Sofia já conseguia ver Marcelo através da janela de vidro da UTI. Para ela, ele parecia estar à beira da morte. Com as mãos trêmulas, agarrou o braço do homem de uniforme camuflado que estava na porta.— Como ele está? Ele está gravemente ferido? Como ele foi ferido tão gravemente assim? Quando ele vai acordar?— Isso não sabemos. — Respondeu o homem, com uma expressão séria. — Mas, senhorita, aqui é uma área silenciosa. Se quiser esperar que o capitão Marcelo acorde, terá que aguardar pacientemente.Os olhos de Sofia estavam avermelhados de preocupação. Ela mal conseguia disfarçar o nervosismo.— Como isso aconteceu? Ele estava bem, e agora está na UTI! Será que ele vai morrer? — Sua voz trêmula revelava o medo que ela tentava esconder.Ao ver Sofia tão descontrolada, Diana não pôde deixar de comentar, com uma pitada de sarcasmo:— Por que ela está tão desesperada assim? Ela nem é esposa dele! Como ela soube que Marcelo estava ferido? Será que a pessoa que tentou te sequestrar foi ela
O olhar de Esther para Sofia era cheio de frieza e hostilidade, como se estivesse declarando guerra. Estava claro que ela estava dizendo, sem palavras: Eu não vou te perdoar!Sofia nunca tinha visto aquele olhar antes, o que fez ela sentir uma pressão inesperada, apesar de toda a sua arrogância. Esther já havia decidido que não iria mais dar espaço para Sofia, então replicou:— Srta. Sofia, você já viu o que queria ver, já fez todo o seu escândalo. Agora, por favor, vá embora. Meu marido não precisa da sua preocupação sobre quando vai acordar!Sofia ficou ainda mais revoltada.— Você acha que tem algum direito aqui? Você já foi deixada de lado, uma mulher abandonada!— Eu tenho o direito porque sou a esposa de Marcelo, porque ele arriscou a vida para me salvar. Você não tem o menor direito de estar aqui! — Esther retrucou com firmeza. — Tirem ela daqui!— Você... — Sofia ficou vermelha de raiva.Mas os homens de uniforme camuflado obedeciam a Esther. Eles sabiam que Marcelo havia se f
Esther estava no escritório já fazia um tempo e como não saía de lá, Isabela resolveu entrar para ver o que estava acontecendo.— Esther, o que você está procurando? — Perguntou Isabela, parada na porta, observando a filha revirar os papéis, claramente confusa.Esther levantou a cabeça e explicou:— Mãe, eu lembro que o papai adorava colecionar jornais, mas por que não estou encontrando nenhum?Felipe, de fato, tinha esse hobby. Ele guardava os jornais em uma caixa, desde o primeiro que comprou, os mantendo organizados por datas. Esther imaginava que seria fácil encontrá-los, principalmente porque seu pai costumava ser meticuloso com essas coisas. Mas, por alguma razão, ela não conseguia achar o que estava procurando.Ao ouvir isso, o rosto de Isabela mudou um pouco, mas ela rapidamente se recompôs, tentando não deixar Esther perceber seu desconforto. Com um sorriso, ela se aproximou da filha.— Que jornal você está procurando? Deixa eu te ajudar.Esther finalmente disse o que estava b
Depois de dizer isso, Isabela foi para a cozinha.Esther se sentia verdadeiramente abençoada. Tinha pais amorosos e presentes em sua vida, que a amavam muito. No meio de toda aquela movimentação em casa, Felipe também se levantou, mesmo já sendo tarde. Ele apareceu trazendo frutas para todos.Como pais, a maior preocupação deles era sempre se os filhos estavam bem alimentados. Eles tinham essa necessidade constante de cuidar, de oferecer algo.— Pai, você deveria voltar para descansar. Não precisa ficar acordado por nossa causa, já está tão tarde. — Disse Esther, com uma expressão preocupada.— Ora, que conversa é essa? Para mim, você nunca chega tarde. Não importa a hora, sempre é bom te ver. — Respondeu Felipe com um olhar cheio de carinho. Ele se virou então para Diana. — Você também faz tempo que não aparece por aqui.— O trabalho anda me consumindo muito, mas eu e a Esther continuamos nos falando sempre. Cheguei meio de última hora, por isso nem trouxe nada para você.Felipe sorr
