— Claro que você tem culpa. — Esther disse, com a expressão fechada, enquanto Joana defendia Sofia.Joana, ao ouvir Esther falar, respondeu de imediato:— Esther, a Fifi já está nesse estado! Não fica atrapalhando mais, só vai acabar machucando ela!Sua primeira reação foi a de proteger quem ela via como sua nora.Esther se aproximou e viu Sofia, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas, chorando desesperadamente, como uma flor que murcha à beira do fim.— Por que você acha que não posso falar? Quem está realmente preocupada com a Michele? Você está mais preocupada com seu filho, a Sofia está com medo de ser responsabilizada por tudo isso, tentando fazer papel de vítima. A Michele foi empurrada. Eu vi com meus próprios olhos, e você é a culpada por tudo isso. Acredito que Sofia é a principal responsável.Michele já estava sendo levada para a sala de emergência, com lesões graves, o que fez Esther ficar ainda mais decidida a não poupar palavras.— Não inventa! — Exclamou Joana, irrit
— Marcelo! — Joana o chamou, percebendo sua frieza.Marcelo ignorou suas palavras, com o rosto fechado, se afastando sem nem olhar para trás.Joana queria aproveitar o momento para tentar melhorar as coisas com Marcelo, mas Sofia estava chorando ao lado, depois de ter sido humilhada. Sem outra opção, Joana foi até ela para ajudá-la a se levantar.— Fifi, levanta, para de chorar. — Disse Joana, com um tom suave, tentando acalmá-la.Sofia se levantou com a ajuda de Joana, mas continuou se jogando em seus braços.— Sra. Joana, será que eu sou tão insuportável assim? Por que ninguém gosta de mim? — Sofia soluçava, a voz entrecortada pelo choro.— Claro que não, Fifi. Eu gosto muito de você, e todo mundo gosta também. — Joana a abraçou forte, acariciando suas costas na tentativa de acalmá-la.Sofia continuava a chorar nos braços de Joana, se fazendo de vítima, como se a culpada da situação fosse qualquer outra pessoa. Mesmo que estivesse errada, quem ousaria criticar uma moça que chorava tã
Vitor não se dignou a discutir com Joana, ignorando completamente as suas súplicas e choros. Para ele, as lágrimas dela não tinham o menor valor. Ele não se abalava com nada do que ela dissesse ou fizesse.Joana, por sua vez, sentia cada vez mais o peso da indiferença do marido. Cada gesto dele parecia um golpe direto no seu coração, fazendo sua resistência diminuir ainda mais. Com os olhos vermelhos e cheios de raiva, ela tentou uma última vez provocar uma reação dele. — Fala alguma coisa! Por que você não fala nada? Em seus olhos, Michele é mais importante que eu, né? Eu sou a sua esposa legítima, Vitor, você não pode me tratar assim!Ela estava quase aos prantos, querendo desesperadamente que ele a olhasse, que ao menos se importasse. Um simples olhar dele já seria suficiente para acalmar sua indignação e seu pavor. Mas Vitor se manteve em silêncio, sem dar a mínima. Olhou para ela como se fosse uma estranha. Marcelo observava tudo com indiferença, sem se surpreender com o cenári
Será que ele já sabia?Esther, imersa em seus pensamentos, se recordou das vezes em que Michele havia mencionado algo sobre o assunto, mas até então ela não havia pensado com tanta atenção nas palavras de Michele. Talvez Marcelo já soubesse de tudo. — Esther. A voz suave de Luiz a trouxe de volta à realidade. Ele se aproximou dela e, com um sorriso gentil, sugeriu: — Que tal descansar um pouco? Você está de pé há muito tempo, vai acabar se cansando. Ela sentiu uma leve dor nas costas, o cansaço se acumulando após tanto tempo em pé, mas não queria sair dali. — Eu quero esperar a Michele acordar. — Respondeu com uma expressão determinada, se sentando ao lado.— Eu fico com você. — Luiz disse, de maneira tranquila.Ela lançou um sorriso agradecido a ele e assentiu levemente com a cabeça.Marcelo, com sua figura alta e imponente, estava apoiado na porta, observando a cena. Seu olhar se fixou em Luiz e na maneira como ele estava preocupado com Esther. Havia algo nos olhos de Luiz, um
