Ele não escondeu nada. Falou com toda a sinceridade. — Por que você fez isso? Você não tem noção do impacto que isso tem sobre mim? Eu mandei você dar um fim na Esther, ela já não está mais aqui, o que poderia nos salvar. Mas o que você fez? Você me jogou direto na fogueira! Por que está fazendo isso comigo? — Sofia ficou chocada.Geraldo terminou de alimentar os pombos, limpou as migalhas de pão da roupa e disse, despreocupado: — Entre nós dois nunca houve uma troca. Você me pediu ajuda, mas não me pagou nada, e eu também não cobrei. Agora, a Esther me pagou para comprar informações sobre você. E, bom, diante de uma boa quantia, como eu poderia dizer não? — Geraldo! — Sofia gritou, quase perdendo o controle. — Isso não é uma brincadeira! Nós estamos no mesmo barco! Os lábios de Geraldo, antes curvados em um sorriso leve, ficaram sérios. Ele respondeu com calma: — Eu sei muito bem o que estou fazendo. Como compensação, eu vou restaurar a sua audição. — Eu não te entendo mai
Por que ela estava se sentindo tão triste?Esther pensou por alguns instantes, mas não conseguiu encontrar uma resposta.— Quanto tempo eu dormi? — Perguntou Esther, tentando quebrar o silêncio.— Meia hora. Esther, você tem certeza que não tá muito cansada? Você adormeceu assim que encostou a cabeça na mesa. — Eduarda respondeu.Esther pensou que provavelmente era por causa da gravidez, então mentiu:— Talvez eu só não tenha dormido bem ontem à noite.Eduarda olhava para ela com preocupação. Mesmo após a explicação, seus olhos ainda mostravam uma certa inquietação. Só depois de se certificar de que Esther realmente estava bem, ela pareceu relaxar.Logo, o tom preocupado de Eduarda deu lugar à empolgação. Com os olhos brilhando, ela contou a novidade:— Aquele artigo que a gente publicou teve retorno! Adivinha quantas visualizações? Mais de um milhão!— A internet toda está detonando a Sofia, e até a Gabriela não escapou dessa. Conseguimos! — Eduarda continuou, cheia de entusiasmo. — E
— Ótimo! — Gabriela soltou uma risada fria. — Vamos ver de que lado a editora-chefe vai ficar!— Parem com isso! — De repente, uma voz firme interrompeu a discussão. Anabela já estava atrás delas, com uma expressão de puro desagrado. Seu rosto estava pálido, e era evidente que não estava nada feliz de ver as três brigando daquele jeito, ainda mais com os outros colegas por perto.Gabriela, ao ver a chefe, imediatamente tentou se aproveitar da situação, dizendo:— Chefe, você chegou na hora certa! Me ajude a resolver isso. Elas arruinaram o meu trabalho, destruíram a minha reputação. Eu estava prestes a garantir a exclusiva com a Sofia! Ela é o novo fenômeno! Se eu conseguisse essa entrevista, traria grandes lucros para nós, mas...— Chega! — Anabela interrompeu, olhando para Gabriela com frieza, sem querer ouvir mais.Gabriela, que ainda não tinha terminado sua argumentação, ficou visivelmente nervosa. Mesmo assim, tentou manter a compostura.— Mas, chefe, estou falando a verdade.— V
Gabriela foi arrastada para fora à força, e sua voz aos poucos foi desaparecendo nos corredores da emissora.Anabela se voltou para Esther e Eduarda, com um olhar de reconhecimento.— Dessa vez, graças a vocês, conseguimos salvar a reputação da Panorama TV.Eduarda, sempre tão discreta, ficou visivelmente envergonhada ao receber o elogio, algo que não era comum.— Chefe, nós apenas contamos a verdade. O importante é que não causamos danos à emissora.Anabela, percebendo a apreensão das duas, tratou de tranquilizá-las.— Se lembrem, nosso trabalho é buscar a verdade e expô-la. Vocês fizeram o que era certo! — Com essas palavras, ela ofereceu uma confirmação do trabalho das duas. Seus olhos, então, pousaram sobre Esther, e seu tom ganhou um toque mais pessoal. — Eu pude ver que você se dedicou muito a esse caso.Para Esther, havia, de fato, uma motivação pessoal por trás. No entanto, ela respondeu de forma profissional:— Fiz apenas o que uma jornalista deve fazer.— Seu talento para a e
