Natacha voltou a si de repente, balançando a cabeça com força para afastar os pensamentos. No entanto, seus olhos já estavam vermelhos de tanto segurar as lágrimas. Se sentia perdida e vulnerável, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.Gabriel pegou um copo de água e entregou a ela, dizendo com um tom suave: - Beba um pouco para se acalmar. Depois me conta tudo direitinho, tá? Natacha segurou o copo, olhando para ele com incerteza. - Você... Você vai acreditar em mim? - Seus olhos refletiam uma mistura de medo e esperança, como se estivessem buscando desesperadamente uma tábua de salvação em meio a um mar tempestuoso.Gabriel respondeu com paciência: - Se você não me contar exatamente o que aconteceu, como vou acreditar e te ajudar?Finalmente, Natacha decidiu não esconder mais e começou a falar baixinho: - Toda vez que faço plantão com a Sra. Laura, fico muito ansiosa. Ela sempre me manda resolver tudo sozinha e não me deixa chamar ela. Mas eu sou uma novata, como v
Laura olhou para Natacha com raiva, quase gritando. - O que você falou para o Dr. Gabriel agora? - Seus olhos faiscavam de indignação, e suas mãos tremiam levemente.Natacha encontrou o olhar dela sem medo e respondeu com determinação inabalável: - Eu só disse a verdade. Sra. Laura, os fatos não podem ser mudados. Naquela noite, você sabe muito bem por que não foi ver aquele paciente. Você ainda é minha professora, mas você não vai assumir a responsabilidade pelos seus próprios erros?- Cala a sua boca! - Laura estava tremendo de raiva, seus dentes rangendo. A ira tomava conta de cada palavra que saía de sua boca. - Foi você que não me avisou. Se eu soubesse que o paciente estava com dor no peito, teria feito um eletrocardiograma e uma dosagem de enzimas cardíacas imediatamente. Natacha, você acha que alguém vai acreditar em você? Você acha que eu cometeria um erro tão básico?Natacha estava igualmente furiosa, sentindo o fogo queimar dentro de si. Ela disse friamente: - Sra. Laura,
Vendo a expressão fechada de Gabriel, Laura soltou uma risada neutra e disse com um sarcasmo venenoso: - Dr. Gabriel, eu não sei qual é a sua relação com a Natacha, mas se você quer defender ela e me fazer carregar essa culpa, tudo bem. Mas se você soubesse das coisas vergonhosas que ela faz pelas costas, eu garanto que se arrependeria de ajudar ela!Gabriel franziu as sobrancelhas com força e disse com firmeza: - Não me importa quem ela é, eu só sei que ela é uma garota corajosa e justa, ao contrário de você, que só fala mentiras e distorce os fatos! Vou reportar isso à administração do hospital. Desta vez você arrumou um grande problema e não posso te proteger.- Vá em frente, mas você não tem provas, certo? - Laura ergueu uma sobrancelha desafiadora e continuou. - No pior dos casos, eu arrasto a Natacha junto. Se você não pode me proteger, também não conseguirá proteger ela! Afinal, eu trabalho aqui há dez anos, sou funcionária fixa. Em quem você acha que a administração vai acred
- Você ainda se atreve a mentir! - Joaquim repreendeu a cuidadora com uma voz séria, sua frustração claramente evidente em cada sílaba pronunciada.Mas Rafaela podia ver claramente que Joaquim tinha outra intenção. Ele estava repreendendo a cuidadora não porque ela não cuidou bem dela, mas porque Rafaela havia caído, e ele foi chamado às pressas, o que o deixou irritado.- Joaquim, não culpe ela. Foi minha culpa por querer me levantar rapidamente e voltar para a sala de dança. Então, decidi praticar um pouco. - Rafaela se apressou a dizer, tentando apaziguar a situação.Joaquim olhou para ela, sua expressão suavizando ligeiramente. - Como você está se sentindo agora? - Perguntou preocupado. - Ainda está com dor na barriga? Se quiser, posso te levar ao hospital.Rafaela sorriu e balançou a cabeça, tentando esconder o desconforto. - Só de ver você, eu já me sinto melhor. Acho que o bebê só estava com saudade do pai, por isso me deu alguns chutes. - Respondeu, tentando aliviar a tensão
