— Você precisa se cuidar melhor. — Liliane acrescentou, enquanto olhava para Esther com uma expressão preocupada. — Falei com meu avô e disse a ele que ficaria com você nos próximos dias. Trouxe até minhas malas!No mesmo momento, um soldado colocou as malas dela no carro.— Ótimo, então vou pedir para o Marcelo cozinhar para você. — Disse Esther, tentando descontrair.— Sério? — Liliane abriu um sorriso surpreso. — Isso seria maravilhoso! Já está mais do que na hora de ele fazer alguma coisa na cozinha e deixar você relaxar um pouco.Ao voltar para a casa, uma bela e espaçosa vila, Esther sentiu como se não tivesse se afastado por tanto tempo. Embora já fizesse um tempo desde a última vez que tinha ido até a mansão, tudo parecia exatamente como se ela tivesse estado ontem naquela casa.Liliane, sendo uma verdadeira fã de comida, nem esperou chegar em casa para comprar várias guloseimas. Era evidente que ela planejava passar bastante tempo com Esther e já estava confortável em se insta
Esther não conseguiu esconder a expressão de incômodo que tomou conta de seu rosto. Mesmo assim, ela colocou o celular de Marcelo de volta no lugar, como se nada tivesse acontecido. Ela se deitou de lado na cama, ouvindo o som da água caindo no banheiro. Sua mente, porém, estava cheia de pensamentos e incertezas.“O que ele estava fazendo esta tarde?”, ela se perguntava. Marcelo teria ido investigar a cena do crime onde encontraram o corpo da mulher ou teria se encontrado com Sofia? Algo dentro de Esther deixava ela inquieta, embora ela quisesse confiar em Marcelo. Afinal, eles estavam casados há três anos e ele nunca havia agido de forma tão estranha como nos últimos tempos.Ele demonstrava amor de maneiras únicas e Esther sabia reconhecer o afeto nos olhos dele, algo que ele reservava apenas para ela. Ele já havia lhe dito mais de uma vez que a amava e que ela seria, para sempre, a sua esposa.Contudo, essa mudança no comportamento de Marcelo fazia Esther se perguntar se havia algo q
— Ah, deixa pra lá! — Liliane disse, rindo. — Vamos fazer o nosso, né? Que tal irmos ao shopping hoje? Vou te dar uma bolsa de compras super prática e bonita, o que acha?Esther já estava bem à vontade com Liliane, então respondeu sem rodeios:— Nossa, tá toda generosa hoje, hein?— Claro, né? Tenho que te mimar pra não ficar na mira do Marcelo! Você sabe que ele me mata com aquele olhar gelado dele. — Liliane resmungou, não sendo muito fã da “cara de poucos amigos” de Marcelo.— Vou só trocar de roupa e já podemos sair. — Esther também queria aproveitar a saída para dar uma volta no shopping. Com a barriga crescendo a cada dia, ela sabia que logo precisaria comprar mais coisas para o bebê.As duas se arrumaram e logo saíram de casa. Como sempre, havia um motorista e seguranças as acompanhando. Esther havia tirado uma licença na emissora de TV onde trabalhava, mas isso não impedia ela de cuidar dos assuntos importantes à distância. Sempre que Eduarda precisava de algo ou surgia algum p
Esther virou a cabeça lentamente, com uma mistura de incredulidade e esperança no olhar.— É mesmo o Marcelo?Liliane notou o desespero no rosto de Esther. Ela não conseguia aceitar o que via, por isso precisou confirmar. Liliane não escondia a raiva em sua voz:— Esse homem é um canalha! Eu que achei que o Marcelo fosse diferente... Mas no fim, homem nenhum presta mesmo!Enquanto Liliane desabafava, com os olhos faiscando de indignação, Esther mal ouvia. Seus olhos estavam novamente presos na cena que se desenrolava à sua frente. Sofia estava agarrada ao braço de Marcelo, e pelo jeito, os dois pareciam ter reatado, como se tudo tivesse voltado ao início.As pernas de Esther pareciam ter criado raízes no chão. Ela não conseguia se mover.Do outro lado, Sofia continuava a falar, seu tom suave e satisfeito:— Marcelo, obrigada! Não precisava, mas esse presente foi incrível! Comprar uma bolsa tão cara assim pra mim.Para qualquer mulher, ganhar um presente tão desejado de um homem que ama