— Tá bom. — Esther concordou com um aceno, tentando tranquilizar Diana. — Dorme logo.Diana estava realmente cansada e, em poucos minutos, já havia voltado a dormir. Mas, para Esther, o sono não vinha tão fácil. Sua mente estava inquieta, cheia de pensamentos que não deixavam ela descansar. Ao ouvir Diana falar sobre ir a igreja, ela se lembrou do bracelete de contas de jade verde que Geraldo sempre carregava. Era algo que lhe parecia estranhamente familiar.Na manhã seguinte, foi Diana quem acordou Esther, a sacudindo de leve.— Esther, acorda! Acorda rápido! Aconteceu algo terrível. O Marcelo está em estado crítico! — Disse Diana, sua voz cheia de urgência e preocupação.Os olhos de Esther se arregalaram de choque.— O quê?! — Sua voz saiu tremida, o coração disparando. Num piscar de olhos, ela se levantou da cama, o medo tomando conta. — Quando isso aconteceu?— Agora há pouco! Acabei de receber uma ligação do hospital! — Diana respondeu, tentando manter a calma.Esther rapidamente
— Não aceito isso! Se você quer tanto morrer, então vai e morre de uma vez! — Esther gritou, afastando bruscamente a mão de Marcelo. Sem hesitar, se virou e começou a sair do quarto.— Esther! — Marcelo tentou se levantar da cama para ir atrás dela, mas o movimento repentino puxou seus pontos, fazendo com que ele caísse de volta sobre os lençóis com uma forte dor. Ele começou a tossir sem parar.Esther parou no meio do caminho, seu corpo travado pela preocupação, e se virou para ele. Marcelo estava com a testa franzida de dor, o rosto pálido.Seu coração se apertou ao vê-lo naquela situação, e ela correu de volta para perto dele.— Você está bem? Foi a ferida, né? Quer que eu chame o médico? — Esther perguntou, sua voz estava repleta de ansiedade.Mesmo com a dor evidente, Marcelo não soltou a mão dela e, entre respirações ofegantes, disse:— Se você ficar aqui comigo, eu vou melhorar.Esther olhou para o rosto pálido de Marcelo, os olhos dele cheios de uma súplica silenciosa, como se
Ao ouvir o que ele disse, Esther pensou que Marcelo estava passando mal de novo e, preocupada, perguntou rapidamente:— Você está se sentindo mal? O que está acontecendo?Seus olhos arregalados demonstravam todo o cuidado que ela sentia por ele.Marcelo observava ela com atenção. Seu olhar se aprofundou, e ele respondeu com a voz rouca, quase provocante:— Estou me sentindo mal... No corpo.Preocupada, Esther começou a verificar se algo estava errado. Mas, ao tocar o corpo dele e sentir sua pele quente e a respiração irregular, ela percebeu do que se tratava. Num instante, seu rosto ficou vermelho de vergonha, e ela se afastou depressa.— Sério? Nessa situação, você ainda consegue pensar nisso? Não consegue se controlar? — Esther exclamou, sem acreditar.— É uma reação natural. Como você quer que eu controle isso? — Marcelo deu de ombros, resignado, tentando controlar o próprio corpo.— Eu acho que você pensa demais nessas coisas! Parece que é só nisso que você consegue pensar o tempo
Marcelo estava fazendo uma análise cuidadosa da situação. Utilizando a lógica da exclusão, chegou à conclusão de que o gangue tinha algo pessoal contra ele. Eles atiraram para matá-lo, o que fez ele pensar que havia uma inimizade anterior. O único caso não resolvido do passado que lhe veio à mente foi o de uma rede de tráfico de pessoas.A questão é que, dessa vez, o alvo parecia ser Esther. Ela não era uma criança, o que era incomum para esse gangue, já que eles geralmente focavam no tráfico infantil. No entanto, também poderia se tratar de um caso de tráfico de órgãos.Se fosse apenas isso, após terem sido expostos na primeira tentativa, seria prudente evitar uma segunda tentativa contra a mesma pessoa em tão pouco tempo. Além disso, considerando a posição de Esther, não parecia provável que ela fosse um alvo comum para esse gangue. A hipótese mais provável era que alguém havia encomendado o ataque, pagando para que machucassem Esther.— Capitão Marcelo, aquela mulher que veio ontem