— Não vou morrer. — Marcelo respondeu com dificuldade, a dor estampada em seu rosto enquanto ele respirava com dificuldade. Suas sobrancelhas se contraíam de agonia. — Se eu morrer, quem vai te proteger? Então eu não vou morrer.Esther não suportava ouvir esse tipo de coisa. Suas lágrimas caíram ainda mais intensamente. O olhar de Marcelo continuava suave, e ele deu leves tapinhas nas costas dela, tentando acalmar sua tristeza.Ele também estava com medo. Medo de morrer e deixar Esther sozinha.E se algo assim acontecesse de novo? Quem cuidaria dela? Ele temia que Enrico, aquele farsante, tentasse enganá-la ou machucá-la. Também tinha ciúmes, medo de que Esther pudesse se apaixonar por outro homem. Esse pensamento incomodava muito ele, e ele até se sentia tolo por pensar assim, mas era a verdade.Marcelo deu um sorriso amargo, embora seu corpo estivesse fraco.Esther, com raiva de si mesma por chorar tanto, enxugou as lágrimas com força. Mesmo sabendo que era impossível controlar suas
— Você deve estar falando sem pensar! Que história é essa de “saber se proteger”? Você acha que pode se comparar a um homem em força física? Ou que tem poderes mágicos? Vamos ser realistas, Esther! Você não é uma heroína de ficção, você é uma mulher, e mais do que isso, uma mulher grávida. Ficar se culpando não vai ajudar em nada, e enquanto você está se corroendo de culpa, os culpados por isso estão à solta! Colocar esse peso sobre você não vai resolver o problema! — Diana disse, franzindo as sobrancelhas com seriedade.Esther se sentia culpada por ser frágil, enquanto seus inimigos pareciam fortes e numerosos, determinados a tirarem sua vida. Ela sabia que não tinha como lutar contra eles e, pior ainda, havia colocado outras pessoas em perigo por sua causa.As palavras de Diana faziam sentido. Por mais que ela estivesse triste e angustiada, seus inimigos ainda estavam livres. Nada do que ela sentia mudaria esse fato.Abraçando Diana, Esther se apoiou em seu ombro, a voz baixa e trêmu
Diego, o homem conhecido como “Homem da Lâmina”, superior de Rita, estava sentado calmamente, tomando café. Ele não parecia minimamente interessado no estado de Rita após o espancamento. Apenas quando ela finalmente caiu no chão, exausta, ele colocou a xícara de café de lado. Seus olhos, afiados como lâminas, se voltaram para ela, fixos e ameaçadores.— Você está querendo me fazer de idiota? Por acaso pensou em deixar aquela mulher escapar de propósito?Rita, deitada no chão, mantinha os olhos abertos, se forçando a se arrastar, lenta e dolorosamente, até os pés de Diego. Quando finalmente chegou perto, sua voz saiu ofegante e suplicante:— Eu não fiz isso...Diego continuou, sem demonstrar qualquer empatia:— Você claramente hesitou. Quando estava prestes a jogar ela da ponte, vacilou. Isso me faz duvidar da sua lealdade. Está começando a questionar suas ordens, não está?O rosto de Rita ficou ainda mais pálido. Em desespero, ela agarrou a barra das calças dele.— Foi ela... Ela agarr
O olhar de Diego encontrou o de Geraldo. Por um breve momento, sua fúria diminuiu consideravelmente, seus olhos se estreitando enquanto falava:— Isso vai depender da sua sinceridade.Rita, ao ouvir isso, ficou completamente pálida. Com o coração apertado, ela implorou:— Geraldo não sabe de nada. Ele não tinha a menor ideia dos meus planos. Por favor, deixa ele em paz desta vez.Diego olhou fixamente para as mãos de Geraldo, como se quisesse segurá-las, mas Geraldo, com um gesto rápido e calculado, recuou sua mão. Com um sorriso cheio de segundas intenções, ele sugeriu:— Vamos tomar um drink à noite.Toda a raiva de Diego desapareceu como se nunca tivesse existido. Ele riu, claramente satisfeito com a sugestão.— Ótimo, combinado. Vou esperar por você.Depois disso, Diego decidiu perdoar Rita e partiu, levando seus homens com ele.Rita, apesar das inúmeras marcas de chicote espalhadas pelo corpo, conseguiu se levantar. A dor era quase insuportável, mas ela a ignorou, se aproximando r
O olhar de Geraldo se suavizou ao sorrir para ela, com uma ternura que quase desarmava ela. Porém, ao encarar ele, Esther sentiu uma estranha melancolia crescer em seu peito. Havia tristeza nos olhos dele, e, sem saber o porquê, aquilo também entristecia ela.Ela se lembrou das palavras duras que havia dito para ele antes. Talvez, sem perceber, tivesse magoado ele. E agora tudo fazia mais sentido. Esther começou a acreditar que Geraldo jamais machucaria ela. Havia algo mais profundo por trás de suas ações. Talvez ele estivesse carregando um fardo, um segredo.Ela queria perguntar, descobrir se eles haviam realmente passado por momentos extremos juntos, situações de vida ou morte. Mas, para alcançar Geraldo, precisaria atravessar a rua.Infelizmente, o sinal de trânsito ainda estava fechado para pedestres. Ela se viu forçada a esperar o semáforo verde, enquanto os carros passavam velozmente na sua frente. Seu olhar não desgrudava de Geraldo, o medo de que ele fosse embora era evidente.
