Natacha hesitou por um momento, seu rosto expressando uma mistura de incerteza e determinação. Embora achasse aquilo muito estranho, ao pensar em Paulo, ela assentiu com firmeza e disse: - Sim, eu vou tentar.Joaquim observava ela atentamente, sentindo uma pontada de ironia. A situação entre ele e Natacha era verdadeiramente paradoxal. Eles poderiam ser um casal realmente feliz e apaixonado, mas por algum motivo, estavam se afastando cada vez mais, até chegarem a esse ponto. Mesmo como marido e mulher, parecia que estavam apenas fingindo, desempenhando papéis em um teatro trágico.Natacha olhou para o relógio, e o ponteiro já estava quase nas oito horas.- Eu preciso voltar ao trabalho. - Ela disse em voz baixa, olhando em volta do quarto, parecendo relutante em sair. - Já está quase na hora da troca de plantão.Os corredores do hospital estavam cheios de enfermeiras apressadas, empurrando carrinhos carregados de equipamentos médicos, e o cheiro de desinfetante impregnava o ar. Natach
Natacha deu um sorriso tímido e, com as bochechas levemente coradas, disse: - Dr. Gabriel, você está me elogiando demais, só faço o que posso.Gabriel sorriu e brincou, o rosto relaxado em uma expressão rara de descontração. - Natacha, com essa humildade toda, daqui a pouco vão te promover a santa!Natacha riu com a piada, surpresa por ver esse lado mais leve de Gabriel, que sempre era tão sério e reservado. O riso aliviou um pouco a tensão acumulada no seu peito, trazendo uma sensação de leveza que ela não sentia há tempos.Quando voltaram ao departamento, ouviram uma discussão acalorada vindo da entrada. As vozes ecoavam pelos corredores, cheios de frustração e raiva.Natacha trocou um olhar preocupado com Gabriel, seus olhos expressando uma pergunta silenciosa, e ambos aceleraram o passo para ver o que estava acontecendo. A ansiedade apertava o coração de Natacha, enquanto Gabriel mantinha uma expressão firme e determinada.Chegando perto do posto de enfermagem, viram uma aglomera
Vendo Laura perdida e nervosa, Gabriel falou com impaciência: - Responda! Quem estava de plantão naquela noite? Qual estagiária atendeu o paciente? Como você pôde deixar uma estagiária cuidar de um caso assim?O corpo de Laura ficou tenso, ela respondeu com a voz trêmula: - Eu... Eu estava de plantão, foi a Natacha que atendeu o paciente.Gabriel olhou para ela, chocado. - Você deixou a Natacha cuidar do paciente? E você? você mesma viu o paciente? A mente de Laura trabalhava rapidamente, tentando encontrar uma saída para si mesma. O rosto dela estava pálido, e gotas de suor começavam a aparecer em sua testa. Ela sabia que qualquer erro em suas palavras poderia piorar ainda mais a situação.Os familiares do paciente, já estressados, gritaram: - Então é isso, hein? Você deixou uma estagiária cuidar do nosso pai enquanto você descansava? Gravaram o que ela disse? Vamos usar isso como prova contra ela! - Não, não, vocês entenderam errado! - Laura negou desesperadamente, correndo par
Natacha voltou a si de repente, balançando a cabeça com força para afastar os pensamentos. No entanto, seus olhos já estavam vermelhos de tanto segurar as lágrimas. Se sentia perdida e vulnerável, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.Gabriel pegou um copo de água e entregou a ela, dizendo com um tom suave: - Beba um pouco para se acalmar. Depois me conta tudo direitinho, tá? Natacha segurou o copo, olhando para ele com incerteza. - Você... Você vai acreditar em mim? - Seus olhos refletiam uma mistura de medo e esperança, como se estivessem buscando desesperadamente uma tábua de salvação em meio a um mar tempestuoso.Gabriel respondeu com paciência: - Se você não me contar exatamente o que aconteceu, como vou acreditar e te ajudar?Finalmente, Natacha decidiu não esconder mais e começou a falar baixinho: - Toda vez que faço plantão com a Sra. Laura, fico muito ansiosa. Ela sempre me manda resolver tudo sozinha e não me deixa chamar ela. Mas eu sou uma novata, como v
