- Você ainda se atreve a mentir! - Joaquim repreendeu a cuidadora com uma voz séria, sua frustração claramente evidente em cada sílaba pronunciada.Mas Rafaela podia ver claramente que Joaquim tinha outra intenção. Ele estava repreendendo a cuidadora não porque ela não cuidou bem dela, mas porque Rafaela havia caído, e ele foi chamado às pressas, o que o deixou irritado.- Joaquim, não culpe ela. Foi minha culpa por querer me levantar rapidamente e voltar para a sala de dança. Então, decidi praticar um pouco. - Rafaela se apressou a dizer, tentando apaziguar a situação.Joaquim olhou para ela, sua expressão suavizando ligeiramente. - Como você está se sentindo agora? - Perguntou preocupado. - Ainda está com dor na barriga? Se quiser, posso te levar ao hospital.Rafaela sorriu e balançou a cabeça, tentando esconder o desconforto. - Só de ver você, eu já me sinto melhor. Acho que o bebê só estava com saudade do pai, por isso me deu alguns chutes. - Respondeu, tentando aliviar a tensão
- Divorciados ou não, qual é a diferença? - Rafaela murmurou, testando as águas. - Você não é o seu avô. Como sabe que ele não ficaria feliz ao saber que tem um bisneto? - Sua voz era suave, mas cheia de insinuações, tentando encontrar uma brecha no coração de Joaquim.Joaquim não estava disposto a negociar, ele disse com uma voz fria e firme: - Eu conheço meu avô muito bem. Portanto, não apareça na frente dele. Se você irritar ele, nenhum de nós será capaz de aguentar as consequências.Rafaela teve que ceder, respondendo com um tom de mágoa, tentando disfarçar a frustração crescente: - Entendi, eu não vou. Depois de dar algumas instruções rápidas, Joaquim disse: - Já que você parece estar bem, eu vou embora. Se lembre do que eu disse, cuide de si mesma e não vá ver meu avô. - Você não vai ficar para o jantar? - Rafaela segurou seu braço, relutante em deixar ele ir. - Amanhã você vai estar ocupado cuidando do seu avô e não terá tempo para mim. Nem mesmo podemos jantar juntos? Joa
Natacha franziu levemente as sobrancelhas e perguntou: - O que foi?Joaquim sussurrou, sua voz mal se elevando acima de um murmúrio: - Você esqueceu o que me prometeu? Mesmo que seja uma atuação, precisamos parecer um casal feliz diante do meu avô. Acabamos de dizer que ficaríamos aqui para cuidar dele. Se você for dormir na sala de plantão e me deixar sozinho, o que ele vai pensar? Natacha olhou para a cama com hesitação e murmurou: - Mas essa cama não é suficiente para dois.Joaquim deu um sorriso quase imperceptível antes de adotar um tom sério: - A gente se aperta.Natacha mordeu os lábios, indecisa. Eles já estavam divorciados, como poderiam dividir a mesma cama? Ela mal conseguia conversar com ele sem se sentir desconfortável.Joaquim se inclinou para mais perto, sua voz suave: - Nat, eu não vou te tocar. Só vamos dormir, nada mais. Não se preocupe, tá?Natacha ergueu os olhos, olhando para ele com medo. Ele parecia um lobo perverso, pronto para capturar sua presa. No entan
- Ah, ficar deitado na cama por dois dias inteiros está deixando minhas pernas dormentes. - Paulo disse com um sorriso que escondia a fadiga. - Enquanto eu ainda posso me mover e andar, não quero desperdiçar essa oportunidade!Joaquim e Natacha sentiram um aperto no coração, compartilhando um olhar preocupado. A saúde frágil de Paulo era uma constante preocupação, e ambos estavam ansiosos para prolongar a vida dele o máximo possível.Então, Paulo sorriu de maneira significativa e perguntou: - Não interrompi o descanso de vocês, não é? Se quiserem, podem dormir um pouco mais. Ainda é cedo, não são nem sete horas!Natacha corou de vergonha, se lembrando da sensação de acordar nos braços de Joaquim, seu rosto queimando de constrangimento. Mas Joaquim, mantendo a expressão calma, disse: - Vovô, descansamos bem ontem à noite e já dormimos o suficiente. - Ver vocês assim me deixam muito feliz e tranquilo. - Paulo assentiu, satisfeito.Joaquim prontamente acrescentou: - Então, de agora em
