— Mar... — Esther tentou chamá-lo, mas antes que pudesse terminar, Marcelo, ao telefone, se virou sem sequer notá-la e seguiu adiante. — Mantenha isso em sigilo. Não deixe ninguém saber sobre a condição da Sofia, vai pegar mal...Marcelo passou ao lado de Esther como se ela fosse invisível.Naquele momento, uma sensação amarga surgiu no peito dela. Enquanto ela se preocupava com Michele, parecia que Marcelo estava mais focado em proteger Sofia, temendo que isso pudesse prejudicar sua carreira. Ela sabia que não deveria pensar tanto a respeito, mas era impossível ignorar o que estava bem diante dos seus olhos. A dedicação dele para com Sofia plantou uma semente de dúvida em seu coração.Vendo Marcelo tão ocupado com Sofia, Esther achou melhor não incomodá-lo com perguntas naquele momento. Ele parecia genuinamente preocupado, e ela não queria ser mais um fardo. Em vez disso, decidiu que seria melhor falar diretamente com o médico.Ao conversar com o doutor sobre o estado de Sofia, E
Ela devia muito a ele, e sabia que não conseguiria pagar essa dívida.— Eu estou bem. — Disse Luiz, entrando no ambiente enquanto limpava o suor do rosto com um sorriso. — Daqui a pouco melhora. Vim direto de casa e nem deu tempo de trocar de roupa.— Senta aí, vou pegar um copo de água pra você! — Esther sorriu para ele, um gesto de acolhimento.— Não precisa, eu pego. — Respondeu Luiz rapidamente, tomando a frente para que ela não se cansasse demais. — E o bebê? Está tudo bem?Ao ouvir isso, Esther voltou a se sentar com um leve suspiro. — O Celso já te contou tudo, né?Luiz, já com o copo de água nas mãos, apenas sorriu em silêncio, sem confirmar nada.— Ele te conta tudo, tenho quase certeza de que é seu espião! Qualquer coisa que acontece comigo, ele já corre pra te avisar. — Esther continuou, num tom meio desconfiado, mas brincalhão.— Não é bem assim. — Luiz colocou o copo na mesa ao lado, relaxando. — A gente se dá bem. Somos colegas há tanto tempo que é natural conversarmos s
Assim que Luiz desligou o telefone, o rosto de Esther refletia pura incredulidade.— Luiz, o que você acabou de dizer? — Esther nunca imaginou que ele faria algo assim.Ela sabia que o filho não era dele, mas mesmo assim, Luiz havia tomado a frente e se oferecido para ser o pai, algo totalmente inesperado.— Desculpa ter decidido isso por conta própria. — Disse Luiz, tranquilo, como se tivesse pensado muito sobre isso. — Mas eu acho que só assim ele vai desistir de vez.— E você? Como fica? — Esther franziu a testa, visivelmente preocupada. — Esse filho não é seu, não é justo você assumir esse papel! Ela sabia onde estava pisando. Luiz ainda era jovem, com uma vida inteira pela frente. Como a família dele reagiria a isso? Como seria para ele no futuro, quando encontrasse alguém e quisesse se casar? Esther não podia deixar que ele carregasse essa responsabilidade sem necessidade, ainda mais à custa de possíveis julgamentos dos outros.— O que é justo ou injusto, Esther? — Luiz respond
— Luiz...A porta se abriu com um estrondo, e Marcelo entrou, a expressão sombria e os olhos cheios de raiva.— Luiz! — Ele avançou e agarrou Luiz pelo colarinho. — Como você ousa falar uma coisa dessas?!Marcelo já fazia tempo que tinha vontade de dar um soco nele. Luiz estava sempre à espreita, como uma sombra persistente ao redor de Esther, e isso o irritava profundamente. Mas naquele dia, depois de ouvir o que ele disse, Marcelo finalmente tinha o motivo perfeito para agir.Sem pensar duas vezes, ele deu um soco direto no rosto de Luiz.— Marcelo! — Esther exclamou, avançando para intervir. — Aqui é um hospital, para com isso!— Eu vou bater nele, sim! — Marcelo respondeu com frieza.— Pode bater. Eu estou te devendo essa. Mas depois que terminar, vai devolver a Esther pra mim, não vai? — Luiz, mesmo com o rosto já machucado, sorriu.O tom despreocupado de Luiz só deixou Marcelo ainda mais furioso. Seus punhos se cerraram com tanta força que era possível ouvir o estalar dos ossos.
