— Tudo bem.Geraldo ficou olhando enquanto Esther saía de casa de bicicleta. Ela pedalava calmamente em direção ao centro da cidade. Não era uma distância tão longa.A casa onde ela morava agora era uma das melhores que Marcelo havia deixado para ela. Uma bela casa em um bairro valorizado.Enquanto pedalava, chegou a um cruzamento onde o movimento era intenso. Parou no sinal vermelho, aguardando a vez para atravessar na faixa de pedestres. Quando o sinal ficou verde, ela desceu da bicicleta para atravessar a rua empurrando sua bicicleta, com calma. De repente, sentiu uma presença ao seu lado e ouviu uma voz amigável.— Deixa que eu te ajudo com isso.Esther olhou para trás e viu um rapaz sorridente. Ele parecia ter notado que ela estava grávida e imaginou que ela poderia estar tendo dificuldades. Naquele dia, Esther tinha saído com um visual bem casual: seus cabelos presos em uma trança, um chapéu de palha para se proteger do sol, e um vestido largo que deixava sua barriga um pouco vis
Quando Esther saiu do banheiro, encontrou o dono da loja parado na porta, visivelmente nervoso. Ele parecia estar suando frio, como se tivesse acabado de ver algo aterrorizante.Ao vê-la, o dono arregalou os olhos, como se estivesse diante de um milagre.— Graças a Deus! Moça, finalmente você saiu! Pelo amor de Deus, não quero mais o anel! — Disse ele, com a voz trêmula, estendendo rapidamente o anel de volta para ela. — Por favor, fique com ele!Esther ficou surpresa e sem entender o motivo daquela reação.— Como assim não quer mais? — Perguntou, com a sobrancelha arqueada. — Não tínhamos combinado que seria 50 mil?— Não quero mais, não! — O dono insistiu, apressado. — Esse anel... Eu não tenho condições de comprar ele. Vai embora, por favor. Vá vender em outro lugar, mas não aqui!Sem mais nem menos, o dono empurrou ela para fora da loja, quase desesperado para se livrar dela. Esther se viu do lado de fora, confusa, e olhou para trás, apenas para ver o dono fechar a porta rapidament
Esther pegou de volta a sacola grande que o rapaz estava segurando.— Se você não vai falar, então não precisa me ajudar. Não estou acostumada a receber ajuda de estranhos.— Calma, calma! — Disse o rapaz, preocupado, ao ver a força com que ela puxou a sacola. Ele parecia receoso de que ela pudesse se machucar e ainda tentou mostrar uma atitude preocupada.Esther colocou a sacola no cesto da bicicleta e, sem perder tempo, subiu na bicicleta e começou a pedalar para ir embora.Ela não estava com pressa, pedalando devagar. Mesmo assim, percebeu que o rapaz continuava a segui-la. Ela olhou de relance para trás e sua paciência estava chegando ao limite. Respirou fundo, desceu da bicicleta e se virou para ele, falando com um tom mais alto do que antes:— Por que você está me seguindo? Ou você para com isso agora ou traz logo seu chefe aqui. Caso contrário, vou chamar a polícia!A expressão de Esther estava mais severa do que o habitual e isso deixou o rapaz sem ação. Ele ficou ali, parado,
Marcelo desviou o olhar, insistindo.— Eu vou por essa estrada! — A voz dele soava teimosa, endurecida pela sua própria teimosia.Aquilo só fez com que Esther ficasse ainda mais irritada. Os dois seguiram assim, em um impasse. Esther pedalava na frente e o carro de Marcelo ia logo atrás, como uma sombra incômoda.Percebendo que ele estava agindo como um verdadeiro “grude”, Esther decidiu mudar de direção. Em vez de seguir para casa, ela virou para o lado oposto, tentando despistá-lo.Marcelo franziu ainda mais a testa quando percebeu a manobra dela. Deixou escapar um suspiro e, logo em seguida, mandou o motorista buzinar levemente, como um lembrete.— Essa não é a direção da sua casa! — Sua voz baixa parecia mais uma advertência do que uma pergunta.— Quem disse que eu estou indo para casa? Não posso dar uma volta? — Esther retrucou, jogando as palavras com sarcasmo. Ela lançou um olhar afiado e continuou, num tom zombeteiro. — Que coincidência, hein, Sr. Mendes? Parece que agora a gen
