Naquele momento, o telefone de Joaquim tocou de repente, interrompendo o silêncio tenso. Natacha sentiu um frio na espinha e ficou quietaJoaquim atendeu a ligação e, ao ouvir o que estava sendo dito do outro lado, fez um brusco movimento de frenagem. Natacha foi empurrada contra o encosto do assento com força, sentindo o impacto em seu corpo.— O que está acontecendo? — Natacha perguntou, alarmada ao ver a expressão tensa de Joaquim. — Quem está ligando? — Sua voz era uma mistura de preocupação e ansiedade, e seu coração batia acelerado.Joaquim estava visivelmente abalado, o rosto pálido e os olhos arregalados. Com uma expressão grave, disse: — Rafaela sofreu um ataque terrorista no exterior e foi sequestrada. Eu preciso ir para lá imediatamente. Natacha ficou paralisada, sua mente girando com mil pensamentos. Ela se perguntava que tipo de truque Rafaela teria armado dessa vez. Só Joaquim acreditaria nisso. Joaquim ligou o carro novamente, o motor rugindo ao arrancar. — Vou te d
Natacha não sabia se deveria agradecer aquela ligação ou amaldiçoá-la. Ela havia exposto Joaquim e destruído todas as suas esperanças e expectativas. Nesse mundo, nunca existiram contos de fadas. E o amor, definitivamente, não podia ser compartilhado. Ela tocou seu abdômen e, com um nó na garganta, murmurou: — Desculpe, bebê, a mamãe não conseguiu manter seu pai aqui....Joaquim havia partido fazia três dias. No quarto dia, ele finalmente ligou para ela. Natacha olhou para o celular tocando repetidamente, mas não atendeu. Cada toque parecia um golpe em seu coração já machucado. Depois, ele enviou uma mensagem no WhatsApp dizendo que tudo correu bem e que voltaria no dia seguinte. Natacha deu um sorriso cínico e jogou o celular de lado, sentindo uma mistura de alívio e amargura.Gabriel, percebendo sua inquietação, perguntou com preocupação: — Natacha, você não está se sentindo bem? Quer descansar um pouco?— Não, estou bem. — Respondeu Natacha, forçando um sorriso e tentando se c
— É melhor você não ver. O prédio tem dezoito andares, e seu pai agora... Temos medo de que a visão te traumatize. — O policial disse, hesitante.— Sou médica, já vi de tudo. Não tenho medo! — Natacha insistiu com firmeza. Determinada, ela se preparou para levantar o lençol branco. Gabriel imediatamente a segurou pelos ombros, tendo medo de que ela não aguentasse a cena e desmaiasse. Ele sussurrou: — Natacha, não tenha medo. Eu estou aqui com você.Quando o policial levantou o lençol, revelando o rosto desfigurado e ensanguentado de Rodrigo, Natacha soltou um grito abafado e perdeu os sentidos, desmaiando nos braços de Gabriel.— Natacha! — Gabriel chamou desesperado, segurandela firmemente. Ele ficou assustado e imediatamente a segurou nos braços. Ele olhava, com o coração apertado, para a garota pálida e devastada pela dor, sem saber o que fazer a seguir. Afinal, ela tinha pouco mais de vinte anos e havia presenciado a morte horrível do pai. Uma cena tão sangrenta seria insuportáv
— Quem você pensa que é? Os assuntos da nossa família não são da sua conta! — Dolores disse, furiosa. — Desde que você voltou, algo que você disse ao seu pai o deixou preocupado. Eu sempre soube que você era um azar para a nossa família. Nunca deveria ter voltado, devia ficar bem longe!— Natacha é sua neta de sangue! Como uma avó pode dizer algo tão cruel? — Gabriel estava em choque, seus olhos se arregalaram de incredulidade. Dolores, finalmente desabafando anos de ressentimento, gritou: — Neta de sangue? Se não fosse pela bondade de meu filho em adotá-la, ela estaria mendigando em algum lugar agora! Natacha, com os olhos arregalados e o coração disparado, agarrou o braço de Dolores e perguntou, quase sem fôlego: — O que você quer dizer com isso? Dolores a empurrou bruscamente, seu olhar duro e implacável. — Isso significa que você é uma bastarda sem pai nem mãe! Não tem ligação alguma com a nossa família Gonçalves! Se não fosse por você, nossa família não estaria nesta situaçã