Isadora hesitou e perguntou: - Você está no departamento de cirurgia cardiotorácica? Posso ir até lá te encontrar. Ouvi nossa diretora falando sobre isso hoje de manhã e fiquei super preocupada. - Não estou lá. - Natacha respondeu, abatida, a voz carregada de exaustão. - O diretor me mandou para casa para descansar por dois dias, para evitar problemas.Isadora fez uma pausa antes de continuar, cheia de compaixão: - Tudo bem, então. Vamos nos encontrar no almoço para conversar melhor. Preciso ir acompanhar a professora na ronda agora. Depois de desligar o telefone, Natacha se sentiu ainda mais deprimida. O departamento de obstetrícia e o de cardiologia não ficam no mesmo prédio e estavam bastante distantes um do outro, mas mesmo assim, Isadora já sabia do ocorrido. Isso significava que praticamente todo o hospital estava ciente da situação. E, pior ainda, os diretores dos departamentos estavam usando Natacha como um exemplo negativo.Ao meio-dia, após alimentar Paulo, Natacha foi ao
Natacha disse com um tom de incerteza: - Acho que... Sim? Dr. Gabriel também acredita no que eu disse. Isadora lançou um olhar cético, os olhos brilhando com raiva. - Você não falou que o hospital te mandou para casa para “descansar”? - Ela fez aspas no ar com os dedos. - Se ele realmente acreditasse em você, jamais te mandaria para casa. - A amargura na voz de Isadora era evidente. - Esses médicos são todos farinha do mesmo saco. Quando acontece algum problema, é óbvio que eles vão proteger uns aos outros. Quem vai se importar com o que acontece com a gente? As palavras de Isadora começaram a mexer com Natacha, gerando uma inquietação crescente em seu peito. Ela sentiu um nó se formar em seu estômago, mas ainda tentou se manter firme, balançando a cabeça e dizendo: - Dr. Gabriel não é assim. Eu... Confio que ele não faria isso.Seus olhos, porém, revelavam a dúvida que começava a acabar com sua confiança.- Besteira! - Isadora retrucou, com os olhos brilhando de indignação. - Dei
A colega de Isadora fez uma careta e disse: - Acabei de passar pelo escritório e ouvi os diretores dizendo que vão expulsar ela. Essa história tá feia, e a Natacha já foi suspensa e mandada para casa, né?Isadora corrigiu ela com raiva: - Não foi “mandada para casa”! A Natacha foi injustamente acusada! O Dr. Gabriel só pediu para ela descansar uns dias e evitar mais confusão.A colega riu com desprezo e zombou, estalando a língua: - Ah, não seja ingênua. Se o Dr. Gabriel não tivesse dito isso, você acha que a Natacha teria ido para casa tão obedientemente? Eu até achava que ela era competente, mas quem diria que ela ia se entrar numa dessas!O coração de Isadora disparou. Parecia que Natacha não conseguiria escapar de ser o bode expiatório por causa daquela professora sem escrúpulos. “Isso é um desastre!”, pensou, sentindo um peso no peito. Enquanto isso, no escritório de Gabriel.Todos estavam com rostos sérios. A luz fluorescente fria iluminava a sala de forma dura, realçando as
Gabriel era um homem que conhecia bem o mundo, mas se recusava a se corromper por ele. Suas palavras despiravam brutalmente a hipocrisia daqueles diretores, expondo as camadas de falsidade que tentavam esconder.- O quê? - O diretor, furioso, com o rosto tingido de raiva, exclamou. - Não vou discutir isso com você. Essa estagiária cometeu um erro grave. Nem um milagre pode salvar ela. E você, ao invés de proteger sua equipe, está defendendo a estagiária que causou todo esse problema. Isso é inadmissível! Vou discutir com o reitor as medidas necessárias. Você só precisa avisar ela para voltar à faculdade e receber a punição.Com isso, o diretor e o reitor saíram do escritório de Gabriel, suas expressões refletindo indignação e frustração. O silêncio após a saída deles era ensurdecedor, como se o ar estivesse pesado com a tensão acumulada. Gabriel, tomado pela raiva, deu um soco na mesa, sentindo uma onda de desespero e frustração crescente em seu peito. Ele olhou para o celular, a preo