— Não é isso. — Esther respondeu, sem hesitar.Marcelo, que estava ao lado dela, fez uma expressão fechada, o rosto tenso. A voz saiu gelada, com um toque de frustração:— Logo ela vai se tornar minha ex-esposa.O médico ficou surpreso por um momento, mas logo retomou a compostura. Ele olhou para Esther e Marcelo com uma calma profissional e disse:— O estado da paciente é estável. Ela tem uma leve concussão e uma fratura no braço, mas com descanso, ela vai melhorar. Não há com o que se preocupar demais.Aliviada, Esther respondeu imediatamente:— Obrigada, doutor.— De nada. — O médico sorriu gentilmente e fez um gesto indicando que poderiam entrar no quarto.Esther e Marcelo seguiram Michele até o quarto, onde ela estava internada. Esther logo notou que os lábios de Michele estavam ressecados, e rapidamente foi até a mesa ao lado para pegar um pouco de água morna. Com a ajuda de um cotonete, ela delicadamente umedeceu os lábios de Michele.Marcelo estava quieto ao lado, apenas obser
Esther levantou o olhar e, de repente, percebeu um cheiro forte de desinfetante no ar. Ela olhou em direção à pessoa à sua frente. Ele estava vestido com um casaco preto, uma blusa de lã por baixo, calças sociais e sapatos de couro, tudo impecavelmente alinhado.O homem tinha um sorriso leve nos lábios e seus olhos castanhos fixavam Esther de maneira penetrante. Seu rosto era pálido, tão branco quanto as mãos que ela havia tocado antes. Usava óculos de aro dourado, seu semblante era limpo e suave, com um sorriso natural, como se tivesse sido moldado para sorrir. Era impossível não sentir simpatia por ele. Contudo, algo no fundo de seu olhar e na sua postura fez Esther sentir uma estranha sensação de frio. Não era o frio do ambiente, mas algo mais profundo, algo que ela não conseguia definir.— Estrella... — O homem murmurou um nome com uma voz baixa.Esther, tentando controlar a sensação de desconforto, se levantou rapidamente. — Você está chamando alguém? — Perguntou, tentando desv
Ao ouvir aquilo, o rosto de Sofia ficou rígido num instante, mas ela logo voltou a falar com firmeza:— De jeito nenhum! Eu jamais faria uma coisa dessas. Agora eu sou a Sofia, uma grande estrela. Como poderia me rebaixar a esse ponto?— Sofia... — Geraldo pronunciou seu nome com suavidade, quase como se estivesse saboreando as sílabas. Então, de repente, ele sorriu e disse. — Esse nome também não é tão limpo assim, sabia? Quem vive nas sombras não deveria almejar a luz, não acha?Ele olhava para Sofia enquanto os dedos longos batiam ritmicamente na mesa, como se pontuassem cada palavra que dizia. Ambos sabiam que estavam mergulhados na escuridão, e era impossível sair completamente limpo dela.Sofia ficou pálida, suas mãos se apertando com força.— Isso ficou no passado! Nós podemos ser limpos agora! — Ela falou com um desespero contido.Ela queria acreditar que estava limpa. Tudo o que tinha feito no passado estava enterrado, ninguém sabia de nada. Mesmo que suas mãos tivessem se suj
Esther estava parada na porta, sentindo o momento que esperava finalmente chegar. Ela havia colocado alguém para seguir Sofia, sabendo que, eventualmente, isso a levaria a descobrir algo importante. Era óbvio que Sofia não ficaria realmente surda, alguém devia estar ajudando-a por trás. A ida de Sofia a esse local era, no mínimo, suspeita. Talvez aqui ela pudesse encontrar respostas.Quando a porta se abriu, ela se deparou com uma figura alta à sua frente.— Você? — Exclamou surpresa.— Que coincidência. — Respondeu Geraldo com um tom tranquilo.O olhar de Esther rapidamente varreu a roupa do homem. Ele claramente estava vestido como um médico. Isso apenas confirmava suas suspeitas. Sem demora, ela olhou para dentro da casa, procurando por qualquer sinal de Sofia. As pessoas que estavam seguindo-a afirmaram que ela havia entrado, mas não saído.— Você é médico? — Esther perguntou casualmente.— Sou, sim. — Respondeu Geraldo calmamente.— Eu acho que uma amiga minha esteve aqui... — Es