Esther pensou nisso e logo soltou uma risada irônica.— Os executivos da sua empresa de entretenimento devem estar perdendo a cabeça de preocupação, e você, como o chefe, ainda tem tempo de vir me procurar?Marcelo a observava intensamente com seus olhos profundos. Cada gesto de deboche e sarcasmo de Esther era captado por ele. No entanto, sua resposta foi calma:— É só uma empresa de entretenimento. Você realmente acha que eu me importo com isso?As palavras dele surpreenderam Esther, que ergueu o olhar. O que encontrou foram os olhos de Marcelo, que não demonstravam nada além de preocupação por ela. Parecia que ele estava dizendo, sem palavras, que a empresa que ele havia criado não era nada em comparação com ela.Afinal, a empresa de entretenimento não foi criada para Sofia? Isso não seria uma confirmação indireta de que ela, Esther, era muito mais importante do que Sofia?Esther balançou a cabeça, se recuperando dessa linha de pensamento. Como poderia pensar algo assim? A ligação e
Marcelo a ergueu nos braços sem o menor esforço, falando em um tom baixo, mas firme:— Você não me escuta, então não tive outra escolha.Esther, claramente irritada, protestou:— Você é algum tipo de bandido? Forçando os outros a fazerem o que não querem?— É melhor do que deixar você agir por impulso!— Eu estou agindo por impulso? — Esther retrucou, encarando ele.Os olhos de Marcelo ficaram sombrios, e ele respondeu com uma calma fria:— Você esqueceu da última vez? Estava exausta, quase perdeu o bebê. E hoje, com essa história da Sofia, não foi muito diferente, né?Ao ouvir isso, Esther baixou os olhos, e suas emoções, que estavam à flor da pele, começaram a se acalmar.— E o que isso tem a ver com eu pegar um táxi para casa? — Ela perguntou, tentando manter a calma.Marcelo a havia levado até o carro e a colocou no chão, seus olhos cravados nos dela com uma intensidade que a desarmou.— E se você começar a sentir dor no meio do caminho? Agora há pouco não foi isso que aconteceu? —
— O que você quer dizer com isso? — Perguntou Esther, com os olhos semicerrados. — Para se divorciar de mim, você também seria capaz de mentir e dizer que o filho é do Luiz. — Marcelo afirmou, com sua voz carregada de desconfiança. Esther podia contar nos dedos de uma mão as vezes em que havia mentido para Marcelo. Se não fosse necessário, ela nunca mentiria. Essa história de que o filho era de Luiz, bem, essa afirmação nunca saíra de sua boca. Ela jamais admitiu tal coisa. — E se não é do Luiz, vai dizer que é seu? — Esther se virou para encará-lo, com os olhos desafiadores. — Quem é esse Enrico, afinal? — Marcelo perguntou, com os olhos ficando ainda mais sombrios. — Esther, esse cara realmente existiu ou você só inventou isso para me provocar? Ele já tinha investigado tudo sobre o passado dela. Vasculhou cada pessoa com quem Esther havia contato ao longo de sua vida, mas não havia ninguém com o nome de Enrico.Talvez fosse um apelido, mas também não encontrou nenhuma pista.Ao
Esther estava tão certa de que nunca havia desaparecido por um verão inteiro que isso fez Marcelo hesitar por um momento. A firmeza dela o deixou confuso. Talvez aquele verão em que ela havia sumido não fosse tão verdade assim.Sem perceber o que havia de errado, Esther olhou para frente e, ao se aproximar de casa, disse com tranquilidade:— Estamos quase chegando. Pode parar aqui na frente.Gilberto pisou no freio e parou o carro de maneira suave na esquina.Esther abriu a porta e desceu.— Estou indo. Você também deveria ir para casa logo. — Disse ela, em um gesto educado para Marcelo, que a havia levado de volta.Marcelo, porém, não conseguia entender onde estava o erro. Enquanto ele permanecia em silêncio, perdido em pensamentos, Esther, sem esperar por uma resposta, caminhou sozinha em direção ao condomínio, seus passos ecoavam no asfalto.Marcelo observou Esther se afastar, mas não fez nenhum movimento para sair do carro. Ele estava preso em um ciclo de dúvidas, procurando uma ex