Luiz conhecia Esther como a palma da mão. Sabia de tudo sobre ela, cada detalhe.— Ótimo! Agora vocês dois estão na mesma sintonia, e eu sou o estranho aqui! — Marcelo falou, a voz amarga e desiludida. Seus olhos pousavam sobre Esther com um olhar frio. Ele soltou uma risada amarga e continuou. — É só isso que você queria me dizer, não é? Que você e Luiz são mais próximos?Naquele momento, Esther percebeu que a relação deles havia se rompido para sempre. O peito dela ainda doía. Mesmo assim, cada vez que pensava em como Marcelo tratava Sofia com tanto carinho e cuidado, sabia que o casamento deles estava destinado a fracassar. Era uma barreira que nunca conseguiria superar. Marcelo nunca conseguiria se desligar de Sofia, nunca a esqueceria por completo.Para Esther, era como uma pequena farpa que sempre ficaria em seu coração, algo incômodo que nunca poderia ignorar.— Pense o que quiser. — Esther disse, sua voz era firme. — Eu já falei tudo o que tinha para falar.— Não precisa dize
Marcelo não sabia de nada, mas Luiz sabia. Ela nunca havia comentado com ninguém. As palavras de Luiz a atingiram em cheio. Se ele, que prestava atenção nela, podia perceber, mas era claro que Marcelo nunca tinha notado nada. Ele simplesmente nunca havia dado atenção suficiente para perceber os sentimentos dela. Isso só deixava Esther ainda mais triste. O coração de Luiz se apertou. Ele nunca tinha visto Esther tão desolada, e tudo isso só porque Marcelo rasgou a certidão de casamento deles. Não precisou de grandes gestos, só esse ato simples e frio foi o suficiente para deixá-la em pedaços. Ele se aproximou e a abraçou com delicadeza, dando leves tapinhas nas costas dela. — Eu entendo sua dor. E te entendo também. Você não fez nada de errado. Amar alguém não é um erro. — Eu errei, sim. — Esther balançou a cabeça, como se quisesse afastar todos aqueles pensamentos. — Tudo foi um erro desde o começo. Achei que eu fosse especial, mas eu não passo de uma figurante na vida del
Na mente de Esther, ela sempre acreditou que não podia influenciar negativamente a vida de outra pessoa. Apesar de não conseguir aplicar isso em todas as situações, dentro do que era possível, ela se obrigava a manter esse princípio.— E quem disse que você estaria prejudicando ele? — Diana insistiu, com um tom de quem já havia pensado bastante sobre o assunto. — Acorda, estamos em pleno século XXI! Hoje em dia, as pessoas têm liberdade para amar e se casar com quem quiserem. Você precisa parar de se prender a essas ideias. Ter um filho não é o fim do mundo. No final das contas, quem vai estar ao seu lado é alguém que te ame de verdade. E Luiz, pelo visto, não está nem aí pra isso. Então, por que você está?Esther olhou para Diana, sentindo o peso das palavras da amiga. As duas sempre tiveram visões bem diferentes sobre relacionamentos. Diana era livre, descomplicada, alguém que não carregava arrependimentos após uma separação. Mas Esther... Ela era o oposto. Para ela, tudo tinha que
— Então ele já sabia há muito tempo. — Esther finalmente caiu em si.Ela nunca mencionou nada, mas Luiz sempre soube.— Pois é, Esther. Não é todo mundo que consegue manter esse tipo de sentimento ao longo dos anos, então já se dê por satisfeita. — Diana sorriu, olhando para ela.Esther mergulhou em pensamentos. Será que ela realmente não deveria estar satisfeita?As duas conversaram por um bom tempo antes de Diana sair do quarto. Luiz ainda estava lá, parado na porta. Quando viu Diana sair, ele perguntou:— Ela está melhor?— Toda a sua preocupação está voltada para a Esther, né? — Disse Diana com um sorriso. — Ela está bem melhor, pode ficar tranquilo. Na verdade, desde o início do casamento com o Marcelo, ela sabia qual seria o fim dessa história. Mas, como qualquer pessoa, ela tinha esperanças de que, com um pouco de sorte, eles ficariam juntos para sempre. Só que sonhos, uma hora, sempre acabam.Luiz permaneceu em silêncio, mas sua expressão ficou ainda mais carregada de preocupa