Esther voltou a olhar para Geraldo, que observava ela com uma expressão calma e indiferente. Para ele, aquilo já não era novidade, fazia parte da sua realidade. Ele já havia passado por situações sombrias antes e ela sabia que o lugar onde ele viveu no passado não era nada respeitável. Como ele mesmo havia dito, viviam nas sombras, onde a luz jamais poderia alcançar.Ainda assim, Esther estava muito abalada. Ela não conseguia entender como duas pessoas, ambas humanas, podiam levar vidas tão diferentes.— Como você pôde fazer isso por mim? — Questionou Esther, sentindo uma onda de rejeição percorrer seu corpo. — Eu teria acordado sozinha depois de desmaiar. Não precisava se machucar, muito menos cortar o pulso para me dar seu sangue. Isso só prejudica seu corpo. Eu não queria que você fizesse isso.Geraldo soltou um riso leve, como se aquilo fosse a coisa mais simples do mundo.— Não foi nada demais. É só um pouco de sangue. Eu não vou morrer por isso.— Não fala assim! — Protestou Esth
Diana não conseguia acreditar. Parecia estar vivendo um pesadelo, sua cabeça girava com tantas perguntas sem resposta. Ela sempre soube que Esther e Marcelo se amavam, então como o divórcio poderia ter acontecido tão de repente?— O que aconteceu? Esse canalha do Marcelo mudou de atitude tão rápido que chega a ser assustador! Não dá, eu vou atrás dele agora para tirar satisfações! — Disse, indignada.Esther já havia aceitado a realidade, apesar de tudo.— Não precisa, Diana. Sério, foi até bons termos nos divorciado. Agora eu tenho dinheiro, uma casa... Sou praticamente uma mulher rica. — Brincou, com um sorriso amargo. — Mesmo que eu nunca mais trabalhe na vida, não vou morrer de fome. Me dá os parabéns, né?— Isso só facilita a vida daquela vagabunda! — Bufou Diana, já se colocando no lugar de Esther. Ela jamais aceitaria uma situação dessas.— E o que ela vai ganhar com isso, de verdade? — Esther respondeu, num tom resignado. — Deixa isso pra lá. Já passou, não tem por que mexer nis
— Tudo bem.Geraldo ficou olhando enquanto Esther saía de casa de bicicleta. Ela pedalava calmamente em direção ao centro da cidade. Não era uma distância tão longa.A casa onde ela morava agora era uma das melhores que Marcelo havia deixado para ela. Uma bela casa em um bairro valorizado.Enquanto pedalava, chegou a um cruzamento onde o movimento era intenso. Parou no sinal vermelho, aguardando a vez para atravessar na faixa de pedestres. Quando o sinal ficou verde, ela desceu da bicicleta para atravessar a rua empurrando sua bicicleta, com calma. De repente, sentiu uma presença ao seu lado e ouviu uma voz amigável.— Deixa que eu te ajudo com isso.Esther olhou para trás e viu um rapaz sorridente. Ele parecia ter notado que ela estava grávida e imaginou que ela poderia estar tendo dificuldades. Naquele dia, Esther tinha saído com um visual bem casual: seus cabelos presos em uma trança, um chapéu de palha para se proteger do sol, e um vestido largo que deixava sua barriga um pouco vis
Quando Esther saiu do banheiro, encontrou o dono da loja parado na porta, visivelmente nervoso. Ele parecia estar suando frio, como se tivesse acabado de ver algo aterrorizante.Ao vê-la, o dono arregalou os olhos, como se estivesse diante de um milagre.— Graças a Deus! Moça, finalmente você saiu! Pelo amor de Deus, não quero mais o anel! — Disse ele, com a voz trêmula, estendendo rapidamente o anel de volta para ela. — Por favor, fique com ele!Esther ficou surpresa e sem entender o motivo daquela reação.— Como assim não quer mais? — Perguntou, com a sobrancelha arqueada. — Não tínhamos combinado que seria 50 mil?— Não quero mais, não! — O dono insistiu, apressado. — Esse anel... Eu não tenho condições de comprar ele. Vai embora, por favor. Vá vender em outro lugar, mas não aqui!Sem mais nem menos, o dono empurrou ela para fora da loja, quase desesperado para se livrar dela. Esther se viu do lado de fora, confusa, e olhou para trás, apenas para ver o dono fechar a porta rapidament
