Na manhã seguinte, às oito horas.Laura não viu sinal de Natacha e imediatamente ficou furiosa.- Que horas são essas? Já são sete e cinquenta, e onde está Natacha? Por que ela ainda não chegou?Dizendo isso, ela já estava pegando o telefone para ligar para o departamento de ensino e fazer uma reclamação.Nesse momento, Gabriel entrou e disse:- Eu a deixei descansar em casa, Dra. Laura, você tem alguma objeção?Laura ficou em choque e respondeu, envergonhada:- Isso... De segunda a sexta-feira todos precisam trabalhar, Dr. Gabriel. Ser tão indulgente assim vai acabar mimando os alunos.Gabriel, com expressão impassível, respondeu:- Eu imagino que a Dra. Laura também não deixe de chamar os alunos para trabalhar nos fins de semana, certo? Se podem trabalhar nos fins de semana, por que não podem descansar em um dia de trabalho?Laura ficou sem palavras, especialmente com tantas pessoas de plantão olhando para a situação, o que a fez se sentir extremamente envergonhada. Ela pensou, furio
Dolores cambaleou, quase perdendo o equilíbrio.Ela não pôde conter as lágrimas e, com raiva, disse:- Naquela época, você me ameaçou a manter segredo. E agora, até hoje, você continua a me dizer as mesmas coisas. Será que você ainda me considera sua mãe?Rodrigo ficou em silêncio por um longo tempo, finalmente respondendo com dor no coração:- Se na época a senhora não tivesse dificultado a vida de Bruna Peixoto, insistindo em trazer Marta para nossa casa e provocando Bruna constantemente, não teríamos chegado ao ponto do divórcio. A senhora sempre me pergunta por que sou tão bom para Natacha? Porque Bruna a considerava como sua própria vida. Cuidar bem de Natacha é a maior compensação que posso dar a Bruna. Ser de sangue ou não, que diferença faz? Ela é filha minha e de Bruna!Dolores sentiu uma pontada de arrependimento no coração.Se naquela época ela não tivesse se oposto a Rodrigo e Bruna, se não tivesse insistido em trazer Marta e Daniela para casa.Será que agora a família Gonç
Isadora disse:- Eu não sou como você. Por enquanto, não pensei nessas coisas. Primeiro, quero passar no vestibular de pós-graduação e, depois, trabalhar em um bom hospital.- Certo, você tem grandes aspirações!As duas, entre risos e brincadeiras, começaram a acender as velas e fazer seus desejos.Natacha teve um dia de descanso muito cheio e feliz.À noite, ela levou Isadora de volta para casa, e os constantes agradecimentos de Isadora a deixaram zonza.- Pronto, você precisa lembrar que, daqui para frente, você não está sozinha na Cidade M, você me tem! - Disse Natacha. - Então, não poste mais mensagens tão solitárias no Facebook.Observando Isadora entrar no dormitório, Natacha se preparou para ir para casa.No caminho, ela recebeu uma ligação de Joaquim.Natacha hesitou por um momento e rejeitou.Ela não sabia por que Joaquim ainda queria falar com ela, mas já tinha decidido se despedir do passado.Não via mais necessidade de manter contato.Mas o telefone insistia em tocar.Natac
Joaquim também se sentia péssimo, mas ainda assim tentou confortá-la, dizendo:- O médico disse que a localização do tumor do avô já era muito perigosa antes. Se não fosse por sua mãe, o avô não teria sobrevivido naquela época. Mas esse tumor tem uma alta probabilidade de recidiva e, uma vez que reapareça, não haverá possibilidade de sobrevivência.Os dois ficaram junto ao leito do velho senhor, sem se afastar nem um instante.Foi só ao amanhecer que o velho senhor mostrou alguma reação.Joaquim chamou rapidamente o médico.Após examinar o paciente, o médico suspirou de alívio e disse:- Seu avô é realmente muito forte e tem uma vontade de viver intensa. Agora ele já mostra sinais de acordar!- Verdade? - Joaquim finalmente suspirou aliviado. - Ouvi dizer que o departamento de neurocirurgia deste hospital é renomado em todo o país. Por favor, usem todos os métodos e medicamentos possíveis para salvar meu avô.O médico suspirou e balançou a cabeça:- Sinceramente, na situação atual do s