Rosana recuou um pouco, com medo e voz trêmula, enquanto explicava:— O pai de Natacha faleceu, quero ir vê-la.Manuel ficou surpreso. Rodrigo morreu? Será que ele se suicidou por culpa? O pensamento provocou a ele uma leve satisfação, mas o homem manteve o rosto inexpressivo, escondendo qualquer traço de emoção.Rosana achava que ir consolar a amiga pela perda do pai era algo natural. Mas, inesperadamente, Manuel ordenou friamente:— Você não vai!Rosana olhou para ele, em choque, e insistiu:— Eu só quero prestar uma homenagem, uma breve despedida. Volto logo.— Você não entendeu o que eu disse? — Os olhos de Manuel estavam frios, sem qualquer traço de emoção.— Manuel, você tem coração de pedra? — Quase chorando, Rosana implorou. — Por favor, só dessa vez, deixa eu ir, tá bom?— Eu já disse que você não vai! — Manuel, com um olhar ameaçador, puxou ela para si, segurando-a firmemente pelo pulso. O toque frio de sua pele contra a dela fez Rosana tremer de medo.Então, ele a virou de r
Gabriel estava cada vez mais irritado com Joaquim. Em vez de ir embora, ele enfrentou Joaquim sem piedade.— Sr. Joaquim, você e Natacha não têm mais nenhuma relação legalmente. Não precisa ficar repetindo que ela é sua esposa para marcar território! E agora, de que adianta você estar aqui? Onde você estava ontem, quando Natacha mais precisava de apoio e estava desesperada?As palavras de Gabriel ecoaram no ar, cada uma mais pesada que a outra. Joaquim sentiu um nó se formar em sua garganta, incapaz de responder de imediato. Ele não esperava que Natacha tivesse contado a Gabriel sobre o divórcio. O que ela estava querendo com isso? Deixar claro para Gabriel que estava solteira, incentivando ele a se aproximar dela?Com esse pensamento, a raiva de Joaquim aumentou. Ele respondeu com os dentes cerrados: — E daí que estamos divorciados? Ainda sou o ex-marido dela. O pai dela confiou em mim antes de morrer. E você, Dr. Gabriel? O que você está fazendo aqui? Um professor interessado na pró
De repente, a visão de Natacha se apagou, e seu corpo desabou. Joaquim, que estava ao lado dela, sentiu seu coração acelerar instantaneamente. O pânico tomou conta dele ao ver o rosto pálido e inconsciente dela.— Natacha! — Ele exclamou, a voz carregada de desespero. Sem pensar duas vezes, ele a pegou delicadamente nos braços, tentando não a sacudir bruscamente. Seu coração batia forte no peito, e cada batida parecia ecoar o medo e a angústia que ele sentia.Ele correu para o carro. Ao chegar ao veículo, ele cuidadosamente a acomodou no banco do passageiro, a respiração pesada enquanto tentava controlar o tumulto interno. Olhou para Gabriel, que estava observando com preocupação, e gritou:— Não nos siga mais!A urgência na sua voz era evidente, e ele não esperou pela resposta de Gabriel. Com uma expressão tensa, Joaquim se lançou ao volante, a mente turva com pensamentos frenéticos sobre a condição de Natacha....No hospital, a sala estava cheia de um silêncio ensurdecedor. Joaquim
Ao anoitecer, Natacha despertou com um sobressalto. A luz fria e estéril do hospital parecia uma paródia cruel do ambiente acolhedor que ela desejava. O branco das paredes e do lençol à sua volta a fez lembrar do luto que a consumia, comparando o cenário hospitalar ao lençol branco que cobria o corpo de seu pai. O medo e a confusão tomaram conta dela instantaneamente.Ela tentou se levantar, as pernas tremendo e a mente fogosa com a sensação de desorientação. O impulso de sair da cama era quase instintivo. Ela precisava fugir daquela sensação de impotência e desespero.Naquele momento, Joaquim entrou no quarto. Ao vê-la, seus olhos se arregalaram de preocupação e ele correu até ela, impedindo-a de se levantar. Com um movimento rápido, apertou o botão para chamar a enfermeira. — O que você pensa que está fazendo? Quer sair assim nesse frio congelante? Está louca? — Ele gritou, a voz trêmula de ansiedade. Seu rosto estava pálido e seu olhar, desesperado.Natacha o encarou com teimosia,