Esther pegou de volta a sacola grande que o rapaz estava segurando.— Se você não vai falar, então não precisa me ajudar. Não estou acostumada a receber ajuda de estranhos.— Calma, calma! — Disse o rapaz, preocupado, ao ver a força com que ela puxou a sacola. Ele parecia receoso de que ela pudesse se machucar e ainda tentou mostrar uma atitude preocupada.Esther colocou a sacola no cesto da bicicleta e, sem perder tempo, subiu na bicicleta e começou a pedalar para ir embora.Ela não estava com pressa, pedalando devagar. Mesmo assim, percebeu que o rapaz continuava a segui-la. Ela olhou de relance para trás e sua paciência estava chegando ao limite. Respirou fundo, desceu da bicicleta e se virou para ele, falando com um tom mais alto do que antes:— Por que você está me seguindo? Ou você para com isso agora ou traz logo seu chefe aqui. Caso contrário, vou chamar a polícia!A expressão de Esther estava mais severa do que o habitual e isso deixou o rapaz sem ação. Ele ficou ali, parado,
Marcelo desviou o olhar, insistindo.— Eu vou por essa estrada! — A voz dele soava teimosa, endurecida pela sua própria teimosia.Aquilo só fez com que Esther ficasse ainda mais irritada. Os dois seguiram assim, em um impasse. Esther pedalava na frente e o carro de Marcelo ia logo atrás, como uma sombra incômoda.Percebendo que ele estava agindo como um verdadeiro “grude”, Esther decidiu mudar de direção. Em vez de seguir para casa, ela virou para o lado oposto, tentando despistá-lo.Marcelo franziu ainda mais a testa quando percebeu a manobra dela. Deixou escapar um suspiro e, logo em seguida, mandou o motorista buzinar levemente, como um lembrete.— Essa não é a direção da sua casa! — Sua voz baixa parecia mais uma advertência do que uma pergunta.— Quem disse que eu estou indo para casa? Não posso dar uma volta? — Esther retrucou, jogando as palavras com sarcasmo. Ela lançou um olhar afiado e continuou, num tom zombeteiro. — Que coincidência, hein, Sr. Mendes? Parece que agora a gen
— Não vai descansar mais um pouco? — Geraldo perguntou, caminhando ao lado de Esther.— Não, já descansei o suficiente. Ficar parada muito tempo só vai me deixar doente. Preciso retomar minha vida normal.Para Esther, não fazia sentido continuar naquela mansão, cercada por conforto e com Geraldo cuidando de tudo, se não tivesse algo para fazer. A vida sem trabalho seria entediante.— Está bem. — Ele respondeu, respeitando a decisão dela....De volta ao trabalho, Esther logo foi recebida por uma enxurrada de perguntas vindas de Eduarda.— Esther, me explica uma coisa. — Começou Eduarda, claramente ansiosa por respostas.Esther, porém, não estava com a menor paciência para lidar com questionamentos naquele momento.— O que você viu é verdade, vamos focar no trabalho.O humor de Eduarda refletia o mesmo que Diana havia demonstrado recentemente: uma mistura de frustração e raiva, um sentimento de injustiça que Esther preferia não aprofundar.Mesmo com o silêncio de Eduarda, o ambiente no
— O fato dela estar em alta agora não significa que o resultado final vai ser bom. — Disse Esther, falando lentamente, como se estivesse ponderando cada palavra. — Quanto maiores as expectativas, maior a decepção. Para conquistar de verdade o público, a popularidade de hoje não é suficiente. E, além do mais, se todos estão correndo atrás da Sofia, a gente não precisa ir atrás também, né? Seria pedir para ser rejeitada à toa.Ela lançou um olhar para a lista que estava em suas mãos.— Esses projetos podem não estar bombando agora, mas isso não quer dizer que são ruins. Quantas séries só estouram depois de ir ao ar? — Esther fixou o olhar em Eduarda, deixando sua opinião bem clara. — Essas podem aumentar muito as expectativas do público.Eduarda concordou com um leve aceno de cabeça.— Faz sentido o que você está dizendo. — Ela pensou um pouco mais antes de continuar. — Mas quem não gostaria de uma oportunidade já pronta? Dessa forma, o risco é menor. Melissa pode depender dessa próxima