Laura olhou para Natacha com raiva, quase gritando. - O que você falou para o Dr. Gabriel agora? - Seus olhos faiscavam de indignação, e suas mãos tremiam levemente.Natacha encontrou o olhar dela sem medo e respondeu com determinação inabalável: - Eu só disse a verdade. Sra. Laura, os fatos não podem ser mudados. Naquela noite, você sabe muito bem por que não foi ver aquele paciente. Você ainda é minha professora, mas você não vai assumir a responsabilidade pelos seus próprios erros?- Cala a sua boca! - Laura estava tremendo de raiva, seus dentes rangendo. A ira tomava conta de cada palavra que saía de sua boca. - Foi você que não me avisou. Se eu soubesse que o paciente estava com dor no peito, teria feito um eletrocardiograma e uma dosagem de enzimas cardíacas imediatamente. Natacha, você acha que alguém vai acreditar em você? Você acha que eu cometeria um erro tão básico?Natacha estava igualmente furiosa, sentindo o fogo queimar dentro de si. Ela disse friamente: - Sra. Laura,
Vendo a expressão fechada de Gabriel, Laura soltou uma risada neutra e disse com um sarcasmo venenoso: - Dr. Gabriel, eu não sei qual é a sua relação com a Natacha, mas se você quer defender ela e me fazer carregar essa culpa, tudo bem. Mas se você soubesse das coisas vergonhosas que ela faz pelas costas, eu garanto que se arrependeria de ajudar ela!Gabriel franziu as sobrancelhas com força e disse com firmeza: - Não me importa quem ela é, eu só sei que ela é uma garota corajosa e justa, ao contrário de você, que só fala mentiras e distorce os fatos! Vou reportar isso à administração do hospital. Desta vez você arrumou um grande problema e não posso te proteger.- Vá em frente, mas você não tem provas, certo? - Laura ergueu uma sobrancelha desafiadora e continuou. - No pior dos casos, eu arrasto a Natacha junto. Se você não pode me proteger, também não conseguirá proteger ela! Afinal, eu trabalho aqui há dez anos, sou funcionária fixa. Em quem você acha que a administração vai acred
- Você ainda se atreve a mentir! - Joaquim repreendeu a cuidadora com uma voz séria, sua frustração claramente evidente em cada sílaba pronunciada.Mas Rafaela podia ver claramente que Joaquim tinha outra intenção. Ele estava repreendendo a cuidadora não porque ela não cuidou bem dela, mas porque Rafaela havia caído, e ele foi chamado às pressas, o que o deixou irritado.- Joaquim, não culpe ela. Foi minha culpa por querer me levantar rapidamente e voltar para a sala de dança. Então, decidi praticar um pouco. - Rafaela se apressou a dizer, tentando apaziguar a situação.Joaquim olhou para ela, sua expressão suavizando ligeiramente. - Como você está se sentindo agora? - Perguntou preocupado. - Ainda está com dor na barriga? Se quiser, posso te levar ao hospital.Rafaela sorriu e balançou a cabeça, tentando esconder o desconforto. - Só de ver você, eu já me sinto melhor. Acho que o bebê só estava com saudade do pai, por isso me deu alguns chutes. - Respondeu, tentando aliviar a tensão
- Divorciados ou não, qual é a diferença? - Rafaela murmurou, testando as águas. - Você não é o seu avô. Como sabe que ele não ficaria feliz ao saber que tem um bisneto? - Sua voz era suave, mas cheia de insinuações, tentando encontrar uma brecha no coração de Joaquim.Joaquim não estava disposto a negociar, ele disse com uma voz fria e firme: - Eu conheço meu avô muito bem. Portanto, não apareça na frente dele. Se você irritar ele, nenhum de nós será capaz de aguentar as consequências.Rafaela teve que ceder, respondendo com um tom de mágoa, tentando disfarçar a frustração crescente: - Entendi, eu não vou. Depois de dar algumas instruções rápidas, Joaquim disse: - Já que você parece estar bem, eu vou embora. Se lembre do que eu disse, cuide de si mesma e não vá ver meu avô. - Você não vai ficar para o jantar? - Rafaela segurou seu braço, relutante em deixar ele ir. - Amanhã você vai estar ocupado cuidando do seu avô e não terá tempo para mim. Nem mesmo podemos jantar juntos? Joa