Natacha disse com um tom de incerteza: - Acho que... Sim? Dr. Gabriel também acredita no que eu disse. Isadora lançou um olhar cético, os olhos brilhando com raiva. - Você não falou que o hospital te mandou para casa para “descansar”? - Ela fez aspas no ar com os dedos. - Se ele realmente acreditasse em você, jamais te mandaria para casa. - A amargura na voz de Isadora era evidente. - Esses médicos são todos farinha do mesmo saco. Quando acontece algum problema, é óbvio que eles vão proteger uns aos outros. Quem vai se importar com o que acontece com a gente? As palavras de Isadora começaram a mexer com Natacha, gerando uma inquietação crescente em seu peito. Ela sentiu um nó se formar em seu estômago, mas ainda tentou se manter firme, balançando a cabeça e dizendo: - Dr. Gabriel não é assim. Eu... Confio que ele não faria isso.Seus olhos, porém, revelavam a dúvida que começava a acabar com sua confiança.- Besteira! - Isadora retrucou, com os olhos brilhando de indignação. - Dei
A colega de Isadora fez uma careta e disse: - Acabei de passar pelo escritório e ouvi os diretores dizendo que vão expulsar ela. Essa história tá feia, e a Natacha já foi suspensa e mandada para casa, né?Isadora corrigiu ela com raiva: - Não foi “mandada para casa”! A Natacha foi injustamente acusada! O Dr. Gabriel só pediu para ela descansar uns dias e evitar mais confusão.A colega riu com desprezo e zombou, estalando a língua: - Ah, não seja ingênua. Se o Dr. Gabriel não tivesse dito isso, você acha que a Natacha teria ido para casa tão obedientemente? Eu até achava que ela era competente, mas quem diria que ela ia se entrar numa dessas!O coração de Isadora disparou. Parecia que Natacha não conseguiria escapar de ser o bode expiatório por causa daquela professora sem escrúpulos. “Isso é um desastre!”, pensou, sentindo um peso no peito. Enquanto isso, no escritório de Gabriel.Todos estavam com rostos sérios. A luz fluorescente fria iluminava a sala de forma dura, realçando as
Gabriel era um homem que conhecia bem o mundo, mas se recusava a se corromper por ele. Suas palavras despiravam brutalmente a hipocrisia daqueles diretores, expondo as camadas de falsidade que tentavam esconder.- O quê? - O diretor, furioso, com o rosto tingido de raiva, exclamou. - Não vou discutir isso com você. Essa estagiária cometeu um erro grave. Nem um milagre pode salvar ela. E você, ao invés de proteger sua equipe, está defendendo a estagiária que causou todo esse problema. Isso é inadmissível! Vou discutir com o reitor as medidas necessárias. Você só precisa avisar ela para voltar à faculdade e receber a punição.Com isso, o diretor e o reitor saíram do escritório de Gabriel, suas expressões refletindo indignação e frustração. O silêncio após a saída deles era ensurdecedor, como se o ar estivesse pesado com a tensão acumulada. Gabriel, tomado pela raiva, deu um soco na mesa, sentindo uma onda de desespero e frustração crescente em seu peito. Ele olhou para o celular, a preo
- Desculpe, os pais dela não estão em casa. - A empregada informou, olhando para Gabriel com um olhar preocupado e oferecendo um sorriso hesitante. Ela sugeriu. - Talvez você queira entrar e esperar? Mas eu não sei quando eles voltarão.Gabriel balançou a cabeça, impaciente. Ele sabia que não tinha tempo para esperar. Cada minuto que passava sem encontrar Natacha aumentava sua preocupação. Ele agradeceu à empregada com um aceno rápido e se afastou rapidamente, a mente borbulhando de ansiedade e frustração....À noite, após terminar seu turno, Isadora correu para encontrar Natacha, ansiosa para contar as notícias que havia descoberto. - Natacha, eu descobri algumas coisas. - Disse Isadora, a voz cheia de preocupação e os olhos brilhando com urgência. Ela se aproximou rapidamente, se sentando ao lado de Natacha no sofá. - O diretor esteve no escritório do Dr. Gabriel hoje. Muitas pessoas ouviram o diretor dizendo que você receberá uma punição séria. Ninguém ouviu o Dr. Gabriel defenden