O olhar de Esther repousou sobre Marcelo e sua voz saiu hesitante:— É verdade?Os olhos de Marcelo, sempre tão profundos e misteriosos, agora pareciam ainda mais escuros e frios. Ele encarou o rosto de Esther, que parecia prestes a se quebrar em mil pedaços, mas continuou em silêncio.Esther insistiu, sua voz já começava a falhar:— Você e a Sofia, vocês estão juntos? Me diz, é verdade? Eu só acredito em você!Mais uma vez, o silêncio de Marcelo permaneceu como uma barreira intransponível. As lágrimas começaram a surgir nos olhos de Esther. Ainda havia uma centelha de esperança dentro dela, uma esperança frágil, mas presente.— Se você me disser que nada disso é verdade, eu posso esquecer. Mesmo que eu tenha visto você com ela, mesmo que eu tenha visto ela segurando o seu braço... Eu vou acreditar que você tem uma explicação, eu vou acreditar em você, mas por que você não fala nada? Fala alguma coisa! Me dá um motivo, uma esperança... Só um pouco.A cada palavra, o coração de Esther
Quando Sofia ouviu aquelas palavras, por um momento, ela ficou sem reação. Será que Marcelo não sabia que Esther estava grávida? Ou havia outro motivo por trás disso?No entanto, o olhar de Marcelo não mudou em nada. Seus olhos profundos permaneceram frios, vazios de qualquer emoção. Para ele, parecia que tudo o que envolvia Esther já não fazia mais parte da sua vida.Esther, no fundo, ainda alimentava uma pequena esperança. Ela acreditava que, talvez, o fato de estar grávida pudesse tocar o coração de Marcelo e fazer ele reconsiderar. Mas, no final das contas, era ela que estava se iludindo.Quando um homem decide ser frio e implacável, nem mesmo um filho é suficiente para mudar isso.Talvez fosse melhor nem ter contado nada.A última esperança de Esther não teve efeito algum. Ela sentiu seu coração se partir, morrendo aos poucos.— Marcelo, vamos embora. — Sofia quebrou o silêncio entre eles, se encostando no braço de Marcelo, como se quisesse selar sua vitória definitiva. — Esther,
Mesmo que o filho nascesse, ele nunca seria bem-vindo por Marcelo. Melhor seria que ela cuidasse da criança sozinha do que tê-lo ao lado de um pai como ele.A mansão estava silenciosa, quase fria de tão vazia.Esther ficou sentada ali por horas, imóvel, perdida em seus próprios pensamentos. Revivia em sua mente todos os momentos que viveu ao lado de Marcelo. Desde quando ela, jovem e cheia de sonhos, havia começado a trabalhar na mesma empresa que ele, até o momento em que havia se tornado sua esposa. Durante todos esses anos, mesmo sem receber um olhar de carinho, ela tinha suportado tudo, calada, esperando que um dia ele notasse ela. Quando finalmente decidiu desistir, deixou o caminho livre para que ele fosse atrás do seu verdadeiro amor. Mas, ironicamente, ele voltou a procurar ela, se envolvendo novamente com ela.Parecia que o destino havia decidido pregar uma peça cruel em Esther. Não importava o que fizesse, o final sempre seria trágico.Dessa vez, não havia escapatória. O divó
— Cala a boca! — Gritou Esther, tomada pela fúria. — Como você consegue dizer esse tipo de coisa? Eu realmente estava errada sobre você!Marcelo virou o rosto, mas não tentou desviar. Ele aceitou o tapa dela de frente, sem hesitação.Seu rosto estava marcado, a bochecha avermelhada pelo impacto. No entanto, o canto de sua boca se curvou em um sorriso amargo, cheio de desprezo. Ele se virou lentamente, com aquele olhar frio e distante, o mesmo de sempre. Mas agora, a frieza em seus olhos era mais profunda, como um abismo sem fim. Ele riu com escárnio.— Se isso te ajudar a desistir de mim, então é um bom começo. Eu nunca fui o homem certo para você!Esther estava devastada. O corpo dela tremia de tanta raiva e tristeza. Jamais, em toda sua vida, ela havia conhecido um homem tão cruel quanto Marcelo.— Se o seu objetivo era me fazer assinar esses papéis, então você conseguiu. Não pense que é só você que quer o divórcio. Eu também quero! — Ela não hesitou nem por um segundo. Pegou a canet