- Divorciados ou não, qual é a diferença? - Rafaela murmurou, testando as águas. - Você não é o seu avô. Como sabe que ele não ficaria feliz ao saber que tem um bisneto? - Sua voz era suave, mas cheia de insinuações, tentando encontrar uma brecha no coração de Joaquim.Joaquim não estava disposto a negociar, ele disse com uma voz fria e firme: - Eu conheço meu avô muito bem. Portanto, não apareça na frente dele. Se você irritar ele, nenhum de nós será capaz de aguentar as consequências.Rafaela teve que ceder, respondendo com um tom de mágoa, tentando disfarçar a frustração crescente: - Entendi, eu não vou. Depois de dar algumas instruções rápidas, Joaquim disse: - Já que você parece estar bem, eu vou embora. Se lembre do que eu disse, cuide de si mesma e não vá ver meu avô. - Você não vai ficar para o jantar? - Rafaela segurou seu braço, relutante em deixar ele ir. - Amanhã você vai estar ocupado cuidando do seu avô e não terá tempo para mim. Nem mesmo podemos jantar juntos? Joa
Natacha franziu levemente as sobrancelhas e perguntou: - O que foi?Joaquim sussurrou, sua voz mal se elevando acima de um murmúrio: - Você esqueceu o que me prometeu? Mesmo que seja uma atuação, precisamos parecer um casal feliz diante do meu avô. Acabamos de dizer que ficaríamos aqui para cuidar dele. Se você for dormir na sala de plantão e me deixar sozinho, o que ele vai pensar? Natacha olhou para a cama com hesitação e murmurou: - Mas essa cama não é suficiente para dois.Joaquim deu um sorriso quase imperceptível antes de adotar um tom sério: - A gente se aperta.Natacha mordeu os lábios, indecisa. Eles já estavam divorciados, como poderiam dividir a mesma cama? Ela mal conseguia conversar com ele sem se sentir desconfortável.Joaquim se inclinou para mais perto, sua voz suave: - Nat, eu não vou te tocar. Só vamos dormir, nada mais. Não se preocupe, tá?Natacha ergueu os olhos, olhando para ele com medo. Ele parecia um lobo perverso, pronto para capturar sua presa. No entan
- Ah, ficar deitado na cama por dois dias inteiros está deixando minhas pernas dormentes. - Paulo disse com um sorriso que escondia a fadiga. - Enquanto eu ainda posso me mover e andar, não quero desperdiçar essa oportunidade!Joaquim e Natacha sentiram um aperto no coração, compartilhando um olhar preocupado. A saúde frágil de Paulo era uma constante preocupação, e ambos estavam ansiosos para prolongar a vida dele o máximo possível.Então, Paulo sorriu de maneira significativa e perguntou: - Não interrompi o descanso de vocês, não é? Se quiserem, podem dormir um pouco mais. Ainda é cedo, não são nem sete horas!Natacha corou de vergonha, se lembrando da sensação de acordar nos braços de Joaquim, seu rosto queimando de constrangimento. Mas Joaquim, mantendo a expressão calma, disse: - Vovô, descansamos bem ontem à noite e já dormimos o suficiente. - Ver vocês assim me deixam muito feliz e tranquilo. - Paulo assentiu, satisfeito.Joaquim prontamente acrescentou: - Então, de agora em
Isadora hesitou e perguntou: - Você está no departamento de cirurgia cardiotorácica? Posso ir até lá te encontrar. Ouvi nossa diretora falando sobre isso hoje de manhã e fiquei super preocupada. - Não estou lá. - Natacha respondeu, abatida, a voz carregada de exaustão. - O diretor me mandou para casa para descansar por dois dias, para evitar problemas.Isadora fez uma pausa antes de continuar, cheia de compaixão: - Tudo bem, então. Vamos nos encontrar no almoço para conversar melhor. Preciso ir acompanhar a professora na ronda agora. Depois de desligar o telefone, Natacha se sentiu ainda mais deprimida. O departamento de obstetrícia e o de cardiologia não ficam no mesmo prédio e estavam bastante distantes um do outro, mas mesmo assim, Isadora já sabia do ocorrido. Isso significava que praticamente todo o hospital estava ciente da situação. E, pior ainda, os diretores dos departamentos estavam usando Natacha como um exemplo negativo.Ao meio-dia, após alimentar Paulo, Natacha foi ao