Quando Esther viu Nicole se aproximando da cama, sentiu uma pontada de desconforto. Mesmo com o casamento dela e de Marcelo em frangalhos, aquele ainda era o espaço dela, um território que carregava memórias. A simples ideia de outra pessoa tocando em suas coisas fazia seu sangue ferver. Quando Nicole estendeu a mão e tocou a cama, Esther agiu por instinto, segurando firme o pulso dela.— Você sabe qual é a peça que ele quer? — Esther perguntou, com a voz baixa, mas cheia de autoridade, seus olhos fixos nos de Nicole.Nicole hesitou por um instante, surpresa com a firmeza de Esther. — É só um suéter, eu também posso levar. — Respondeu ela, tentando parecer segura, mas com uma leve hesitação na voz.Esther se manteve impassível, os olhos duros como pedra. — Você quer ocupar meu lugar? — Disse ela, com uma calma assustadora. — Então vai ter que provar que merece. Marcelo é muito claro sobre o que gosta e o que não gosta. Por exemplo, com um simples suéter, ele decide se vai usar o bran
Normalmente, Esther era uma pessoa calma, reservada, que evitava conflitos e raramente se irritava. Mesmo quando Nicole ultrapassava os limites, ela preferia manter a indiferença e não se envolver. Essa postura fez com que Nicole se sentisse à vontade para agir com arrogância, acreditando que Esther não tinha importância na família Mendes, que era até menosprezada, o que lhe deu a confiança para tentar se sobressair.Mas quando Esther, de repente, explodiu e deu um tapa em Nicole, a jovem ficou completamente sem reação. Por um momento, seus olhos se arregalaram em choque, e ela recuou, levando a mão ao rosto. Nicole sempre se considerou alguém capaz de manipular situações, de se colocar como vítima para ganhar simpatia, mas esse tapa a pegou desprevenida, como uma bofetada da realidade.Sabendo que Marcelo estava no quarto e poderia sair a qualquer momento, Nicole decidiu que não era o momento de discutir com Esther. Engolindo a raiva e a humilhação, adotou uma postura submissa, com os
— Eu trouxe para você. — Esther tirou uma peça de roupa da bolsa com movimentos precisos, quase meticulosos. — É essa aqui, certo?Marcelo estava claramente irritado, com as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados em uma linha fina. Mas, ao ver que Esther trouxe a roupa pessoalmente, sem delegar a tarefa para outra mulher, seu humor suavizou um pouco. Mesmo assim, ele não conseguiu evitar de perguntar: — Se você trouxe, por que deixou que ela viesse aqui? Esther lançou um olhar cortante para Nicole, como se a jovem fosse uma mosca incômoda. — Pergunte a ela. Eu tentei impedir, mas ela insistiu. Não vou assumir a culpa por isso. — Respondeu Esther, cruzando os braços, a postura firme.Marcelo voltou sua atenção para Nicole, o olhar frio como gelo, tão cortante que fez Nicole se encolher involuntariamente. Ela, que sempre confiou em sua habilidade de manipular situações com uma postura de vítima, percebeu que a maré havia mudado contra ela. Nervosa, começou a balbuciar, tentando
— Como é que eu não vou me preocupar? Você está no hospital! Não faça isso comigo, da última vez você me deu um susto enorme! — Sofia exclamou, as lágrimas escorrendo pelo rosto sem que ela pudesse contê-las. Suas mãos tremiam levemente enquanto ela tentava enxugar o rosto, mas as lágrimas continuavam caindo. — Eu não quero te ver de novo numa cama de hospital. Isso me tira a paz, não consigo dormir, nem comer. Filmar não é mais importante que você. Eu prefiro abandonar as gravações se for preciso, mas não saio do seu lado. As palavras dela ressoaram no coração de Marcelo, trazendo à tona lembranças dolorosas de uma vez em que sofreu um acidente muito grave, que quase o levou à morte. Foi Sofia quem o salvou naquela ocasião, e ele nunca esqueceria o desespero em seus olhos naquele dia. — Não vai acontecer de novo. — Respondeu ele, com um tom firme, mas tentando tranquilizá-la.Sofia, porém, não conseguia conter sua inquietação. Seus olhos, ainda cheios de lágrimas, fixaram-se nele, b