Isadora mencionou o assunto com tanta raiva que quase podia ouvir o som de seus dentes rangendo. Natacha deixou Isadora voltar ao plantão, para não se atrasar. Mas ela não tinha disposição para subir, com medo de que seu avô percebesse que algo estava errado com ela e ficasse preocupado. Assim, Natacha ficou sozinha no pequeno jardim atrás do hospital. As flores ao redor pareciam murchas sob o peso da noite que se aproximava, e a escuridão crescente trouxe um frio que se infiltrou em seus ossos, fazendo ela tremer. Ela se encolheu no banco, abraçando os joelhos contra o peito, tentando encontrar algum conforto na solidão.Foi então que uma dupla de sapatos de couro apareceu diante de seus olhos. Natacha levantou a cabeça de repente, e para sua surpresa, viu que era Gabriel. Seus olhos encontraram os dele, cheios de tristeza e desespero, carregando tudo o que ela não conseguia expressar em palavras. Gabriel já havia desistido dela. O que mais ela poderia dizer?- Você realmente se esc
- Eu... - Natacha imediatamente percebeu que só podia ser Joaquim quem tinha feito isso. A raiva a consumia, quase a sufocando, fazendo suas mãos tremerem e o rosto corar de indignação.Gabriel disse com uma voz fria: - Então, você ainda está me culpando por não ter te avisado? Hoje, ao se esconder e não aparecer, o diretor e os outros só vão achar que você está se escondendo por culpa, o que só confirma que você tem algo a esconder! Natacha percebeu que tinha o entendido mal e rapidamente se desculpou: - Dr. Gabriel, me desculpe, eu... Eu não sabia que você fez tanto por mim. Foi culpa minha, arruinei sua confiança. Ela quase contia as lágrimas enquanto ela tentava desesperadamente fazer com que ele entendesse seu arrependimento.Gabriel sentiu seu coração amolecer, e a raiva começou a se dissipar. Ele franziu a testa enquanto a olhava e perguntou: - Você disse há pouco que não quer mais ser médica? Isso é verdade? Natacha ficou em silêncio, as palavras presas na garganta. Pensa
Joaquim deu uma risada sarcástica e concordou, os olhos brilhando com uma fúria fria. - Então vá em frente e grite. Quero ver se você tem coragem de causar um ataque no avô! -Natacha estava encurralada, sem ter para onde fugir. Lágrimas de frustração escorriam por seu rosto enquanto ela gritava com raiva e mágoa: - Você sabe o que fez? Por sua causa, estou prestes a ser expulsa de campus! Fui demitida do hospital e da faculdade! Como você ainda pode ser tão cruel comigo? Joaquim ficou surpreso, sua expressão endurecendo enquanto perguntava: - Explique isso direito. Ontem, você estava trabalhando, o que aconteceu? Natacha se desvencilhou dele com força, seus olhos vermelhos de raiva e dor. - Eu não preciso explicar nada para você. Você não pode me ajudar. Mas Joaquim, você é realmente insuportável e superficial. Para você, tudo se resume a acusações infundadas. O Dr. Gabriel é mil vezes melhor que você. Pelo menos, ele não é egoísta e tirânico como você! Dizendo isso, ela se vir
Caso contrário, o coração de Natacha seria completamente ocupado por aquele homem, e Joaquim não teria mais lugar ali?Depois de terminar o cigarro, Joaquim voltou desanimado ao quarto de hospital de Paulo. Para sua surpresa, Natacha já havia voltado. Ela ainda sorria com gentileza, como se nada tivesse acontecido, conversando com Paulo. Suas palavras eram um bálsamo para o idoso, arrancando gargalhadas dele. Joaquim observou em silêncio, se sentindo ainda mais culpado. Natacha estava muito ferida, mas conseguia disfarçar tão bem que Paulo não notava nada. No entanto, Joaquim sabia que, por dentro, seu coração estava despedaçado.Joaquim ficou parado na porta, observando silenciosamente aquela mulher sorridente, sem coragem de entrar e destruir aquele momento de paz. Sentiu um nó na garganta, incapaz de afastar a culpa que o corroía por dentro.Foi Paulo quem percebeu a presença de Joaquim na porta. O velho, com um olhar perspicaz, bocejou e disse: - Natacha, estou ficando com sono.