— Não vai descansar mais um pouco? — Geraldo perguntou, caminhando ao lado de Esther.— Não, já descansei o suficiente. Ficar parada muito tempo só vai me deixar doente. Preciso retomar minha vida normal.Para Esther, não fazia sentido continuar naquela mansão, cercada por conforto e com Geraldo cuidando de tudo, se não tivesse algo para fazer. A vida sem trabalho seria entediante.— Está bem. — Ele respondeu, respeitando a decisão dela....De volta ao trabalho, Esther logo foi recebida por uma enxurrada de perguntas vindas de Eduarda.— Esther, me explica uma coisa. — Começou Eduarda, claramente ansiosa por respostas.Esther, porém, não estava com a menor paciência para lidar com questionamentos naquele momento.— O que você viu é verdade, vamos focar no trabalho.O humor de Eduarda refletia o mesmo que Diana havia demonstrado recentemente: uma mistura de frustração e raiva, um sentimento de injustiça que Esther preferia não aprofundar.Mesmo com o silêncio de Eduarda, o ambiente no
— O fato dela estar em alta agora não significa que o resultado final vai ser bom. — Disse Esther, falando lentamente, como se estivesse ponderando cada palavra. — Quanto maiores as expectativas, maior a decepção. Para conquistar de verdade o público, a popularidade de hoje não é suficiente. E, além do mais, se todos estão correndo atrás da Sofia, a gente não precisa ir atrás também, né? Seria pedir para ser rejeitada à toa.Ela lançou um olhar para a lista que estava em suas mãos.— Esses projetos podem não estar bombando agora, mas isso não quer dizer que são ruins. Quantas séries só estouram depois de ir ao ar? — Esther fixou o olhar em Eduarda, deixando sua opinião bem clara. — Essas podem aumentar muito as expectativas do público.Eduarda concordou com um leve aceno de cabeça.— Faz sentido o que você está dizendo. — Ela pensou um pouco mais antes de continuar. — Mas quem não gostaria de uma oportunidade já pronta? Dessa forma, o risco é menor. Melissa pode depender dessa próxima
— Então estamos alinhadas nessa? — Esther perguntou. — Acho que fomos irmãs em outra vida, tamanha nossa sintonia. — Respondeu Melissa, com um olhar suave.Esther apenas riu em resposta.— Mas... Estou um pouco preocupada com você. — Melissa continuou, seu olhar se tornando mais sério. — Você realmente superou tudo isso?Ela se referia aos rumores recentes, que não eram poucos. Sofia e Marcelo estavam agora juntos, e Esther havia sido deixada de lado. Para muitos, era uma situação difícil de engolir.Esther deu de ombros, aparentando tranquilidade.— Quando minha carreira estiver de vento em popa, será que vai faltar homem? Quando eu estiver no topo, vão sobrar pretendentes!A resposta arrancou uma gargalhada de Melissa, que ergueu o polegar em sinal de aprovação.As duas seguiram em direção ao estúdio da diretora. O espaço era pequeno, quase modesto para o padrão da indústria, mas carregava um charme próprio. A diretora havia começado com documentários e já tinha conquistado alguns p
Elas ficaram sem reação, espantadas com a resposta.— Não vai mais filmar? Mas por quê? — Esther perguntou, surpresa.Nanda sorriu, um pouco conformada.— Ah, eu não sou uma grande diretora, né? Só fiz alguns documentários, embora tenha ganhado um prêmio ou outro, não dá pra dizer que vivo disso. Eu passei cinco anos escrevendo esse roteiro, mas mesmo querendo filmar, não consegui encontrar investidores. Sem dinheiro, não dá para começar a produção! Além disso, você sabe como é hoje em dia, né? Tem milhares de roteiros sendo mandados pras produtoras e o meu nem foi notado. Pensei em fazer por conta própria, mas sem investimento, é impossível...Esther balançou a cabeça, compreendendo melhor.— Mas esse roteiro está realmente muito bom! — Ela insistiu, com a voz cheia de incentivo. — A Melissa e eu adoramos sua história.Melissa, ao lado de Esther, concordou com entusiasmo:— Isso mesmo! Não desista! Você sabe que tem o nosso apoio.Nanda sorriu, se sentindo de fato encorajada, mas mant