Rosana recuou um pouco, com medo e voz trêmula, enquanto explicava:— O pai de Natacha faleceu, quero ir vê-la.Manuel ficou surpreso. Rodrigo morreu? Será que ele se suicidou por culpa? O pensamento provocou a ele uma leve satisfação, mas o homem manteve o rosto inexpressivo, escondendo qualquer traço de emoção.Rosana achava que ir consolar a amiga pela perda do pai era algo natural. Mas, inesperadamente, Manuel ordenou friamente:— Você não vai!Rosana olhou para ele, em choque, e insistiu:— Eu só quero prestar uma homenagem, uma breve despedida. Volto logo.— Você não entendeu o que eu disse? — Os olhos de Manuel estavam frios, sem qualquer traço de emoção.— Manuel, você tem coração de pedra? — Quase chorando, Rosana implorou. — Por favor, só dessa vez, deixa eu ir, tá bom?— Eu já disse que você não vai! — Manuel, com um olhar ameaçador, puxou ela para si, segurando-a firmemente pelo pulso. O toque frio de sua pele contra a dela fez Rosana tremer de medo.Então, ele a virou de r
Gabriel estava cada vez mais irritado com Joaquim. Em vez de ir embora, ele enfrentou Joaquim sem piedade.— Sr. Joaquim, você e Natacha não têm mais nenhuma relação legalmente. Não precisa ficar repetindo que ela é sua esposa para marcar território! E agora, de que adianta você estar aqui? Onde você estava ontem, quando Natacha mais precisava de apoio e estava desesperada?As palavras de Gabriel ecoaram no ar, cada uma mais pesada que a outra. Joaquim sentiu um nó se formar em sua garganta, incapaz de responder de imediato. Ele não esperava que Natacha tivesse contado a Gabriel sobre o divórcio. O que ela estava querendo com isso? Deixar claro para Gabriel que estava solteira, incentivando ele a se aproximar dela?Com esse pensamento, a raiva de Joaquim aumentou. Ele respondeu com os dentes cerrados: — E daí que estamos divorciados? Ainda sou o ex-marido dela. O pai dela confiou em mim antes de morrer. E você, Dr. Gabriel? O que você está fazendo aqui? Um professor interessado na pró
De repente, a visão de Natacha se apagou, e seu corpo desabou. Joaquim, que estava ao lado dela, sentiu seu coração acelerar instantaneamente. O pânico tomou conta dele ao ver o rosto pálido e inconsciente dela.— Natacha! — Ele exclamou, a voz carregada de desespero. Sem pensar duas vezes, ele a pegou delicadamente nos braços, tentando não a sacudir bruscamente. Seu coração batia forte no peito, e cada batida parecia ecoar o medo e a angústia que ele sentia.Ele correu para o carro. Ao chegar ao veículo, ele cuidadosamente a acomodou no banco do passageiro, a respiração pesada enquanto tentava controlar o tumulto interno. Olhou para Gabriel, que estava observando com preocupação, e gritou:— Não nos siga mais!A urgência na sua voz era evidente, e ele não esperou pela resposta de Gabriel. Com uma expressão tensa, Joaquim se lançou ao volante, a mente turva com pensamentos frenéticos sobre a condição de Natacha....No hospital, a sala estava cheia de um silêncio ensurdecedor. Joaquim
Ao anoitecer, Natacha despertou com um sobressalto. A luz fria e estéril do hospital parecia uma paródia cruel do ambiente acolhedor que ela desejava. O branco das paredes e do lençol à sua volta a fez lembrar do luto que a consumia, comparando o cenário hospitalar ao lençol branco que cobria o corpo de seu pai. O medo e a confusão tomaram conta dela instantaneamente.Ela tentou se levantar, as pernas tremendo e a mente fogosa com a sensação de desorientação. O impulso de sair da cama era quase instintivo. Ela precisava fugir daquela sensação de impotência e desespero.Naquele momento, Joaquim entrou no quarto. Ao vê-la, seus olhos se arregalaram de preocupação e ele correu até ela, impedindo-a de se levantar. Com um movimento rápido, apertou o botão para chamar a enfermeira. — O que você pensa que está fazendo? Quer sair assim nesse frio congelante? Está louca? — Ele gritou, a voz trêmula de ansiedade. Seu rosto estava pálido e seu olhar, desesperado.Natacha o encarou com teimosia,