Natacha olhou para o chão, incapaz de enfrentar o olhar de Paulo. A verdade é que ela admirava a forma como Paulo lidava com a morte, aceitando seu destino com uma tranquilidade impressionante. No entanto, ela não conseguia sorrir e se despedir dele. Sua própria dor era esmagadora demais.Apesar disso, sua razão dizia a ela que continuar com o tratamento seria inútil. Paulo apenas sofreria ainda mais. Submeter seu avô a sessões de radioterapia e quimioterapia àquela altura seria pura tortura, uma crueldade que ela não poderia suportar.Ela respirou fundo e, tentando conter as lágrimas, assentiu firmemente. - Vovô, eu entendo. Prometo que farei de tudo para que você seja feliz todos os dias daqui em diante. - Disse Natacha, com a voz tremendo de emoção.- Essa é a minha menina. - Paulo respondeu com um sorriso fraco, mas cheio de carinho. - Sempre soube que você era especial. Ter você na nossa família foi uma bênção para o Joaquim. O coração de Natacha apertou de tristeza. Felizmente
Natacha hesitou por um momento, seu rosto expressando uma mistura de incerteza e determinação. Embora achasse aquilo muito estranho, ao pensar em Paulo, ela assentiu com firmeza e disse: - Sim, eu vou tentar.Joaquim observava ela atentamente, sentindo uma pontada de ironia. A situação entre ele e Natacha era verdadeiramente paradoxal. Eles poderiam ser um casal realmente feliz e apaixonado, mas por algum motivo, estavam se afastando cada vez mais, até chegarem a esse ponto. Mesmo como marido e mulher, parecia que estavam apenas fingindo, desempenhando papéis em um teatro trágico.Natacha olhou para o relógio, e o ponteiro já estava quase nas oito horas.- Eu preciso voltar ao trabalho. - Ela disse em voz baixa, olhando em volta do quarto, parecendo relutante em sair. - Já está quase na hora da troca de plantão.Os corredores do hospital estavam cheios de enfermeiras apressadas, empurrando carrinhos carregados de equipamentos médicos, e o cheiro de desinfetante impregnava o ar. Natach
Natacha deu um sorriso tímido e, com as bochechas levemente coradas, disse: - Dr. Gabriel, você está me elogiando demais, só faço o que posso.Gabriel sorriu e brincou, o rosto relaxado em uma expressão rara de descontração. - Natacha, com essa humildade toda, daqui a pouco vão te promover a santa!Natacha riu com a piada, surpresa por ver esse lado mais leve de Gabriel, que sempre era tão sério e reservado. O riso aliviou um pouco a tensão acumulada no seu peito, trazendo uma sensação de leveza que ela não sentia há tempos.Quando voltaram ao departamento, ouviram uma discussão acalorada vindo da entrada. As vozes ecoavam pelos corredores, cheios de frustração e raiva.Natacha trocou um olhar preocupado com Gabriel, seus olhos expressando uma pergunta silenciosa, e ambos aceleraram o passo para ver o que estava acontecendo. A ansiedade apertava o coração de Natacha, enquanto Gabriel mantinha uma expressão firme e determinada.Chegando perto do posto de enfermagem, viram uma aglomera
Vendo Laura perdida e nervosa, Gabriel falou com impaciência: - Responda! Quem estava de plantão naquela noite? Qual estagiária atendeu o paciente? Como você pôde deixar uma estagiária cuidar de um caso assim?O corpo de Laura ficou tenso, ela respondeu com a voz trêmula: - Eu... Eu estava de plantão, foi a Natacha que atendeu o paciente.Gabriel olhou para ela, chocado. - Você deixou a Natacha cuidar do paciente? E você? você mesma viu o paciente? A mente de Laura trabalhava rapidamente, tentando encontrar uma saída para si mesma. O rosto dela estava pálido, e gotas de suor começavam a aparecer em sua testa. Ela sabia que qualquer erro em suas palavras poderia piorar ainda mais a situação.Os familiares do paciente, já estressados, gritaram: - Então é isso, hein? Você deixou uma estagiária cuidar do nosso pai enquanto você descansava? Gravaram o que ela disse? Vamos usar isso como prova contra ela! - Não, não, vocês entenderam errado! - Laura negou desesperadamente, correndo par