Esther pegou de volta a sacola grande que o rapaz estava segurando.— Se você não vai falar, então não precisa me ajudar. Não estou acostumada a receber ajuda de estranhos.— Calma, calma! — Disse o rapaz, preocupado, ao ver a força com que ela puxou a sacola. Ele parecia receoso de que ela pudesse se machucar e ainda tentou mostrar uma atitude preocupada.Esther colocou a sacola no cesto da bicicleta e, sem perder tempo, subiu na bicicleta e começou a pedalar para ir embora.Ela não estava com pressa, pedalando devagar. Mesmo assim, percebeu que o rapaz continuava a segui-la. Ela olhou de relance para trás e sua paciência estava chegando ao limite. Respirou fundo, desceu da bicicleta e se virou para ele, falando com um tom mais alto do que antes:— Por que você está me seguindo? Ou você para com isso agora ou traz logo seu chefe aqui. Caso contrário, vou chamar a polícia!A expressão de Esther estava mais severa do que o habitual e isso deixou o rapaz sem ação. Ele ficou ali, parado,
Marcelo desviou o olhar, insistindo.— Eu vou por essa estrada! — A voz dele soava teimosa, endurecida pela sua própria teimosia.Aquilo só fez com que Esther ficasse ainda mais irritada. Os dois seguiram assim, em um impasse. Esther pedalava na frente e o carro de Marcelo ia logo atrás, como uma sombra incômoda.Percebendo que ele estava agindo como um verdadeiro “grude”, Esther decidiu mudar de direção. Em vez de seguir para casa, ela virou para o lado oposto, tentando despistá-lo.Marcelo franziu ainda mais a testa quando percebeu a manobra dela. Deixou escapar um suspiro e, logo em seguida, mandou o motorista buzinar levemente, como um lembrete.— Essa não é a direção da sua casa! — Sua voz baixa parecia mais uma advertência do que uma pergunta.— Quem disse que eu estou indo para casa? Não posso dar uma volta? — Esther retrucou, jogando as palavras com sarcasmo. Ela lançou um olhar afiado e continuou, num tom zombeteiro. — Que coincidência, hein, Sr. Mendes? Parece que agora a gen
— Não vai descansar mais um pouco? — Geraldo perguntou, caminhando ao lado de Esther.— Não, já descansei o suficiente. Ficar parada muito tempo só vai me deixar doente. Preciso retomar minha vida normal.Para Esther, não fazia sentido continuar naquela mansão, cercada por conforto e com Geraldo cuidando de tudo, se não tivesse algo para fazer. A vida sem trabalho seria entediante.— Está bem. — Ele respondeu, respeitando a decisão dela....De volta ao trabalho, Esther logo foi recebida por uma enxurrada de perguntas vindas de Eduarda.— Esther, me explica uma coisa. — Começou Eduarda, claramente ansiosa por respostas.Esther, porém, não estava com a menor paciência para lidar com questionamentos naquele momento.— O que você viu é verdade, vamos focar no trabalho.O humor de Eduarda refletia o mesmo que Diana havia demonstrado recentemente: uma mistura de frustração e raiva, um sentimento de injustiça que Esther preferia não aprofundar.Mesmo com o silêncio de Eduarda, o ambiente no
— O fato dela estar em alta agora não significa que o resultado final vai ser bom. — Disse Esther, falando lentamente, como se estivesse ponderando cada palavra. — Quanto maiores as expectativas, maior a decepção. Para conquistar de verdade o público, a popularidade de hoje não é suficiente. E, além do mais, se todos estão correndo atrás da Sofia, a gente não precisa ir atrás também, né? Seria pedir para ser rejeitada à toa.Ela lançou um olhar para a lista que estava em suas mãos.— Esses projetos podem não estar bombando agora, mas isso não quer dizer que são ruins. Quantas séries só estouram depois de ir ao ar? — Esther fixou o olhar em Eduarda, deixando sua opinião bem clara. — Essas podem aumentar muito as expectativas do público.Eduarda concordou com um leve aceno de cabeça.— Faz sentido o que você está dizendo. — Ela pensou um pouco mais antes de continuar. — Mas quem não gostaria de uma oportunidade já pronta? Dessa forma, o risco é menor. Melissa pode depender dessa próxima