— Iara, não precisa falar tanto. — Sofia cortou a conversa, enquanto lançava um olhar breve, mas significativo, na direção de Iara. Depois, voltou-se para Marcelo, tentando suavizar a expressão e acalmá-lo. — Eu estou bem, não foi nada. Marcelo olhou para o tornozelo dela e, ao perceber que estava vermelho, franziu a testa com preocupação. Mesmo que Sofia tentasse minimizar, ele sabia que ela estava machucada. — Gilberto, leva ela para ver um médico. — Ordenou ele, seu tom firme e decidido.— Sim, Sr. Marcelo. — Gilberto respondeu prontamente, aproximando-se de Sofia com cuidado, respeitando a distância dela, mas pronto para ajudar.— Não precisa, é só um machucado pequeno. Um pouco de spray resolve. No set, a gente se machuca o tempo todo, e já tive ferimentos piores que esse. Gilberto, você pode comprar um pouco de spray para mim? — Sofia sugeriu, tentando manter um tom despreocupado, mas a leve tensão em sua voz traía a dor que sentia, mesmo que ela não quisesse admitir.Gilberto
Esther desligou o carro, mantendo uma expressão tranquila enquanto esperava Sofia se aproximar. Apesar do aparente controle, seu coração batia acelerado. Assim que Sofia parou ao lado do veículo, com a comida que havia trazido para Marcelo em mãos, deu um sorriso frio, um sorriso que não alcançava seus olhos.— Por que não entrou? Ficou incomodada de ver a gente conversando? — Sofia perguntou, sua voz cheia de um sarcasmo velado.Esther virou a cabeça, encontrando o olhar de Sofia com uma frieza calculada. Era como se não houvesse nenhuma emoção ali, apenas uma parede impenetrável.— Tem algum problema? — Esther respondeu, indiferente.— Você ainda não respondeu minha pergunta. — Sofia insistiu, franzindo o cenho, incomodada pela serenidade de Esther.Esther desviou o olhar, encarando o horizonte por um breve momento, antes de responder com a mesma calma de antes:— Sabe, às vezes, algumas pessoas fingem ter algo que não têm. Quanto mais elas se exibem, menos elas realmente possuem. S
Marcelo evitava ver qualquer pessoa. Seu humor estava sombrio, e a paciência havia se esgotado há muito tempo. — Srta. Sofia, o Sr. Marcelo está descansando. Ele pediu para você não se preocupar e voltar para o set. — Gilberto, postado na porta do quarto, disse educadamente, mas com um leve tom de desculpa na voz.Sofia, contudo, não se deixaria afastar tão facilmente. — Não tem problema. — Insistiu ela, com uma leve insistência na voz. — Já pedi licença, e o diretor aprovou. Posso voltar depois que ele tiver alta.Gilberto sentiu o desconforto crescer dentro de si. Ele sabia que Marcelo não queria ver ninguém, muito menos Sofia. Com um esforço visível para não parecer rude, tentou ser mais claro.— O Sr. Marcelo precisa de repouso. — Afirmou ele, esperando que Sofia entendesse a mensagem desta vez.Sofia captou o recado, mas ao invés de se irritar, apenas ampliou o sorriso, como quem não se deixa abalar por uma porta fechada.— Então, por favor, entregue isto para o Marcelo. Vou apr
Nora não queria deixar Esther ir embora. Sua fúria era tão intensa que seus olhos pareciam brilhar de ódio. Ela agarrou Esther com uma força inesperada, quase brutal, como se quisesse matá-la ali mesmo, naquela sala fria da delegacia.— Eu sabia que você só podia ser um mau agouro! — Nora gritou, sua voz carregada de rancor, enquanto seus dedos apertavam o braço de Esther com um fervor insano. — Sem você, estaríamos todos bem. Seu pai sempre nos ajudou, e nossa família seria feliz se você não tivesse se intrometido! Foi você quem o afastou de nós, sua mulher fria e venenosa! Eu vou te matar!Os olhos de Nora estavam vidrados, sua respiração ofegante enquanto as palavras saíam como veneno de sua boca. Ela realmente acreditava que tudo era culpa de Esther. Em um movimento desesperado, Nora agarrou os cabelos de Esther, puxando-os com tanta força que a cabeça de Esther foi puxada para trás, despenteando-a completamente.Esther tentou se esquivar, tentando afastar Nora com um empurrão para