Sofia já conseguia ver Marcelo através da janela de vidro da UTI. Para ela, ele parecia estar à beira da morte. Com as mãos trêmulas, agarrou o braço do homem de uniforme camuflado que estava na porta.— Como ele está? Ele está gravemente ferido? Como ele foi ferido tão gravemente assim? Quando ele vai acordar?— Isso não sabemos. — Respondeu o homem, com uma expressão séria. — Mas, senhorita, aqui é uma área silenciosa. Se quiser esperar que o capitão Marcelo acorde, terá que aguardar pacientemente.Os olhos de Sofia estavam avermelhados de preocupação. Ela mal conseguia disfarçar o nervosismo.— Como isso aconteceu? Ele estava bem, e agora está na UTI! Será que ele vai morrer? — Sua voz trêmula revelava o medo que ela tentava esconder.Ao ver Sofia tão descontrolada, Diana não pôde deixar de comentar, com uma pitada de sarcasmo:— Por que ela está tão desesperada assim? Ela nem é esposa dele! Como ela soube que Marcelo estava ferido? Será que a pessoa que tentou te sequestrar foi ela
O olhar de Esther para Sofia era cheio de frieza e hostilidade, como se estivesse declarando guerra. Estava claro que ela estava dizendo, sem palavras: Eu não vou te perdoar!Sofia nunca tinha visto aquele olhar antes, o que fez ela sentir uma pressão inesperada, apesar de toda a sua arrogância. Esther já havia decidido que não iria mais dar espaço para Sofia, então replicou:— Srta. Sofia, você já viu o que queria ver, já fez todo o seu escândalo. Agora, por favor, vá embora. Meu marido não precisa da sua preocupação sobre quando vai acordar!Sofia ficou ainda mais revoltada.— Você acha que tem algum direito aqui? Você já foi deixada de lado, uma mulher abandonada!— Eu tenho o direito porque sou a esposa de Marcelo, porque ele arriscou a vida para me salvar. Você não tem o menor direito de estar aqui! — Esther retrucou com firmeza. — Tirem ela daqui!— Você... — Sofia ficou vermelha de raiva.Mas os homens de uniforme camuflado obedeciam a Esther. Eles sabiam que Marcelo havia se f
Esther estava no escritório já fazia um tempo e como não saía de lá, Isabela resolveu entrar para ver o que estava acontecendo.— Esther, o que você está procurando? — Perguntou Isabela, parada na porta, observando a filha revirar os papéis, claramente confusa.Esther levantou a cabeça e explicou:— Mãe, eu lembro que o papai adorava colecionar jornais, mas por que não estou encontrando nenhum?Felipe, de fato, tinha esse hobby. Ele guardava os jornais em uma caixa, desde o primeiro que comprou, os mantendo organizados por datas. Esther imaginava que seria fácil encontrá-los, principalmente porque seu pai costumava ser meticuloso com essas coisas. Mas, por alguma razão, ela não conseguia achar o que estava procurando.Ao ouvir isso, o rosto de Isabela mudou um pouco, mas ela rapidamente se recompôs, tentando não deixar Esther perceber seu desconforto. Com um sorriso, ela se aproximou da filha.— Que jornal você está procurando? Deixa eu te ajudar.Esther finalmente disse o que estava b