou o guarda pelos colarinhos e o ergueu do chão.— Quem te mandou aqui? Você trabalha para eles?O guarda, mesmo diante da situação, sorriu de forma insana, como alguém que já havia sido manipulado até o limite. Para ele, aquela missão era algo quase sagrado.— Minha tarefa está cumprida. — Respondeu ele, com um sorriso perturbador, como se estivesse preparado para aceita