— Então estamos alinhadas nessa? — Esther perguntou. — Acho que fomos irmãs em outra vida, tamanha nossa sintonia. — Respondeu Melissa, com um olhar suave.Esther apenas riu em resposta.— Mas... Estou um pouco preocupada com você. — Melissa continuou, seu olhar se tornando mais sério. — Você realmente superou tudo isso?Ela se referia aos rumores recentes, que não eram poucos. Sofia e Marcelo estavam agora juntos, e Esther havia sido deixada de lado. Para muitos, era uma situação difícil de engolir.Esther deu de ombros, aparentando tranquilidade.— Quando minha carreira estiver de vento em popa, será que vai faltar homem? Quando eu estiver no topo, vão sobrar pretendentes!A resposta arrancou uma gargalhada de Melissa, que ergueu o polegar em sinal de aprovação.As duas seguiram em direção ao estúdio da diretora. O espaço era pequeno, quase modesto para o padrão da indústria, mas carregava um charme próprio. A diretora havia começado com documentários e já tinha conquistado alguns p
Elas ficaram sem reação, espantadas com a resposta.— Não vai mais filmar? Mas por quê? — Esther perguntou, surpresa.Nanda sorriu, um pouco conformada.— Ah, eu não sou uma grande diretora, né? Só fiz alguns documentários, embora tenha ganhado um prêmio ou outro, não dá pra dizer que vivo disso. Eu passei cinco anos escrevendo esse roteiro, mas mesmo querendo filmar, não consegui encontrar investidores. Sem dinheiro, não dá para começar a produção! Além disso, você sabe como é hoje em dia, né? Tem milhares de roteiros sendo mandados pras produtoras e o meu nem foi notado. Pensei em fazer por conta própria, mas sem investimento, é impossível...Esther balançou a cabeça, compreendendo melhor.— Mas esse roteiro está realmente muito bom! — Ela insistiu, com a voz cheia de incentivo. — A Melissa e eu adoramos sua história.Melissa, ao lado de Esther, concordou com entusiasmo:— Isso mesmo! Não desista! Você sabe que tem o nosso apoio.Nanda sorriu, se sentindo de fato encorajada, mas mant
— Não me arrependo. — Respondeu Esther, com um ar sério. — Só não esperava um dia chegar a isso. Eu era só uma secretária, mas agora estou nessa aposta gigantesca... 50 milhões! Isso quase me faz perder o fôlego!Melissa, sorrindo, passou o braço pelo ombro de Esther para apoiá-la.— Você é minha maior investidora agora! No futuro, eu é que vou ter que depender de você para tudo!— Ah, que nada! — Esther soltou um risinho, tentando descontrair. — Os dias de trabalho árduo estão só começando, sabia? O momento de realmente relaxar vai ser só quando essa série estiver no ar, recebendo uma boa recepção do público. Até lá, a gente vai estar no limite. Caso contrário, vamos é acabar à míngua, sabe? Dessa vez é vencer ou vencer, não tem outra escolha.Melissa entendeu bem a seriedade da situação. Tanto ela quanto Esther estavam no mesmo jogo arriscado, como numa roleta de cassino. O futuro dependia desse projeto.Na verdade, Melissa nem sabia muito bem por que resolvera trilhar um caminho tão
Geraldo sempre foi firme e decidido em suas ações. Para ele, deixar Luiz ir embora não era uma opção, mas algo nas palavras de Luiz fez ele hesitar. Seria ele realmente confiável? Um amigo genuíno?Enquanto lutavam, o barulho da confusão aumentava, reverberando pela sala. Esther começou a recobrar os sentidos, se sentindo um pouco mais forte. Ao virar a cabeça, viu as duas figuras entrelaçadas em um confronto e, sem entender direito, perguntou:— O que vocês estão fazendo?Geraldo estava de costas para ela e, num reflexo, se posicionou de modo a bloquear a visão de Luiz. Esther, ainda confusa, mal imaginava que eles estavam brigando.— Luiz? — Chamou ela, ao perceber vagamente o vulto de Luiz.Ao ouvir a voz dela, Geraldo finalmente soltou Luiz e guardou o bisturi que estava segurando. Luiz, por sua vez, fingiu que nada estava acontecendo e forçou um sorriso, agindo casualmente.— Esther, que bom que você acordou.Esther ainda sentia um leve cansaço ao se sentar.— Você por aqui? O qu