— Não, Natacha. — Joaquim não queria ouvir mais nada. Ele a puxou para perto, segurando ela firmemente em seus braços, e disse com tristeza. — Eu nunca te abandonei, você nunca me perdeu. Eu sempre estive ao seu lado!Natacha se esforçou para se desvencilhar do abraço de Joaquim, seus olhos estavam vermelhos de lágrimas, e ela disse desapontada:— Você já me deixou, Joaquim. Quando você mencionou o divórcio pela primeira vez, quando você fez amor com Rafaela pela primeira vez, naquela noite em que você me deixou de forma tão decisiva.Joaquim tentou explicar, sem sucesso:— Naquela noite, eu tinha uma razão para agir daquela maneira. Eu não tinha outra escolha. Eu não podia deixar Rafaela morrer sozinha no exterior! Se você não acredita em mim, eu posso encontrar a notícia daquela noite para você ver!— Não precisa. — Natacha balançou a cabeça, seus lábios se curvaram amargamente enquanto ela dizia. — Pelo menos isso me mostrou que, embora você se importe comigo, você também se importa
— Eu já disse que não quero comer canja!Natacha de repente estendeu a mão e derrubou a tigela.Com o som da tigela quebrando, as mãos e o corpo de Joaquim ficaram sujos daquilo.Nos olhos de Joaquim passou um brilho de irritação, mas logo ele respirou fundo, tentando se acalmar.Natacha sabia que tinha exagerado um pouco.Se fosse antes, Joaquim com certeza ficaria furioso com essa atitude de Natacha.Mas Natacha não conseguia mais se obrigar a agradar Joaquim como antes, e não queria pedir desculpas a ele.Nesse momento, Natacha percebeu Joaquim suspirar e, em seguida, ele se levantou novamente.Joaquim foi silenciosamente até a mesa de jantar e serviu outra tigela de canja para Natacha.Assim como antes, ele teimosamente levou a colher até os lábios de Natacha.Natacha hesitou por um momento, pegou a tigela e rapidamente comeu a canja, dizendo:— Pronto, terminei de comer. Agora pode sair, não pode?— Você me odeia tanto assim? — Joaquim colocou a tigela de lado com força e pergunto
Natacha não conseguiu dizer uma palavra.— Eu estava realmente muito furiosa agora há pouco. Meu filho, ele é o que eu mais amo, como eu poderia machucá-lo? Além disso, é impossível eu não ir ao funeral do meu pai.Por isso, Natacha só pôde concordar:— Tudo bem, eu concordo com você, o que você disser, eu farei! Afinal, agora você já colocou alguém para me vigiar. Se eu quisesse machucar essa criança, alguém te informaria sobre isso, não é?Joaquim finalmente concordou.Ele sabia que a morte repentina do pai de Natacha foi um golpe doloroso para ela, e não queria ser tão duro com Natacha. Mas só de pensar que Natacha queria levar a criança embora, ele sentia que precisava agir dessa maneira para mantê-la ao seu lado. Mesmo que Natacha o odiasse e ressentisse, contanto que ela ficasse com ele, isso já era algo....O funeral de Rodrigo seria a última despedida de Natacha a seu pai.Sra. Dolores chorava durante todo o caminho. Natacha, no entanto, estava muito tranquila. Ela não derr
Natacha ficou paralisada, e de repente olhou para Joaquim, questionando:— O que você quis dizer com isso?Joaquim só então percebeu o que havia dito e rapidamente falou:— Eu quis dizer que seu pai te ama. Não importa onde ele esteja, ele quer que você viva bem.Natacha, ainda imersa na tristeza, não pensou muito sobre isso.Joaquim, temendo que Natacha pensasse demais, apagou as luzes do quarto, cobriu ela com o cobertor e disse:— Durma um pouco. Eu vou ficar aqui com você.Recentemente, Joaquim esteve sempre ao lado de Natacha.Joaquim sabia que Natacha não gostava de sua proximidade, então dormia no sofá do quarto.Agora, Joaquim fez o mesmo.Natacha admitia que, com Joaquim ao seu lado, seu coração realmente ficava mais tranquilo, e ela não tinha mais tanto medo da noite.Naquela noite, Natacha teve muitos sonhos maravilhosos. Ela sonhou com sua mãe, seu pai e o vovô Paulo.Todos eles sorriam com carinho e davam conselhos carinhosos a ela.Sua mãe pedia que Natacha continuasse se